Teses e Dissertações
Palavra-chave: Condução de veículo
Estresse e acidentes de trânsito: revisão sistemática e adaptação transcultural do questionário driver stress inventory para o Brasil
Erica Mairene Bocate Teixeira, Alberto Durán González
Data da defesa: 23/09/2022
O impacto do trânsito na vida de quem mora nas grandes cidades é uma fonte
de elevados níveis de estresse físico e emocional, além de promover o
desperdício de tempo e dinheiro. Logo, o comportamento dos condutores vem
sendo foco de estudos de pesquisadores nas últimas décadas mundialmente.
No estudo 1, buscou-se identificar os comportamentos ou características de
personalidade da vida adulta considerados de risco para a ocorrência de
acidentes de trânsito, por meio de uma Revisão Sistemática (RS). As bases de
dados utilizadas foram PubMed, PsycINFO, LILACS e SciELO, sem restrição de
período de publicação, até setembro de 2021. O fluxograma de identificação e
seleção dos artigos selecionados foi elucidada de acordo com a diretriz PRISMA
Guideline. Cinquenta estudos foram elegíveis para essa revisão. O maior número
de publicações está no continente europeu, sendo os instrumentos mais
utilizados o Driver Behaviour Questionnaire (N=15) e o NEO–Five Factor
Inventory (N=06). Estudos que abordaram o comportamento de risco dos
indivíduos no trânsito (N=42), evidenciaram que o consumo de substâncias
lícitas e ilícitas (N=18) e o mau comportamento, como violações, excesso de
velocidade, entre outros estão associados ao envolvimento em acidentes
(N=29). Estudos sobre as características de personalidade (N=16), identificaram
que os transtornos depressivos e de ansiedade (N=03), os traços de
personalidade neuroticista e conscenciosidade (N=05) e a personalidade Tipo-A
(N=03) são significativas quando relacionadas a desfechos negativos no trânsito.
No estudo 2, realizou-se a tradução e adaptação transcultural do questionário
Driver Stresss Inventory (DSI), composto por 41 itens, que aborda variáveis
relacionadas a experiência na direção e a emoções habituais ao ato de dirigir,
sendo dividido nos constructos agressão, aversão a dirigir, monitoramento de
risco, busca por sensações e fadiga. A adaptação transcultural do questionário
baseou-se nas etapas metodológicas propostas por Beaton et al. (2000).
Inicialmente, foram feitas as traduções do instrumento original do inglês para
português (T1 e T2) e, na sequência, obteve-se a síntese dessas traduções (T12). Posteriormente, T-12 passou por retrotradução desenvolvida por dois
tradutores nativos de língua inglesa (BT1 e BT2). A seguir, o Comitê de
especialistas avaliou os documentos, para a equivalência semântica, idiomática,
experimental e conceitual dos itens e constructos do instrumento, apresentando
um Índice de Concordância de 96%, indicando a fidedignidade e confiabilidade
do questionário. Deste modo, a versão final em português foi submetida ao préteste (N=40), onde os participantes também foram entrevistados acerca do
entendimento do instrumento. Após essas etapas, o autor da escala original e o
Comitê de especialistas analisaram o rigor metodológico do processo tradução
e adaptação e lograram a versão final do questionário DSI para ser utilizado no
Brasil, visto que apresentou validade transcultural, semântica e de conteúdo. A
adaptação transcultural em consonância a RS, aprofunda o embasamento
científico acerca dos estudos psicológicos sobre a temática trânsito e solidificam
um instrumento de pesquisa para o cenário nacional.