Teses e Dissertações
Palavra-chave: Comportamentos de Risco à Saúde
Manutenção e alteração dos estágios de mudança de comportamento para a prática de atividade física no tempo livre em população de 40 anos ou mais (2011-2015)
Valéria Cristina Zamataro Tessaro, Ana Maria Rigo Silva, Mathias Roberto Loch
Data da defesa: 03/09/2019
OBJETIVO: Analisar a manutenção e a alteração dos estágios de mudança de
comportamento para atividade física no tempo livre (AFTL) e fatores associados em
indivíduos de 40 anos e mais de idade, residentes em Cambé – PR, no período
entre 2011 e 2015. MÉTODOS: Para a estruturação desta tese, elaboraram-se dois
artigos científicos com métodos, resultados e conclusões próprias, com dados
obtidos do projeto de pesquisa de base populacional VIGICARDIO, para o qual se
entrevistou uma amostra representativa de indivíduos de 40 anos e mais do
município de Cambé, Paraná, em dois momentos: linha de base (2011) e
seguimento (2015). Ambos os artigos são estudos epidemiológicos observacionais, o
primeiro do tipo longitudinal e o segundo do tipo tranversal e coorte prospectiva que
utilizaram dados dos dois períodos do VIGICARDIO. O primeiro verificou a
manutenção e a alteração dos estágios de mudança de comportamento para a AFTL
e a associação com características sociodemográficas e o segundo manuscrito
analisou a prevalência e incidência de não intenção de prática de atividade física no
tempo livre (NIPAFTL) e fatores associados. RESULTADOS: Artigo 1 –
Observaram-se frequências elevadas de indivíduos que se mantiveram nos estágios
de pré-contemplação (n=172; 57,0%) e de manutenção (n=119; 51,3%). Entre os
que se mantiveram no estágio de pré-contemplação, verificou-se maior proporção de
homens (RR=1,59; IC95%: 1,21-2,11), com idade ≥ 60 anos (RR=1,35; IC95%: 1,03-
1,78), com menor escolaridade (RR=1,24; IC95%: 1,04-2,33) e das classes C
(RR=1,71; IC95%: 1,17-2,49) e D/E (RR=1,88; IC95%: 1,12-3,18). Quanto aos que
permaneceram no estágio de manutenção houve menor proporção entre os
indivíduos das classes D/E (RR=0,35; IC95%: 0,14-0,87) em relação às classes A/B.
Artigo 2 - A prevalência de NIPAFTL foi de 34,4%, e após ajuste dos modelos foi
superior em homens, nos indivíduos de menor escolaridade, nas classes
econômicas C e D/E, naqueles com algum tipo de dependência funcional, em
tabagistas, nos que consumiam irregularmente frutas, verduras e/ou legumes e
naqueles que não consultaram médico nos últimos 12 meses. Indivíduos com
diabetes, sobrepeso ou obesidade apresentaram menor prevalência. A incidência de
NIPAFTL foi de 26,2%, e nas análises ajustadas foi maior entre os sujeitos das
classes econômicas D/E, que tinham autopercepção ruim/muito ruim de saúde,
tabagistas e com consumo irregular de frutas, verduras e/ou legumes.
CONCLUSÕES: Na amostra populacional estudada, tanto a prevalência em 2011
quanto a manutenção e a incidência de NIPAFTL (indivíduos no estágio de précontemplação) após quatro anos, foram elevadas. Verificaram-se associações com
variáveis sociodemográficas, de condições de saúde, de estilo de vida e de
utilização de serviços de saúde. Os achados também salientaram iniquidades dos
subgrupos mais vulneráveis (indivíduos das classes econômicas D/E, tabagistas e
com consumo irregular de frutas, verduras e/ou legumes) que tiveram tanto
prevalências maiores no estudo da linha de base, quanto incidências maiores após
quatro anos. Dessa forma, reforça-se a importância de identificar os estágios de
mudança de comportamento e fatores associados, a fim de delinear e direcionar
ações públicas intersetoriais para a promoção de um estilo de vida ativo.