Teses e Dissertações
Palavra-chave: Classificação Internacional de Doenças
Avaliação de uma intervenção com codificadores hospitalares para a melhoria da informação sobre internações por causas externas
Marcela Maria Birolim, Selma Maffei de Andrade
Data da defesa: 30/06/2010
O Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH-SUS) é
uma importante base de dados nacional sobre a morbidade hospitalar. No entanto, a
subnotificação de determinados tipos de causas constitui-se um problema para a
confiabilidade dos seus dados. O presente estudo tem por objetivo caracterizar o
processo de codificação de causas externas nas internações hospitalares realizadas
pelo SUS e avaliar o impacto de uma intervenção com codificadores hospitalares na
melhoria da qualidade da informação dessas causas. O estudo foi realizado em
Londrina (PR) em três fases. A primeira fase buscou caracterizar os codificadores
dos hospitais segundo características pessoais, de formação em codificação de
causas de internações e de trabalho, bem como identificar as dificuldades referidas
por esses profissionais relacionadas ao processo de codificação de causas externas.
Os dados foram coletados por meio de formulário estruturado aplicado nos locais de
trabalho desses profissionais. A segunda teve a finalidade de comparar a qualidade
da codificação antes e depois de uma intervenção que se consistiu de um
treinamento no qual foram realizadas três exposições sobre o assunto e aplicou-se,
antes e depois das explanações, um instrumento com casos de internações por
causas externas para que fossem codificadas as causas. A terceira fase consistiu-se
em uma avaliação dos registros do SIH-SUS quanto à codificação das causas de
internação. Para essa fase foram revisados manualmente os laudos médicos de
autorizações de internação hospitalar (AIHs) de três hospitais gerais em dois
períodos distintos (sessenta dias antes e sessenta dias após o treinamento). Tais
laudos foram transcritos e codificados por duas pessoas treinadas. O banco de
dados do SIH foi obtido do sítio do DATASUS, nos períodos selecionados. Tendo o
número da AIH como campo identificador entre os dois bancos, foi possível fazer a
comparação entre os dados dessas duas fontes nos períodos antes e após o
treinamento, utilizando-se o programa Epi Info, versão 6.04d. Em relação ao perfil
dos codificadores verificou-se predomínio de mulheres na faixa etária dos 41 aos 50
anos; 85,7% dos participantes disseram ter aprendido a codificar no próprio trabalho,
sem passar por nenhum treinamento prévio para o exercício da função. As
dificuldades mais referidas no processo de codificação foram: ausência de
informação sobre a causa externa no laudo médico e a ilegibilidade da mesma. Na
avaliação imediata após o treinamento, observou-se aumento na taxa de acertos
para a maioria dos códigos, obtendo uma razão de acertos depois /antes de 1,22
(p=0,03) para as causas categorizadas em nível de três caracteres. Na terceira fase,
observou-se, após a intervenção baseada em sensibilização e treinamento, discreta
melhoria na qualidade da informação por causas externas no SIH em dois dos
hospitais estudados. O hospital 1 foi o que apresentou melhor qualidade da
informação nas internações por causas externas, tanto antes quanto após o
treinamento (Kappa 0,85 antes e 0,90 após). No hospital 2 ocorreu diminuição em
todos os indicadores de concordância após o treinamento e, no hospital 3, todos os
indicadores de concordância segundo a informação do SIH e da pesquisa
aumentaram no período pós intervenção. Conclui-se que treinamentos podem ser
estratégias que contribuam para a melhoria da qualidade da informação, porém,
para serem efetivos, eles devem ser periódicos, envolvendo todos os responsáveis
pela geração dessa informação e devem estar vinculados com as propostas de
transformação dos serviços de saúde.