Teses e Dissertações
Palavra-chave: Chumbo em sangue
Níveis de chumbo em leite e sangue de doadoras de banco de leite em município do sul do Brasil
Gina Ayumi Kobayashy Koyashiki, Monica Maria Bastos Paoliello
Data da defesa: 29/05/2008
A produção científica brasileira sobre efeitos adversos do chumbo na população em geral é
escassa. O chumbo, substância potencialmente tóxica, tornou-se um problema de saúde
pública em função de seus efeitos, principalmente envolvendo o sistema nervoso central e
efeitos sobre a síntese da heme. O objetivo deste estudo foi avaliar o grau de exposição ao
chumbo de doadoras de Banco de Leite do município de Londrina, Paraná, estimando-se os
níveis do metal em amostras de leite e sangue. Trata-se de um estudo transversal conduzido
no período de janeiro a julho de 2007. Foram recrutadas todas as mães que estavam
cadastradas como doadoras no referido banco de leite e incluídas no estudo 92 voluntárias que
atendiam aos seguintes critérios de inclusão: sadias sem doença crônica, com bebês nascidos a
termo, em período de amamentação entre 15 e 210 dias e moradoras no município estudado.
O chumbo no leite e no sangue foi quantificado utilizando-se a técnica de ICP-MS
(espectrometria de massa com plasma de argônio indutivamente acoplado). Todas as mães
assinaram um termo de consentimento aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Estadual de Londrina. A mediana das concentrações de chumbo nas amostras de
leite foi igual a 3,0 µg/L, variando de 1,0 a 8,0 µg/L, enquanto que para o chumbo em sangue
foi igual a 2,7 µg/dL, variando de 1,0 a 5,5 µg/dL. Na análise de correlação de Spearman
foram observadas correlações significativas, embora modestas, entre concentração de chumbo
no sangue e no leite (rs=0,207, p=0,048), hemoglobina e atividade da ALAD (rs=-0,264,
p=0,011 ), nível de chumbo no sangue e idade materna (rs=0,227, p=0,029) e, para
hematócrito e hemoglobina, a correlação foi mais alta (rs=0,837, p<0,001). Não foram
encontradas associações estatisticamente significativas entre as concentrações de chumbo em
leite e sangue e variáveis demográficas estudadas, obtidas por meio entrevistas e formulário
testado. A relação chumbo no leite/sangue observada foi igual a 0,11. Em geral, os valores
encontrados no presente estudo são semelhantes aos obtidos em população não exposta em
outros países, e estão dentro da faixa considerada de normalidade.
Exposição ambiental ao chumbo e pressão arterial em população urbana: estudo de base populacional
Ana Carolina Bertin de Almeida Lopes, Mônica Maria Bastos Paoliello
Data da defesa: 15/01/2015
A exposição ambiental e ocupacional ao chumbo representa um importante problema de
saúde pública. O acúmulo do chumbo no organismo pode levar ao desenvolvimento de
diferentes morbidades, como aumento na pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD),
hipertensão arterial, arteriosclerose, disfunção renal, entre outras. Dessa forma, este estudo
objetivou verificar os determinantes socioeconômicos, ambientais, de estilo de vida e de
condições de saúde relacionados aos níveis de chumbo em sangue em adultos com 40 anos ou
mais de idade. Além disso, examinou-se a associação entre os níveis de chumbo em sangue e
alterações na PAS e PAD e hipertensão arterial. Realizou-se um estudo transversal de base
populacional, com 959 adultos residentes na região urbana de um município de médio porte
no Sul do Brasil. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas, exame físico e exames de
laboratório. Foram incluídas variáveis socioeconômicas, de estilo de vida, condições de saúde,
dieta, e sobre exposição ocupacional ao chumbo. Os níveis de chumbo em sangue foram
medidos pela técnica da espectrometria de massa com plasma de argônio indutivamente
acoplado (ICP-MS). Considerou-se como PAS elevada valores 140 mmHg e PAD elevada
90 mmHg. A hipertensão arterial foi definida como PAS 140 mmHg e/ou PAD 90 mmHg
ou uso de medicação antihipertensiva. As análises estatísticas foram realizadas nos programas
Stata versão 13.1 e SPSS versão 20. A média geométrica dos níveis de chumbo em sangue foi
1,97 g/dL (95% CI: 1,90-2,04 g/dL). No Modelo 1 da análise de regressão linear múltipla
ajustou-se por sexo, idade, cor da pele, educação, classe socioeconômica, tabagismo, consumo
de álcool, exposição ocupacional ao chumbo, consumo de carne vermelha e de leite de vaca.
O Modelo 2 foi ajustado para sexo e exposição ocupacional ao chumbo. Os níveis mais
elevados de chumbo em sangue foram associados ao sexo masculino, à idade avançada, ao
tabagismo, ao consumo de álcool e ao menor consumo de leite de vaca. No Modelo 2, os
níveis de chumbo em sangue foram maiores nos participantes não brancos em relação ao
brancos, em ex-fumantes e naqueles expostos ocupacionalmente ao chumbo. Participantes
vivendo em área onde foram identificadas mais indústrias que utilizam chumbo apresentaram
níveis de chumbo em sangue mais elevados (3,30 g/dL) comparados aqueles vivendo em
outras áreas com menor número de indústrias (1,95 g/dL). Os níveis de chumbo em sangue
foram associados à PAS e PAD na análise de regressão linear múltipla. A análise de regressão
logística mostrou que os indivíduos do mais alto quartil de concentração de chumbo em
sangue apresentaram odds ratio (OR) para hipertensão arterial significativamente elevado em
relação aos participantes do quartil 1, com aumento gradativo entre os quartis (quartil 2: OR,
1,16 (0,77-1,74); quartil 3: OR, 1,15 (0,76-1,74); quartil 4: OR, 1,82 (1,17-2,82), p-trend =
0,011). O OR ajustado para PAD elevada foi mais alto para os participantes do maior quartil
de chumbo em sangue em relação aos participantes do quartil 1 (OR: 2,31; IC 95%: 1,21-
4,41). A análise de clusters revelou que os participantes com níveis de chumbo em sangue
mais elevados (2,99 g/dL), eram geralmente hipertensos, com PAS e PAD elevadas, do sexo
masculino, com média de idade de 54,92 anos e com sobrepeso (IMC de 25 a >30). O
cluster dos participantes com níveis de chumbo em sangue mais baixos (2,16 g/dL) eram
geralmente não hipertensos, com PAS e PAD normais, do sexo feminino, com média de idade
de 50,89 anos e com IMC normal (de 0 a <25). Conclui-se que os níveis de chumbo em
sangue foram associados ao sexo masculino, à idade avançada e a hábitos como tabagismo,
consumo de álcool e menor consumo de leite de vaca. Além disso, indivíduos com níveis de
chumbo mais elevados têm mais chances de apresentarem hipertensão arterial. Finalmente, apesar dos baixos níveis de chumbo em sangue encontrados nos adultos desta área urbana, é
importante que a exposição ao chumbo seja monitorada e que leis regulatórias sejam
decretadas com o objetivo de prevenir a contaminação de chumbo em ambientes urbanos.