Teses e Dissertações
Palavra-chave: Capital social
Associação entre capital social e comportamentos relacionados à saúde: estudo de base populacional
Mathias Roberto Loch, Regina Kazue Tanno de Souza
Data da defesa: 07/08/2013
Estudos que investigam a relação entre comportamentos relacionados à saúde com
o capital social (CS) são escassos, especialmente na América Latina. O objetivo
deste trabalho foi verificar a relação entre indicadores de CS e a prevalência de
determinados comportamentos relacionados à saúde. Realizou-se estudo
transversal, de base populacional, com indivíduos com 40 anos ou mais de um
município de médio porte da região Sul do Brasil. Os dados foram coletados no
primeiro semestre de 2011. Para este estudo, foram considerados dados de 1081
sujeitos. Os comportamentos investigados foram: inatividade física no lazer (INFL),
baixo consumo de frutas e/ou verduras (BCFV), tabagismo (TAB) e consumo
abusivo de álcool (CAA), além de análise de simultaneidade dos comportamentos
citados. A INFL foi avaliada a partir do modelo de estágio de mudança de
comportamento e as questões relacionadas aos demais comportamentos foram
retiradas do questionário aplicado pelo sistema de Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL) do Ministério da
Saúde do Brasil. Os indicadores de CS foram selecionados a partir do Questionário
Integrado para medir CS (QI-MCS): número de amigos e de pessoas que
emprestariam dinheiro em caso de necessidade, confiança nas pessoas do bairro,
frequência com que as pessoas no bairro se ajudam, segurança no bairro e
participação cívica ou comunitária. Foi ainda construído um escore de CS, baseado
nos indicadores isolados. Os dados foram analisados no Programa SPSS vs. 19, por
meio da regressão logística, realizando-se análise bruta e ajustada (p<0,05). Após
os ajustes, a INFL esteve associada ao número de amigos, confiança nas pessoas
do bairro, frequência com que as pessoas no bairro se ajudam, segurança no bairro,
participação comunitária e o escore de CS. O BCFV associou-se à participação
comunitária e ao escore de CS. O TAB se mostrou associado à frequência com que
as pessoas no bairro se ajudam e ao escore de CS. Apenas a frequência com que
as pessoas no bairro se ajudam esteve associada ao CAA. Em todas as
associações mencionadas, os sujeitos com menor CS tinham maior chance de
apresentarem os comportamentos negativos. Observou-se ainda que quanto maior o
CS, menor o número médio de comportamentos negativos. Sujeitos com maior CS
apresentaram em média 1,47 (DP=0,11) comportamentos negativos, enquanto os
com menor CS tinham média de 2,13 (DP=0,23) comportamentos negativos. Este
estudo mostrou uma associação moderada entre diferentes indicadores de CS e os
comportamentos relacionados à saúde investigados, sendo mais evidente a relação
com a INFL e em menor grau com o BCFV e o TAB. A relação do CS com o CAA foi
menos evidente. Recomenda-se que as políticas de promoção de comportamentos
saudáveis considerem o nível e as características do CS de cada lugar e busquem
implementar ações que contribuam para a criação de sociedades civis mais
organizadas, inclusive porque estas podem representar um aspecto positivo para a
adoção dos comportamentos considerados positivos para a saúde.