Teses e Dissertações
Palavra-chave: Barreiras
Barreiras para o consumo de frutas e de verduras ou legumes em indivíduos de 44 anos ou mais do município de Cambé, Paraná
Graziela M. Campiolo dos Santos, Ana Maria Rigo Silva, Mathias Roberto Loch
Data da defesa: 29/07/2016
Introdução: O consumo insuficiente de frutas, legumes e verduras encontram-se
entre os dez principais fatores de risco para a carga global de doenças em todo o
mundo. Objetivo: Analisar barreiras percebidas para o consumo de frutas e de
verduras ou legumes em uma amostra com 44 anos ou mais do município de
Cambé, Paraná. Método: Estudo transversal que faz parte de um projeto mais
abrangente denominado “Doenças Cardiovasculares no Estado do Paraná:
Mortalidade, Perfil de Risco, Terapia Medicamentosa e Complicações”
(VIGICARDIO). Em 2011 foi realizado um estudo de base populacional no município
de Cambé (PR), em que foram entrevistados 1180 sujeitos de 40 anos ou mais de
idade. Em 2015, os mesmos sujeitos foram novamente procurados e 884 aceitaram
participar novamente do estudo. O presente estudo considerou apenas os dados
coletados em 2015. Após algumas exclusões por falta de informações a respeito das
principais variáveis deste estudo, a amostra foi composta por 877 adultos de 44
anos ou mais de idade. Os dados foram coletados entre março e outubro de 2015
por meio de entrevistas domiciliares. As barreiras para o consumo de frutas e de
verduras ou legumes foram levantadas em perguntas sobre cinco possíveis
barreiras: não gostar do sabor; família não tem o hábito/costume; custo pesa no
orçamento da família; necessidade do preparo e falta de tempo para ir ao
mercado/feira com frequência para comprar estes alimentos frescos. Foram também
levantadas informações sobre características sociodemográficas e frequência
semanal de consumo de frutas, verduras ou legumes. Para a análise de associação
entre as barreiras percebidas e as variáveis sociais e demográficas foi utilizada a
regressão logística binária, com análises brutas e ajustadas. Resultados: Dos
entrevistados, a maioria era do sexo feminino (55,9%), pertenciam à faixa etária de
50 a 59 anos (38,1%), 60,2% se declararam brancos, 44,7% tinham até quatro anos
completos de estudo, 64,4% foram classificados no nível econômico C ou inferior e
65,4% referiram ser casados (as). Quanto ao consumo irregular de frutas (menor
que cinco dias por semana) a prevalência observada foi de 42,5% sendo superior
nos homens, entre os com idade entre 44 e 49 anos, entre os que referiram cor da
pele parda/preta/indígena, com 5 a 8 anos de estudo e entre os com menor nível
econômico. Em relação ao consumo irregular de verduras ou legumes (menor que
cinco dias por semana), a prevalência foi de 30,2% e foi superior entre os homens,
entre os que referiram cor da pele parda/preta/indígena, com menor escolaridade e
entre os indivíduos com menor nível econômico. Em relação às barreiras para o
consumo de frutas, a mais mencionada foi o “custo pesa no orçamento da família",
com prevalência de 57,7%. A chance de apresentar esta barreira foi
significativamente maior entre as mulheres (OR=1,93; IC95%=1,45-2,57) e nos que
tinham escolaridade entre 0 e 4 anos (OR=1,57; IC95%=1,07-2,31). A barreira a
"família não tem hábito/costume de consumir frutas" foi citada por 16,4% da amostra
e a chance de apresentar esta barreira foi maior entre os indivíduos com idade entre
50 a 59 anos (OR=2,01; IC95%=1,30-3,10). A barreira "falta de tempo para ir ao
mercado/feira com frequência para comprar frutas frescas" foi citada por 8,0% da
amostra e a chance de apresentar esta barreira foi maior entre as mulheres
(OR=1,79; IC95%=1,03-3,12) e entre os que não tinham companheiro (OR=1,92;
IC95%=1,14-3,24). A barreira "necessidade de preparo" foi citada por 7,6% da
amostra e a chance de apresentar esta barreira foi maior entre os indivíduos da faixa
etária de 44 a 49 anos (OR=2,37; IC95%=1,10-5,12) e 50 a 59 anos (OR=2,35;
IC95%=1,22-4,51). A barreira “não gostar do sabor das frutas” foi citada por 6,2% da
amostra e não foi associada a nenhuma variável sociodemográfica. Quanto às
barreiras para o consumo de verduras ou legumes a mais mencionada foi o “custo
pesa no orçamento da família", com prevalência de 49,9%. A chance de apresentar
esta barreira foi maior entre as mulheres (OR=1,63; IC95%=1,23-2,16), indivíduos
com até 4 anos de estudo (OR=1,79; IC95%=1,22-2,63) e com nível econômico B e
C (OR=2,01; IC95%=1,01-3,99). A barreira a "família não tem hábito/costume de
consumir verduras ou legumes" foi citada por 10,9% da amostra e não foi observada
associação com as variáveis sociodemográficas. A barreira "necessidade de
preparo" foi citada por 9,7% da amostra e a chance de apresentar esta barreira foi
maior entre as mulheres (OR=1,69; IC95%=1,03-2,76). A barreira "falta de tempo
para ir ao mercado/feira com frequência para comprar verduras ou legumes frescos"
foi citada por 7,6% da amostra e não foi observada associação com as variáveis
sociodemográficas. A barreira “não gostar do sabor das verduras ou legumes” foi
citada por 6,6% da amostra e a chance de apresentar esta barreira foi maior entre os
indivíduos com cor da pele parda/preta/indígena (OR=2,43; IC95%=1,38-4,26).
Conclusão: Mais de 40% dos indivíduos apresentava consumo irregular de frutas e
30% o de verduras ou legumes. A principal barreira percebida para o consumo de
frutas e de verduras ou legumes foi relacionada ao custo destes alimentos, seguida
pela falta de hábito da família. Estes achados podem ajudar na orientação de
políticas públicas que objetivem o aumento do consumo de frutas, legumes e
verduras.