Teses e Dissertações
Palavra-chave: Avaliação em Saúde
Mortalidade infantil em Londrina (PR) em anos recentes: características e percepções de gestores e profissionais de saúde
Lígia Goes Pedrozo Pizzo, Selma Maffei de Andrade, Ana Maria Rigo Silva
Data da defesa: 28/06/2010
A mortalidade infantil atinge um grupo populacional composto por nascidos vivos
antes de completar um ano de vida, os quais são vulneráveis às condições de vida,
intra e extra-uterina. Conhecer as causas de óbito e fatores associados pode
fornecer subsídios aos serviços de saúde na melhoria da atenção à saúde. Assim,
este estudo teve duas abordagens: uma quantitativa, que descreveu e comparou os
perfis de mortalidade infantil no município de Londrina nos biênios 2000/2001 e
2007/2008, e outra qualitativa, que identificou a percepção de gestores e
profissionais que atuam ou atuaram na assistência à saúde materno-infantil sobre
fatores contribuintes para o declínio da mortalidade infantil no município, e as ações
ainda necessárias para continuidade de redução dos valores desse indicador. Para o
estudo quantitativo, foram usados os registros do Comitê Municipal de Prevenção da
Mortalidade Materno-Infantil e o banco de dados de nascidos vivos do Paraná. Para
a pesquisa qualitativa, os dados foram obtidos por meio de entrevistas com 38
profissionais de saúde, selecionados pela técnica da bola de neve. Os resultados
quantitativos indicam que as crianças nascidas no final da década de 2000 tiveram
menor risco de morrer no primeiro ano de vida comparadas com as nascidas em
2000-2001. Nos dois períodos estudados, verificou-se que mais da metade dos
óbitos ocorreu no período neonatal, e as duas principais causas básicas de óbito
foram decorrentes de afecções perinatais e anomalias congênitas. Os recémnascidos foram afetados em sua maioria por fatores maternos, complicações da
gravidez e da placenta, cordão umbilical e das membranas. Houve um risco maior de
morrer no segundo biênio para os nascidos vivos de mães com 35 anos ou mais
(Risco Relativo [RR]=1,07) e para as crianças cujas mães tinham 12 ou mais anos
de estudo (RR=2,13). No segundo biênio, diminuiu a taxa de mortalidade entre filhos
de mulheres adolescentes (RR=0,70). Em relação ao tipo de parto, no início da
década, as crianças nascidas por cesárea tinham menor risco de morrer
comparadas com as nascidas por parto via vaginal, mas no final da década essa
situação se inverteu. O risco de morrer diminuiu, no segundo biênio, para os recémnascidos com baixo peso, prematuros e com índice de apgar ≤ sete no primeiro
minuto. Todavia, aumentou para aqueles nascidos por gravidez múltipla. Os
resultados qualitativos mostram que os fatores percebidos como contribuintes para a
redução dos óbitos infantis foram: as condições de vida, a atenção à saúde, o papel
desempenhado pelas políticas e práticas setoriais e extrassetoriais e a formação de
recursos humanos. Os desafios no momento dizem respeito à qualificação da
atenção, mas permanecem questões relacionadas a recursos humanos, políticas
públicas e ampliação de serviços.
Gestão hospitalar: análise de desempenho de um hospital universitário e de ensino antes e após a contratualização com o Sistema Único de Saúde
Jeremias Bequer Brizola, Luiz Cordoni Junior, Célia Regina Rodrigues Gil
Data da defesa: 13/07/2010
A forma predominante de remuneração utilizada pelo Sistema Único de Saúde ainda
é o pagamento por produção com base em tabelas. Desde 2004 a Reforma do
Sistema Atenção Hospitalar Brasileira e a política de hospitais de ensino prevê a
contratualização destes hospitais com os gestores loco-regionais em nova lógica de
financiamento, visando melhorar a eficiência e efetividade dos mesmos, com foco
em resultados. O estudo avalia a performance de um hospital universitário e de
ensino antes e após a contratualização. Trata-se de uma pesquisa avaliativa,
descritiva e exploratória, de abordagem quantitativa. Foram definidas as dimensões
de estrutura e resultado e oito categorias analíticas: instalações e equipamentos,
recursos humanos, receita, produção, produtividade, custos, qualidade e
ensino/pesquisa, e respectivos indicadores com base nos propostos por Bittar, nas
diretrizes para a contratualização, nos critérios para avaliação institucional, na
padronização de censo hospitalar e nos parâmetros assistenciais estabelecidos pelo
Ministério da Saúde. O protótipo do instrumento foi apreciado por seis gerentes e
assessores envolvidos com o processo no Hospital em estudo. Foi realizada análise
comparativa do desempenho nos três anos antes (2002-2004) e três anos após
(2006-2008) a contratualização. Os resultados mostram algumas mudanças: na
dimensão estrutura, houve melhora nas categorias instalações e equipamentos e
receita, e piora na categoria recursos humanos; na dimensão resultado, houve
melhora nas categorias produção e ensino e pesquisa, e piora nas categorias custo
e qualidade; e não houve alteração de desempenho na categoria produtividade. Os
principais resultados atribuíveis à contratualização foram: aumento dos
equipamentos cadastráveis no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde,
aumento dos procedimentos ambulatoriais e hospitalares de alta complexidade,
ampliação da oferta de consultas especializadas na central de regulação e aumento
da receita.
Perfil epidemiológico dos usuários de substâncias psicoativas atendidos no CAPS AD, Londrina, PR
Sérgio Ricardo Belon da Rocha Velho, Regina Kazue Tanno de Souza, Dinarte Ballester
Data da defesa: 29/07/2010
Introdução: o tratamento para usuários de álcool e drogas no Sistema Único
de Saúde tem uma história recente no Brasil. Há escassez de estudos que avaliem o
atendimento a usuários de substâncias psicoativas no SUS. Objetivo: analisar as
características dos usuários de substâncias psicoativas no Centro de Atenção
Psicossocial Álcool e Drogas de Londrina, PR. Método: trata-se de um estudo
transversal com 486 indivíduos atendidos no CAPS AD do município de Londrina,
PR no segundo semestre de 2008. A coleta de dados foi realizada pela análise de
relatório dos casos, ficha de acolhimento, caderno de registro diário e relatório de
internação hospitalar. Foram levantados dados sobre variáveis sociodemográficas,
padrão de uso de substâncias psicoativas e variáveis sobre o processo de
atendimento. Para o processamento e a análise dos dados foi utilizado o aplicativo
Epi Info 3.4.3. Resultados: entre os usuários que procuraram tratamento no CAPS
AD observou-se maior proporção de pessoas do sexo masculino (85,4%), na faixa
etária entre 30 e 49 anos (51,0%), que não concluíram o ensino fundamental
(66,8%), referiram como substância manifesta, no momento da triagem,
principalmente o álcool (46,1%) e o crack (44,4%). A proporção de usuários de
álcool mostrou-se maior (89,6%) na faixa etária de 45 a 54 anos. Entre as pessoas
de menor idade ocorreu predomínio de substâncias ilícitas (crack e maconha). A
maioria dos casos veio encaminhada por outros serviços (60,0%) e os serviços de
saúde de média e alta complexidade apresentaram maior proporção de
encaminhamentos (27,7%). Após a triagem, 81,7% permaneceram em tratamento no
CAPS AD. Desses, 49,6% não permaneceram em atendimento por mais de um mês
e 29,7% permaneceram em atendimento por mais de 150 dias. Quanto ao número
de comparecimentos, 32,0% compareceram apenas na triagem e 16,6%, mais de
trinta vezes durante seis meses. Conclusão: os resultados apresentados apontam a
necessidade de aprimorar a atenção ao usuário, melhorando a vinculação desses ao
tratamento.
Avaliação da atenção às pessoas com hipertensão e ou diabetes no município de Cambé – PR
Bárbara Radigonda, Regina Kazue Tanno de Souza, Luiz Cordoni Junior
Data da defesa: 27/02/2014
Introdução: O perfil de morbidade e de mortalidade caracterizado pelas doenças
crônicas não transmissíveis como hipertensão arterial e diabetes mellitus, que são
eventos significativos à demanda dos serviços de saúde, exige a adoção de ações
adequadas e oportunas. Objetivo: Este estudo buscou avaliar a atenção às pessoas com
diabetes mellitus e/ou hipertensão arterial pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do
Município de Cambé – PR. Material e métodos: A população de estudo foi constituída
por 687 pessoas com hipertensão arterial e/ou diabetes mellitus identificados em estudo
de base populacional (VIGICARDIO). Determinou-se como dimensões de avaliação: o
reconhecimento do indivíduo pela unidade, o acompanhamento e atendimento prestado
e o controle da pressão arterial e/ou da glicemia. Para avaliar as dimensões foram
analisados o prontuário, as Fichas A e B do Sistema de Informação da Atenção Básica,
o cartão de aprazamento e a ficha do SIS HiperDia. Foi construída uma matriz de
indicadores cujos resultados verificados foram comparados ao padrão estabelecido. Os
resultados foram julgados de acordo com os percentuais obtidos: excelente (100-90%),
satisfatório (89-70%), regular (69-50%) e crítico (<50%). Realizou-se também análise
dos fatores associados ao reconhecimento, cobertura de consulta médica e controle da
pressão arterial. Resultados: Verificou-se reconhecimento abaixo do desejável (63,7%).
A frequência de reconhecimento foi mais elevada entre as mulheres, indivíduos com 60
anos ou mais, com baixa escolaridade, pertencentes à classe econômica C, D ou E, que
não trabalham, consideram seu estado de saúde regular, ruim ou muito ruim e que
utilizam a UBS. O acompanhamento foi caracterizado pela consulta médica com baixo
registro de consulta de enfermagem. Observou-se que a proporção de realização de pelo
menos uma consulta médica nos últimos 12 meses foi significativamente mais elevada
entre as mulheres, nos indivíduos com baixa escolaridade, pertencentes à classe
econômica C, D ou E e que utilizam a UBS. A análise do atendimento revelou registro
precário de atividades técnicas e orientações. A frequência de controle da pressão
arterial foi significativamente maior entre as mulheres, indivíduos com baixa
escolaridade e em pessoas com baixo risco cardiovascular. A maioria dos indicadores de
todas as dimensões obtiveram resultados considerados regulares ou críticos.
Conclusão: Os resultados indicam que o processo de atenção às pessoas com
hipertensão e/ou diabetes está direcionado principalmente aos indivíduos que utilizam a
UBS e apontam a necessidade de outras estratégias para melhorar a qualidade da
atenção e ampliar a inserção da população ainda não contemplada pelo serviço.
Avaliação de acessibilidade aos serviços de atenção primária e longitudinal do cuidado entre adultos
Bárbara Radigonda, Luiz Cordoni Junior, Regina Kazue Tanno de Souza
Data da defesa: 17/07/2017
A atenção primária em saúde (APS) deve ser o contato preferencial dos usuários, a
principal porta de entrada e o centro de comunicação com toda a rede de atenção. A
acessibilidade e a longitudinalidade estão entre os atributos essenciais da APS e
influenciam na efetividade do cuidado e satisfação do usuário. Avaliações produzidas a
partir de análises do cotidiano detectam carências e contribuem para o aperfeiçoamento
da APS. O presente estudo tem como objetivo analisar e avaliar a acessibilidade aos
serviços de atenção primária e a longitudinalidade do cuidado em grupo populacional de
adultos. Trata-se de um estudo transversal composto por adultos de 40 anos ou mais,
participantes de estudo de base populacional – VIGICARDIO - realizado no município
de Cambé – Paraná, em 2011. Em 2015, foi realizado o segundo contato com a
população entrevistada no baseline para verificar as alterações ocorridas no perfil de
risco cardiovascular. Para avaliação do presente estudo, utilizaram-se questões
propostas no PCATooL-Brasil para usuários adultos sendo construída uma matriz de
indicadores e calculado o escore individual, escore do indicador e índice composto das
dimensões de análise – acessibilidade organizacional e longitudinalidade. Os resultados
foram julgados de acordo com os valores obtidos: 2,0-1,80 (Excelente); 1,79-1,40
(Satisfatório); 1,39-1,00 (Regular); <1,00 (Crítico). Na análise descritiva e de
associação foram incluídas variáveis sociodemográficas, econômica, uso de
medicamento, hipertensão arterial e diabetes autorreferidas. As análises foram
realizadas por meio da regressão de Poisson com ajuste de variância robusta e nível de
significância de 5%. Foram entrevistados 885 adultos, entre os 1180 participantes do
baseline. Entre os 92,5% dos indivíduos que mencionaram ter um serviço de referência,
a Unidade Básica de Saúde (UBS) foi o serviço mais citado para o primeiro contato para
um problema de saúde não urgente. A acessibilidade organizacional à UBS mostrou-se
inferior à dos demais serviços analisados – especializados do SUS e
convênio/particular. A maioria dos indicadores de acessibilidade à UBS apresentou
resultados considerados críticos e a obtenção de aconselhamento pelo telefone foi o pior
indicador da dimensão. A proporção dos que conseguem atendimento pelo telefone foi
significativamente mais elevada entre as mulheres (p=0,001) e a facilidade para marcar
consulta de revisão mais elevada entre os homens (p=0,03). Ter vínculo com um médico
e considerá-lo referência para o acompanhamento da saúde, foi citado por 55,2% dos
entrevistados, sendo o médico da UBS o mais referido. A maioria dos indicadores de
relação interpessoal apresentou resultados satisfatórios ou excelentes. Telefonar e falar
com o médico foi o pior indicador dessa dimensão com resultado crítico nos serviços
públicos. Após análise ajustada, nenhum fator permaneceu associado à
longitudinalidade do cuidado. A pesquisa revelou vínculo entre a população atendida e
o profissional médico, no entanto há problemas na acessibilidade organizacional que
apontam para necessidade de estratégias que aprimorem esses atributos visando a
acessibilidade e longitudinalidade do cuidado e, consequentemente, a orientação dos
serviços para o fortalecimento da APS.