Teses e Dissertações
Palavra-chave: Atividade motora
Associação entre qualidade do sono, atividade física e sedentarismo em professores do ensino básico de Londrina, Paraná
Marcelly Barreto Correa, Arthur Eumann Mesas
Data da defesa: 06/04/2021
Introdução: A qualidade do sono pode afetar o desempenho físico, ocupacional, os
processamentos cognitivo e social, e ter consequências negativas à saúde e à vida
pessoal e profissional dos professores. Objetivos: Analisar a relação entre a
qualidade do sono e a prática de atividade física no tempo livre (AFTL) e o tempo
assistindo televisão (TV) em professores da educação básica da rede pública de
Londrina, Paraná. Métodos: Trata-se de um estudo longitudinal prospectivo, de tipo
coorte, que incluiu professores que atuavam como docentes em sala de aula,
ministrando aulas para estudantes do nível fundamental (anos finais), e que
participaram das duas etapas do estudo PRÓMESTRE (baseline em 2012-2013 e
seguimento após 24 meses, em 2014-2015). A coleta de dados foi realizada em
entrevista pré-agendada, com duração de aproximadamente uma hora, constituída
por formulário e questionário, contendo questões sobre características
sociodemográficas, de estilo de vida, saúde, ocupacionais e qualidade do sono
avaliada por meio do índice Pittsburgh Sleep Quality Index (PSQI). As análises
estatísticas incluíram modelos de regressão logística ajustados por variáveis
sociodemográficas (sexo, faixa etária, estado civil e renda), antropométrica (índice de
massa corporal) e ocupacional (carga horária), de estilo de vida (AFTL, tempo
assistindo TV, consumo de tabaco, álcool e café) e de saúde (relato de ansiedade e
depressão diagnosticados por um médico). O presente estudo foi aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Londrina. Resultados:
Entre os 195 professores (66,2% mulheres, idade média de 42 anos) entrevistados
no baseline e classificados como referindo boa qualidade do sono (PSQI ≤5 pontos),
a incidência de pior qualidade do sono (PSQI>5) após 24 meses foi de 31,8% (n=62).
Nas análises ajustadas por todas as variáveis de confusão, os professores que eram
fisicamente inativos no tempo livre no início do estudo apresentaram quase três vezes
mais chance de desenvolver pior qualidade do sono ao longo do seguimento (odds
ratio [OR]=2,88; intervalo de confiança [IC] 95%=1,46-7,97). Esse risco foi
semelhante entre os professores que se mantiveram inativos com relação à AFTL
entre o baseline e o seguimento (OR=2,72; IC 95%=1,22-6,03). Ao estratificar o
tempo semanal de AFTL pelo ponto de corte de 150 minutos, manter-se inativo
(AFTL<150 minutos/semana) associou-se com maior chance de pior qualidade do
sono (OR=2,91; IC 95%=1,10-7,68). Com relação ao marcador de comportamento
sedentário tempo assistindo TV, observou-se que os professores que assistiam TV
mais 60 minutos diários tanto no baseline quanto no seguimento apresentaram maior
chance de pior qualidade do sono (OR=2,70; IC 95%=1,14-6,38), independentemente
dos fatores de confusão considerados. Conclusão: A manutenção da inatividade
física (<150 minutos semanais) e do tempo prolongado (>60 minutos diários)
assistindo TV por um período de 24 meses aumentou a chance de pior qualidade do
sono em professores.
Manutenção e alteração dos estágios de mudança de comportamento para a prática de atividade física no tempo livre em população de 40 anos ou mais (2011-2015)
Valéria Cristina Zamataro Tessaro, Ana Maria Rigo Silva, Mathias Roberto Loch
Data da defesa: 03/09/2019
OBJETIVO: Analisar a manutenção e a alteração dos estágios de mudança de
comportamento para atividade física no tempo livre (AFTL) e fatores associados em
indivíduos de 40 anos e mais de idade, residentes em Cambé – PR, no período
entre 2011 e 2015. MÉTODOS: Para a estruturação desta tese, elaboraram-se dois
artigos científicos com métodos, resultados e conclusões próprias, com dados
obtidos do projeto de pesquisa de base populacional VIGICARDIO, para o qual se
entrevistou uma amostra representativa de indivíduos de 40 anos e mais do
município de Cambé, Paraná, em dois momentos: linha de base (2011) e
seguimento (2015). Ambos os artigos são estudos epidemiológicos observacionais, o
primeiro do tipo longitudinal e o segundo do tipo tranversal e coorte prospectiva que
utilizaram dados dos dois períodos do VIGICARDIO. O primeiro verificou a
manutenção e a alteração dos estágios de mudança de comportamento para a AFTL
e a associação com características sociodemográficas e o segundo manuscrito
analisou a prevalência e incidência de não intenção de prática de atividade física no
tempo livre (NIPAFTL) e fatores associados. RESULTADOS: Artigo 1 –
Observaram-se frequências elevadas de indivíduos que se mantiveram nos estágios
de pré-contemplação (n=172; 57,0%) e de manutenção (n=119; 51,3%). Entre os
que se mantiveram no estágio de pré-contemplação, verificou-se maior proporção de
homens (RR=1,59; IC95%: 1,21-2,11), com idade ≥ 60 anos (RR=1,35; IC95%: 1,03-
1,78), com menor escolaridade (RR=1,24; IC95%: 1,04-2,33) e das classes C
(RR=1,71; IC95%: 1,17-2,49) e D/E (RR=1,88; IC95%: 1,12-3,18). Quanto aos que
permaneceram no estágio de manutenção houve menor proporção entre os
indivíduos das classes D/E (RR=0,35; IC95%: 0,14-0,87) em relação às classes A/B.
Artigo 2 - A prevalência de NIPAFTL foi de 34,4%, e após ajuste dos modelos foi
superior em homens, nos indivíduos de menor escolaridade, nas classes
econômicas C e D/E, naqueles com algum tipo de dependência funcional, em
tabagistas, nos que consumiam irregularmente frutas, verduras e/ou legumes e
naqueles que não consultaram médico nos últimos 12 meses. Indivíduos com
diabetes, sobrepeso ou obesidade apresentaram menor prevalência. A incidência de
NIPAFTL foi de 26,2%, e nas análises ajustadas foi maior entre os sujeitos das
classes econômicas D/E, que tinham autopercepção ruim/muito ruim de saúde,
tabagistas e com consumo irregular de frutas, verduras e/ou legumes.
CONCLUSÕES: Na amostra populacional estudada, tanto a prevalência em 2011
quanto a manutenção e a incidência de NIPAFTL (indivíduos no estágio de précontemplação) após quatro anos, foram elevadas. Verificaram-se associações com
variáveis sociodemográficas, de condições de saúde, de estilo de vida e de
utilização de serviços de saúde. Os achados também salientaram iniquidades dos
subgrupos mais vulneráveis (indivíduos das classes econômicas D/E, tabagistas e
com consumo irregular de frutas, verduras e/ou legumes) que tiveram tanto
prevalências maiores no estudo da linha de base, quanto incidências maiores após
quatro anos. Dessa forma, reforça-se a importância de identificar os estágios de
mudança de comportamento e fatores associados, a fim de delinear e direcionar
ações públicas intersetoriais para a promoção de um estilo de vida ativo.
Atividade física no tempo livre e fatores ocupados em professores de educação básica da rede pública
Douglas Fernando Dias, Arthur Eumann Mesas, Mathias Roberto Loch
Data da defesa: 24/03/2017
OBJETIVO: Aprofundar a compreensão sobre a relação trabalho e atividade física no
tempo livre (AFTL) em professores da educação básica. Para isso, consideraram-se
os seguintes objetivos específicos: 1) Sintetizar as evidências científicas sobre fatores
ocupacionais e atividade física (AF) em professores da educação básica no Brasil; 2)
Analisar a associação entre fatores ocupacionais e atividade física insuficiente no
tempo livre (AFI) (<150min/sem) em professores da educação básica da rede pública;
e 3) Analisar a associação entre mudanças autorreferidas nas condições de trabalho
e incidência e manutenção de níveis recomendados de AFTL (≥150min/sem) em
professores da educação básica da rede pública. MÉTODOS: Para a estruturação
desta tese, cada objetivo específico foi apresentado no formato de um artigo científico
com metodologia, resultados e conclusões próprias, conforme descrito na sequência.
Objetivo 1) Revisão sistemática sem restrição de idioma ou de data de publicação com
base nos descritores "professor", "atividade física" e termos relacionados. Os demais
objetivos específicos foram explorados no âmbito do projeto Saúde, Estilo de Vida e
Trabalho de Professores da Rede Pública do Paraná (PRÓ-MESTRE), no qual
professores das 20 maiores escolas estaduais de Londrina, atuantes em sala de aula
e responsáveis por uma ou mais disciplinas foram entrevistados individualmente em
dois momentos: baseline (nos anos de 2012 e 2013) e seguimento (após 24 meses).
Objetivo 2) Estudo transversal com dados obtidos no baseline. Objetivo 3) Estudo do
tipo coorte prospectiva, mediante análise de dados do baseline e do seguimento.
RESULTADOS: Objetivo 1) Na revisão sistemática foram identificados 17 artigos que
abordaram a AF em professores, todos publicados nos últimos dez anos, com
delineamento transversal e avaliação da AF realizada por meio de
questionários/formulários/escalas. A prevalência de AF variou de 19,3% a 62,4% e
apenas seis estudos verificaram sua associação com fatores ocupacionais. No total,
seis variáveis ocupacionais associaram-se à maior prática de atividade física. Objetivo
2) A prevalência de AFI entre os professores entrevistados foi de 71,9%, condição
associada de maneira independente à percepção de equilíbrio entre vida pessoal e
profissional ruim ou regular, percepção de que o tempo de permanência em pé afeta
o trabalho, percepção de capacidade atual para as exigências físicas do trabalho baixa
ou muito baixa e contrato de trabalho temporário. Objetivo 3) A incidência e
manutenção de níveis recomendados de AFTL ao longo de 24 meses foi de 23,2% e
63,6%, respectivamente. A análise ajustada mostrou que a incidência de níveis
recomendados de AFTL associou-se com a manutenção de bom equilíbrio entre vida
pessoal e profissional, manutenção da percepção de que raramente trabalha demais
e manutenção da percepção de que o trabalho raramente desgasta. CONCLUSÕES:
Com base nos estudos encontrados sobre o trabalho docente e a AF em professores
da educação básica no Brasil, as evidências ainda são insuficientes e os resultados
inconclusivos sobre tal relação. Por outro lado, dois estudos originais incluídos nesta
tese apresentaram evidências de que melhores condições de trabalho associam-se
com menor prevalência de AFI e com maior incidência de níveis recomendados de
AFTL.