QUASE MORTE MATERNA: Significados e caminhos em Londrina – PR.
PRISCILA ALEXANDRA COLMIRAN, Marselle Nobre de Carvalho, Mariana Haddad Rodrigues
Data da defesa: 29/05/2024
O presente estudo traz a abordagem de um tema de grande relevância social, a mortalidade materna e como a avaliação dos casos de quase morte materna/near miss materno, podem subsidiar as políticas de saúde materno infantis para evitar esse desfecho. Este trabalho foi desenvolvido por meio de estudo qualitativo, na perspectiva das narrativas e escuta de quatro mulheres que vivenciaram a quase morte materna através de entrevistas de profundidade e análise de conteúdo. Dentre os objetivos do trabalho estão a caracterização das mulheres que sofreram este agravo, a abordagem das demoras assistenciais em saúde, a compreensão destas mulheres sobre o evento de quase morte ocorrido com elas e a reconstrução por meio de figuras dos caminhos percorridos em busca de assistência. Os resultados obtidos evidenciaram pontos frágeis em comum tanto na saúde pública, quanto nos serviços de saúde suplementar, envolvendo questões relacionadas a informações insuficientes ou falta delas, qualificação profissional, acolhimento, questões de gênero e violação de direitos. Para as usuárias do serviço público o diferencial acrescentado foi a dificuldade de acesso aos serviços especializados para realização do pré-natal de alto risco. Este trabalho revelou como fundamental o papel da atenção primária à saúde, principalmente pela possibilidade de interferência direta nas demoras assistenciais I e II. As ações de avaliação e monitoramento sistemáticos dos indicadores de morbimortalidade materna e infantil, bem como o reconhecimento dos territórios e de outros determinantes sociais envolvidos no processo saúde-doença são imprescindíveis para direcionamento das políticas públicas de saúde, bem como para e reorganização dos processos de trabalho nos serviços públicos e privados. Utilizar os casos de quase morte materna como evento sentinela, demonstra-se uma ferramenta importante para elaborar propostas de vigilância, a fim de evitar a morte materna como desfecho final.
Identificação e caracterização dos indivíduos com indicação de cuidados paliativos cadastrados na Estratégia Saúde da Família
Fernando Cesar Iwamoto Marcucci, Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 22/08/2016
Introdução: Os Cuidados Paliativos (CP) buscam melhorar a qualidade de vida dos pacientes com doença em fase avançada ou sem possibilidade de cura, mas há poucos dados relacionados às características e necessidades destes indivíduos no contexto da atenção primária. Objetivos: Busca-se identificar os indivíduos com indicação para CP na Estratégia Saúde da Família (ESF); caracterizar suas condições clínicas e sociodemográficas, os principais sintomas e a capacidade funcional; e identificar quais serviços estes pacientes receberam da Unidade Básica de Saúde (UBS). Método: Realizou-se um estudo transversal, de cunho exploratório, em Londrina-PR. A amostra foi obtida a partir de UBSs que possuíam equipes da ESF, e estas foram orientadas a indicarem os indivíduos cadastrados que apresentavam as condições associadas aos CP. Os indivíduos indicados foram triados pela escala Palliative Care Screening Tool (PCST) e, aqueles incluídos, foram avaliados por: Questionário de dados sociodemográficos e clínicos; Escala de Performance de Karnofsky (EPK); Escala Sintomas de Edmonton; e Palliative care Outcome Scale (POS). Os resultados foram analisados por estatísticas descritiva e analítica. Resultados: Seis equipes de ESF indicaram 238 pacientes. Destes, 13 faleceram e 38 não foram localizados. Foram triados 187 pacientes pela PCST, 114 foram excluídos, por não preencherem os critérios de inclusão, e 73 foram incluídos. A frequência de pacientes com indicação de CP foi de 456/100 mil pessoas registradas na ESF. Daqueles incluídos, 41% eram homens e 59% mulheres, com média de idade de 77 anos. As doenças demenciais e cerebrovasculares foram os quadros mais frequentes. A maioria tinha condições crônicas e limitação funcional importante (média da EPK de 47,9 pontos). Os sintomas mais frequentes foram o comprometimento do bem-estar, dor, cansaço e sonolência, de intensidade leve. Houve correlação positiva entre a EPK e os sintomas de dor, cansaço e falta de ar. A maioria dos pacientes utiliza a UBS para a obtenção de medicamentos e orientação técnica de enfermeiros, médicos e agentes comunitários. Poucos tiveram atendimento de outros profissionais. Outros problemas percebidos foram a falta de visita domiciliar e a demora no atendimento. A escala POS indicou maior comprometimento nos aspectos de informação recebida, no valor próprio e na ansiedade familiar. Os cuidadores tiveram uma média de idade de 61 ano, a maioria era mulher, em geral, filhas e cônjuges dos pacientes. Dez indivíduos sem cuidadores tiveram maior funcionalidade (p<0,01), mas a intensidade de sintomas de dor (p=0,04) e cansaço (p=0,03), e o escore na escala POS (p=0,01) foram maiores, indicando maior dificuldade no controle de sintomas e maior limitação na assistência em CP que o grupo com cuidadores. Discussão: Os casos com necessidade de CP estão presentes na ESF, mas há limitações na sua assistência. A formulação de políticas de saúde e a capacitação dos profissionais envolvidos são aspectos fundamentais para incluir o acesso aos CP no sistema de saúde, especialmente neste nível de atenção, o que poderia melhorar a qualidade de vida destes pacientes e seus familiares. Conclusão: Há necessidade de ofertar CP no contexto da ESF. Para isto, é necessário treinamento, planejamento e políticas específicas nesta área.