Teses e Dissertações
Palavra-chave: Atenção domiciliar
Movimentos cartográficos na atenção domiciliar: visibilidades dos agires cuidadores
Silas Oda, Regina Melchior, Maira S. S. Bortoletto
Data da defesa: 31/08/2018
Interessou-nos nessa pesquisa olhar para a micropolítica do trabalho em saúde no
âmbito da atenção domiciliar em um município do sul do Brasil, entre os anos de
2016 e 2017, com o objetivo de cartografar os agires cuidadores, produzindo
visibilidades aos territórios do cuidado e a análise das intensidades que
atravessavam esses territórios. Para tanto, constituímo-nos um coletivo cartográfico
de pesquisa, trabalhadores de um serviço de atenção domiciliar e pesquisadores,
com o desafio de juntos produzirmos conhecimento a partir de movimentos
intercessores, num efeito pororoca poder olhar para si no agir cuidador, desenhando
mapas dos territórios do cuidado. Enquanto intercessores, trabalhadores e usuários,
com os quais encontramos, tornaram-se guias no caminhar cartográfico ao nos
agenciar nos processos de afetação, produzindo outras visibilidades, diferentes da
vista do olho retina. Foram também intercessores em nós Emerson Merhy, Suely
Rolnik, Gilles Deleuze, dentre outros, pensadores cujos conceitos cunhados foram
ferramentas-experiências no cartografar. O produto dessa pesquisa teve início já
com o surgimento do pesquisador-cartógrafo, construtor de conhecimento a partir da
análise dos afetos dos encontros e das suas próprias implicações. A partir de então
as cartografias desenhadas ganharam formas, cores e texturas com os nomes: A
Produção de Vida nas Reuniões de Equipe; Prática do Transver: Uma
Despolarização da Bússola Cartográfica; Marcas no Corpo e a Produção do
Cuidado; Decido Insistir, Insisto no Mesmo Olhar; Admissão e Alta: A Aposta na Vida
é o Critério dos Anômalos; Linhas de Fuga nas Redes de Atenção: A Vida Pede
Outros Caminhos; Carta à dona Rita.
A produção do cuidado no contexto familiar da atenção básica: uma cartografia
Thalita da Rocha Marandola, Regina Melchior, Josiane Vivian de Camargo Lima
Data da defesa: 28/05/2018
O cuidado é uma temática inerente a todo trabalhador em saúde, sua prática está
presente nos hospitais, nas clínicas, ambulatórios, nas unidades básicas de saúde,
nos domicílios, entre outros. E é no campo da atenção domiciliar, mais
especificamente o cuidado domiciliar na atenção básica à saúde, que nos
aproximamos para experimentar a produção do cuidado. O objetivo deste estudo foi
compreender como ocorre a produção do cuidado em saúde na atenção domiciliar,
na prática da Estratégia Saúde da Família, em uma Unidade Básica de Saúde de um
município de grande porte, na região sul do Brasil. A pesquisa ocorreu no período de
agosto/2016 a agosto/2017. Para tanto, utilizei a perspectiva cartográfica, que por
meio do uso do dispositivo de pesquisa da família-guia possibilitou encontros e
experimentações da produção do cuidado conforme estes foram sendo produzidos.
O ponto de partida do campo de pesquisa foi o serviço da atenção domiciliar e
posteriormente o território de uma unidade básica de saúde; neste último, a partir da
escolha da família-guia extrapolamos os limites do território geográfico da unidade,
produzindo e percorrendo a rede viva produzida pela própria família. A partir dos
encontros com os outros pontos da rede e com os trabalhadores surgiram pistas que
indicaram o processo de produção do cuidado da família selecionada. As pistas
identificadas foram: O que trazemos e o que opera nos encontros? A disputa do
cuidado; As redes; A reflexão sobre o processo de trabalho. A partir delas pude
inferir que no processo do cuidado tanto trabalhadores quanto usuários levam para o
encontro marcas que pulsam de acordo com a intensidade do encontro e que vão
interferir no cuidado prestado e ainda, que o cuidar ou ser cuidado requer a
identificação e reflexão dos nossos valores universais e regimes de verdades, que
podem influenciar a forma como operamos o cuidado no encontro. Além disso, a
disputa do cuidado entre trabalhadores e trabalhadores/usuários aparece como
elemento que pode potencializar ou fragilizar este processo, o que frequentemente
surge quando a rede de cuidados é acionada. Sobre a rede de cuidados foi
observado que a rede formal é a mais reconhecida e a rede viva produzida pelo
usuário ainda é pouco valorizada pelos trabalhadores apesar de suas
potencialidades. Durante esta jornada, notou-se o quão importante foi a análise do
processo de trabalho em saúde para a melhor construção do cuidado, dando vasão
as afetações e espaço para as experimentações o que resulta no cuidado dos
cuidadores/trabalhadores da saúde.