Aleitamento materno de prematuros em hospital escola de Londrina – PR
Márcia M. Benevenutto Oliveira, Zuleika Thomson
Data da defesa: 02/06/2004
Esta pesquisa avaliou a prática do aleitamento materno entre prematuros, durante o período de internação e nos primeiros seis meses de vida. Realizou-se um estudo longitudinal com 278 prematuros nascidos no Hospital Universitário de Londrina – PR, no período de maio de 2002 a abril de 2003. A metodologia constou da análise de prontuários de mães e de prematuros, além de entrevistas com as mães dessas crianças aos seis meses de vida, por meio de visita domiciliar ou telefone. Os procedimentos analíticos utilizados foram a técnica de sobrevida pelo método de Kaplan-Meier e pelo modelo de regressão de Cox multivariado. A prevalência do aleitamento materno dos prematuros durante o tempo de internação foi de 100% e 31% para o aleitamento materno exclusivo. A mediana do aleitamento materno exclusivo e do aleitamento materno foi 63,5 dias e superior a 180 dias, respectivamente. A prevalência do aleitamento materno no sexto mês foi 54,7%, embora apenas 6,8% permanecessem em aleitamento materno exclusivo. Até o sexto mês de vida, 78,4% dos prematuros receberam outro tipo de leite que não o humano e, deste total, 56,4% receberam fórmula infantil. O uso de chupeta pelos prematuros foi a variável que apresentou associação significativa com a duração do AME, revelando uma chance 1,67 vezes maior para a interrupção do aleitamento materno exclusivo quando comparado àqueles que não usaram chupeta. Os fatores que mais contribuíram para o sucesso do aleitamento materno alegados pelas mães foram: o conhecimento das vantagens do aleitamento materno, o desejo pessoal de amamentar e os incentivos recebidos por outras pessoas. As dificuldades para amamentar mais citadas pelas mães foram os problemas relativos à mama e à pega e, entre estes, a fissura. Quando comparada com anos anteriores, a duração do aleitamento materno exclusivo entre os prematuros estudados aumentou, estando de acordo com a tendência mundial. Constatou-se que nenhum prematuro fez uso de fórmula infantil exclusiva durante a internação. As mães continuam introduzindo alimentos aquém dos seis meses de vida, tempo esse recomendado para as crianças permanecerem em aleitamento materno exclusivo.
Aleitamento materno: prevalência e fatores associados em áreas de atuação de Equipes de Saúde da Família
Maria Fernanda Tenório Campana, Zuleika Thomson, Regina Kazue Tanno de Souza
Data da defesa: 06/06/2008
O Programa de Saúde da Família (PSF), considerado estratégia incremental do SUS, nas suas bases prioriza as ações de proteção e promoção à saúde de forma integral e contínua. Em relação à amamentação, as equipes do PSF podem desenvolver atividades educativas, desde a gestação até o estabelecimento e da amamentação, bem como em sua manutenção. O padrão de amamentação varia com o local e com as características da população e dos serviços de saúde. Desta forma, esta pesquisa teve por objetivo estimar a prevalência do aleitamento materno (AM) e do aleitamento materno exclusivo (AME) e investigar os fatores associados à prática da amamentação no sexto mês da criança em áreas de atuação de Equipes de Saúde da Família (ESF). Trata-se de um estudo transversal, realizado por meio de inquérito domiciliar. As principais variáveis de estudo foram as relacionadas às características demográficas e socioeconômicas dos binôminos mãe-filho, à alimentação da criança, e à assistência à saúde durante o período pré e pós-natal. Foram entrevistadas 241 mães de crianças nascidas entre setembro de 2006 e fevereiro de 2007, residentes em uma das cinco regionais de saúde do município de Maringá-PR, selecionadas a partir do Sistema de Informações de Nascidos Vivos e registros dos Agentes Comunitários de Saúde. As entrevistas foram realizadas aos 180 dias de vida da criança (± 7 dias). A análise da associação entre as variáveis independentes e a prática da amamentação (AM + AME) no sexto mês foi realizada a partir do teste de Qui-quadrado com correção de Yates ou pelo teste exato de Fisher (p<0,05). Os resultados revelaram prevalência elevada de AM (66,8%) e baixíssima de AME (2,9%). O abandono do AME foi expressivo apenas a partir do quarto mês. Associaram-se negativamente à prática da amamentação, o baixo peso ao nascer (p= 0,004), a idade gestacional inferior a 37 semanas (p=0,02) e o tempo de internação hospitalar após o nascimento superior a sete dias (p=0,003). Nenhuma variável relacionada às características da assistência a saúde associou-se significativamente. A orientação sobre AM foi positivamente referida por 55% das mães durante o pré-natal, 74,4% durante a internação, 56,9% no momento da alta e por apenas 28,2% durante as visitas domiciliares por profissionais das ESF. A visita domiciliar no puerpério foi baixa (42,5%). Concluiu-se que a situação privilegiada da amamentação no sexto mês na área estudada sugere maior influência de fatores sócio-culturais. Porém, acredita-se que a atuação efetiva dos profissionais das ESF priorizando a captação das necessidades das mães, por meio da escuta qualificada, possa elevar a duração do AM, especialmente de sua forma exclusiva.
Prevalência e fatores associados à má oclusão na dentição decídua em crianças de Pedra Preta, MT
Juliana Mariano Massuia, Wladithe Organ Carvalho
Data da defesa: 17/06/2010
A elevada prevalência de má oclusão na população alcança posição de destaque na escala de prioridades e problemas de saúde bucal no Brasil, e, por isso deve ser considerada dentro da área de atenção dos serviços de Saúde Pública, em decorrência das implicações fisiológicas e sociais integradas da boca. Este estudo teve por objetivo estimar a prevalência de má oclusão na dentição decídua e examinar fatores a ela associados. Realizou-se um estudo transversal do tipo inquérito epidemiológico, no município de Pedra Preta, Mato Grosso. A coleta de dados foi composta por duas etapas: entrevista com a mãe e/ou responsável e exame clínico odontológico da criança. As entrevistas foram realizadas por duas auxiliares previamente treinadas e pela pesquisadora principal e o exame clínico por um cirurgião dentista previamente treinado e calibrado (Kappa intraexaminador: 0,96). Foram incluídas todas as crianças residentes nas áreas de abrangência das Unidades de Saúde da Família (USF) do município, na faixa etária de três a cinco anos e meio de idade. A coleta de dados ocorreu entre os meses de abril e junho de 2009 e a população de estudo foi constituída por 374 crianças. O desfecho do estudo foi a presença de má oclusão, e, os critérios de classificação das oclusões normais e das más oclusões foram: relação terminal dos segundos molares decíduos, relação de caninos, relação transversal, trespasses e presença/ausência de apinhamento. A oclusão foi classificada como normal quando: a relação terminal dos segundos molares decíduos se encontrava em plano reto e/ou mesial com o canino em classe I; havia ausência de apinhamento, de mordida cruzada e/ou aberta; com sobremordida e sobressaliência normais; com medidas positivas de até 2 mm. Para análise estatística, utilizou-se a regressão de Poisson. A prevalência de má oclusão foi de 53,2% (IC 95%:48,3; 58,6), os tipos mais frequentes foram o apinhamento, a sobressaliência e a mordida aberta anterior; e o hábito bucal mais prevalente foi a mamadeira. Verificou-se associação negativa de má oclusão com as seguintes variáveis: perfil facial do tipo côncavo/convexo, arco maxilar em forma de V, presença de hábitos bucais e aleitamento materno exclusivo ≤ 3 meses. A prevalência de má oclusão na dentição decídua foi elevada, entretanto alguns fatores associados são evitáveis: o diagnóstico precoce e medidas preventivas podem impedir e/ou interceptar o estabelecimento destas alterações, ainda, na dentição decídua.