Teses e Dissertações
Palavra-chave: Adolescentes
Epidemiologia dos Acidentes e Violências em Menores de 15 anos em Londrina, Paraná
Christine Baccarat de Godoy Martins, Selma Maffei de Andrade
Data da defesa: 31/01/2004
O estudo teve como objetivo analisar as características dos acidentes e violências ocorridos entre menores de 15 (quinze) anos residentes no município de Londrina, estado do Paraná, cujas vítimas demandaram atendimento em serviços hospitalares ou que morreram por essas causas. A população de estudo foi composta pela população menor de 15 anos residente no Município, que foi atendida em serviços hospitalares gerais de urgência ou de internação da cidade durante o ano de 2001, ou que morreram em um prazo de até um ano após o acidente ou ato violento ocorrido naquele ano. Os casos de acidentes ou violências foram definidos como os eventos classificáveis no capítulo XX da Classificação Internacional de Doenças, décima revisão (causas externas de morbidade e de mortalidade). Os dados de morbidade foram obtidos através de investigação em prontuários nas cinco unidades hospitalares da cidade que prestam atendimento geral a crianças, preenchendo um formulário previamente testado. Os dados de mortalidade foram coletados no Núcleo de Informação em Mortalidade da Prefeitura de Londrina, sendo posteriormente comparados aos dados de morbidade, com vistas a formar um único banco de dados. O programa computacional Epi Info foi utilizado para processamento eletrônico, tabulação e conferência dos dados, a fim de evitar duplicação e inconsistências. Foram estudados 8854 menores de 15 anos vítimas de acidentes ou violências, o que representa uma taxa de incidência de 7,5% em 2001. Observou-se uma taxa de internação hospitalar de 4,2% e de letalidade de 0,2%. Maiores taxas de incidência foram observadas entre crianças de um e dois anos de idade (10,9%) e o sexo masculino prevaleceu, exceto entre menores de um ano. Para o conjunto das vítimas, as quedas (33,8%) predominaram, seguidas pelos eventos de intenção indeterminada (30,6%), pelas forças mecânicas inanimadas (15,5%) – causadas especialmente pela penetração de corpo estranho em orifício natural ou através da pele – e pelos acidentes de transporte (7,5%), principalmente os que envolveram ciclistas. Entre os internados que sobreviveram, as quedas também foram as principais causas (32,4%), seguidas pelos acidentes de transporte (19,5%), sendo ciclistas e pedestres as vítimas mais freqüentes. Os acidentes de transporte foram os principais responsáveis pelos 18 óbitos (44,4%), especialmente de pedestres, seguidos pelos afogamentos (16,7%) e pela aspiração de conteúdo gástrico (11,1%). Apesar de não ter sido objeto de análise, foram evidenciadas algumas seqüelas permanentes entre as vítimas atendidas, tais como tetraplegia e amputação traumática de dedos. Também observaram-se casos de crianças que tiveram dois ou três diferentes acidentes durante o ano. A análise de cada tipo de causa externa permitiu verificar diferenciais nos tipos de acidentes ou violência e nas características das vítimas. Estes resultados contribuem para ampliar o conhecimento sobre as características epidemiológicas dos acidentes ou violências que ocorrem na infância, conhecimento este necessário para um planejamento mais adequado de ações preventivas que visem a redução deste importante agravo em nossa sociedade.
Não-HDL-Colesterol e LDL-Colesterol em escolares de 7 a 17 anos na cidade de Maracai, SP
Matiko Okabe Seki, Tiemi Matsuo
Data da defesa: 14/02/2006
Fundamentos. A prevenção das doenças cardiovasculares deve começar na
infância e adolescência com determinação de colesterol contido nas lipoproteínas de
baixa densidade (LDL-c) e de outros fatores de risco. Recentemente, alguns autores
vêm propondo a substituição do LDL-c pelas lipoproteínas de não-alta-densidade
(não-HDL-c), pois estas incluem todas as lipoproteínas consideradas aterogênicas.
Objetivo. Avaliar a correlação entre o não-HDL-c e LDL-c, e estas com as variáveis:
Colesterol Total (CT), Triglicérides (TG), lipoproteínas de alta densidade (HDL-c),
VLDL-c, Índice de Massa Corporal (IMC) e cintura abdominal; e adicionalmente,
calcular valores de não-HDL-c correspondente ao LDL-c que podem requerer
intervenção individual.
Casuística e Métodos. No período de março a outubro de 2002 foram avaliados
2029 escolares de ambos sexos de sete a 17 anos das escolas de Maracaí, SP. As
dosagens bioquímicas foram realizadas com kits de química seca, aparelhos Vitros
750. O LDL-c foi calculado pela fórmula de Friedewald (LDL-c = Colesterol Total –
HDL-colesterol – Triglicerídeo/5) e o não-HDL-c pelo cálculo da diferença entre o
Colesterol Total e o HDL-c. Resultados. A correlação entre o não-HDL-c e LDL-c foi
de 0,971 (p<0,001). O não-HDL-c apresentou melhor correlação em comparação ao
LDL-c com todas as variáveis estudadas Conclusões. O não-HDL-c apresentou
uma boa correlação com o LDL-c e mostrou-se superior a estas lipoproteínas nas
variáveis consideradas como fatores de risco para doenças cardiovasculares. São
apresentadas concentrações de não-HDL-c correspondentes aos LDL-c que
estimam valores que podem requerer intervenção individual para dislipidemias em
crianças e adolescentes.
Saúde Bucal dos Homens Jovens: Ponta Grossa, Paraná-Brasil
Claudia Saveli, Luiz Cordoni Junior
Data da defesa: 31/08/2006
O objetivo deste estudo foi conhecer o estado geral de saúde dos jovens de 18
anos do sexo masculino de Ponta Grossa, Paraná, Brasil e como se dá o acesso aos
serviços odontológicos. A metodologia utilizada foi de um estudo transversal em uma
amostra aleatória de alistandos (n= 421) do Exército Brasileiro. O instrumento de
coleta de dados foi o utilizado no levantamento nacional SBBRASIL, e para aferir o
motivo dos jovens que nunca foram ao dentista o instrumento utilizado e pré-testado
baseou-se na literatura. Associações entre prevalência de cárie, índice CPO-D e
seus componentes com as variáveis estudadas foram avaliadas por meio do teste de
Kruskall-Wallis. A prevalência de cárie foi de 75,54% e o índice CPO-D médio foi
igual a 6,02. Obteve-se o percentual de 21,5% de jovens que necessitavam de
tratamento odontológico. Diferenças estatisticamente significativas foram
encontradas entre prevalência de cárie dentária e nível sócio – econômico, sendo os
grupos de menor escolaridade e renda os com piores indicadores. Averiguou-se que
55,58% apresentavam doença periodontal, e em média 3,34 dos sextantes
apresentavam sangramento. Dentre os 5,5% de jovens que apresentavam alteração
de tecido mole, a presença de “piercing” foi a mais encontrada. Na amostra obtida
encontrou-se o percentual de 7,13% de entrevistados que nunca foram ao dentista,
e os dos que foram 52,43% utilizaram o serviço público, sendo o motivo de maior
procura por consulta de rotina e manutenção. Grande maioria dos jovens considerou
o atendimento de bom a ótimo. Observou-se que quanto melhor a autopercepção do
jovem em relação à sua saúde bucal menor o índice CPO-D (p =0,00). O estudo
considerou que o profissional da Odontologia vem a ser o ator principal no processo
saúde /doença bucal e o maior responsável para que a situação das condições
bucais venha a melhorar.
Uso de Substâncias Psicoativas e Condição de Saúde Bucal de Adolescentes em Conflito com a Lei
Marcela Aparecida Tasso Pereira, Dinarte Ballester
Data da defesa: 02/03/2012
O despertar para a adolescência e as mudanças de hábito implicam em riscos para a
saúde bucal. O objetivo deste estudo foi de verificar as condições de saúde dos
adolescentes do CENSE (Centro de Socioeducação) - Foz do Iguaçu com ênfase no uso
de substâncias psicoativas e sua influência na saúde bucal. O estudo transversal foi
realizado com participantes de 12 a 18 anos de idade (n=114), em internação provisória
entre os meses de outubro de 2010 e março de 2011. Foram realizadas entrevistas e
exames por um cirurgião dentista calibrado, buscando avaliar as condições
socioeconômicas, o uso de substâncias psicoativas e aspectos de saúde bucal através dos
índices CPOD (conforme recomendações da OMS) e o instrumento utilizado para
mensurar o impacto das condições bucais na qualidade de vida dos adolescentes no
último ano foi o Oral Health Impact Profile (OHIP-14). Foi feita análise descritiva dos
dados e aplicação do teste qui-quadrado. A maioria dos entrevistados (62,3%) era de
pardos ou negros, com renda familiar até um salário mínimo (50,9%) e não freqüentava
a escola (63,2%). Entre os entrevistados, 78,1% fez uso de substâncias psicoativas no
mês anterior à apreensão. As substâncias consumidas por mais dias no mês foram o
tabaco (12 dias) e a maconha (11 dias), e a idade média de início de uso foi de 13,5 anos
(DP±1,18). Com relação à saúde bucal 31,2% nunca foram ao dentista, o índice CPOD
médio encontrado foi 5,16 (DP±3,34), 12,3% eram livres de cárie e 29,9% apresentaram
índice CPOD maior que 6,0. Entre os adolescentes entrevistados 90% apresentou algum
tipo de impacto da saúde bucal na qualidade de vida referida, medido pelo OHIP-14 ,
60% relatou já ter sentido dor nos dentes ou boca e 62% já se preocupou com os
problemas bucais. A variável renda familiar baixa (p=0,01) e a presença de conflitos
familiares (p=0,01) apresentaram significância com relação ao uso de substâncias
psicoativas. Nesta pesquisa os indivíduos que faziam uso de substâncias psicoativas
apresentaram proporcionalmente um maior impacto referido da saúde bucal na
qualidade de vida, e ainda quanto maior o consumo durante o mês maior foi o impacto
na saúde bucal entre os adolescentes do CENSE-FI. Clinicamente os indivíduos que
não fizeram uso de substância apresentaram maior proporção de elementos dentais
livres de cárie, enquanto os que fizeram uso apresentaram número maior de problemas
dentais. Conclui-se que os adolescentes em internação provisória no CENSE-FI
apresentaram uma condição de saúde bucal pouco satisfatória, com alta prevalência
de impacto na qualidade de vida em decorrência de problemas bucais. O uso de
substâncias psicoativas entre os adolescentes avaliados pode ter influenciar
negativamente a saúde bucal.
Excesso de peso em adolescentes: associações com características próprias e de seus pais ou responsáveis
Diego Giulliano Destro Christofaro, Selma Maffei de Andrade, Arthur Eumann Mesas
Data da defesa: 29/08/2012
O excesso de peso tem se tornado um dos maiores problemas da saúde pública na atualidade.
A alta prevalência de excesso de peso tem sido detectada não apenas na população adulta,
mas também nas populações mais jovens. Dessa forma, é importante conhecer fatores que
possam contribuir para esse problema em adolescentes. Este estudo transversal teve como
objetivo examinar a associação entre o excesso de peso em adolescentes e fatores
sociodemográficos e comportamentais dos próprios adolescentes e de seus pais ou
responsáveis. Foram avaliados 1231 adolescentes e, pelo menos, um dos seus pais ou
responsáveis em seis escolas da região central de Londrina-PR. As informações dos
adolescentes foram coletadas nas escolas mediante aplicação de questionários e medidas
objetivas de peso e estatura. O excesso de peso nos adolescentes foi identificado segundo
valores de referência específicos para sexo e idade preconizados na literatura especializada.
Para a obtenção dos dados dos pais ou responsáveis, utilizaram-se questionários. A
prevalência de excesso de peso nos adolescentes que participaram do estudo foi de 18,5%.
Nos pais ou responsáveis do sexo masculino, a prevalência de excesso de peso foi de 70,7%,
enquanto que nas mães ou responsáveis do sexo feminino foi de 54,9%. Na análise bivariada,
observou-se associação entre o excesso de peso dos adolescentes e seus comportamentos
sedentários (p<0,001) e baixo consumo de doces (p=0,003). Quando consideradas as
características dos pais, o excesso de peso de pais e mães e o baixo consumo de verduras por
parte dos pais (sexo masculino) associaram-se ao excesso de peso nos adolescentes. Na
análise multivariada, com ajuste de variáveis de confusão, mantiveram-se associadas ao
excesso de peso dos adolescentes: comportamento sedentário dos adolescentes, baixo
consumo de doces desses jovens, excesso de peso dos pais de ambos os sexos e baixo
consumo de verdura dos pais ou responsáveis do sexo masculino. No modelo multivariado
final, foram associados ao excesso de peso dos adolescentes, de forma independente entre si:
baixa escolaridade da mãe (OR= 1,85); excesso de peso do pai (OR=1,62); excesso de peso da
mãe (OR= 2,68); o sedentarismo dos adolescentes (OR=2,30); alto consumo de doces dos
adolescentes (OR=0,46); e o baixo consumo de verduras do pai (OR=1,53). Os achados do
presente estudo indicam que características e comportamentos dos pais ou responsáveis
podem contribuir para o aumento do índice de massa corporal nos adolescentes. Estratégias
para conter o aumento da prevalência de excesso de peso em idades precoces devem ser
focadas também nas famílias e não apenas nos adolescentes.