Cobertura e fatores associados à realização do teste para HIV/aids durante a assistência pré-natal na 15ª Regional de Saúde de Maringá-PR
Norico Miyagui Misuta, Darli Antonio Soares
Data da defesa: 28/04/2004
Desde a publicação dos resultados da pesquisa realizada pela equipe Pediatric AIDS Clinical Trials Group (Protocolo ACTG 076) demonstrando que a administração do zidovudina na gestante infectada pelo HIV pode reduzir a transmissão em aproximadamente 70%, o diagnóstico do HIV tornou-se fundamental para a redução da transmissão perinatal. Contudo, vários estudos demonstram que a sorologia da aids não tem sido realizada em todas as gestantes. Desta forma, a presente pesquisa analisa a cobertura da testagem para HIV e os fatores associados com a sua não-realização durante a assistência pré-natal. Foram entrevistadas mulheres cujos partos foram realizados entre 01 de janeiro e 31 de março de 2003, residentes em cinco municípios da 15ª Regional de Saúde de Maringá-PR (15ª RS), localizadas pelos sistemas de informação sobre nascidos vivos (SINASC) e mortalidade (SIM). O cálculo do tamanho da amostra resultou em 450 mulheres, para estimar uma prevalência de 50,0% de cobertura da testagem para HIV, com um erro de 5,0% na estimativa e nível de confiança de 95,0%. Das 435 mulheres entrevistadas, quando indagadas se realizaram a sorologia da aids durante o pré-natal, a maioria (86,4%) disse que sim, 9,0% disseram que não e 4,6% não sabiam. Observou-se alto grau de concordância entre a informação oral e aquela obtida nos registros e a cobertura do teste, estimada a partir da comprovação em registro, foi de 89,6% durante o pré­natal e somente 13,6% receberam aconselhamento pré-teste.Não houve diferença na cobertura da testagem e aconselhamento entre as mulheres atendidas no SUS e não-SUS. Entre as que não receberam aconselhamento e realizaram o exame, 54,9% foram informadas da solicitação; 29,7% souberam pela requisição do exame, 9,8% após o resultado e 5,7% durante a coleta de sangue; ou seja, 45,1% não foram informadas sequer da solicitação do sorodiagnóstico para HIV. A maioria (94,1%) realizou o exame porque o médico pediu, e os principais motivos da não-realização do teste foram: para 66,7%, o fato de o médico não o ter pedido; para 20,5%, o fato de haverem sido testadas há pouco tempo ou na gestação anterior, e 7,7% não o fizeram por dificuldade na coleta do exame. Não houve diferença entre mulheres testadas e não testadas, quanto às características sociais e demográficas, fonte de financiamento do pré-natal e comportamento de risco. A cobertura da testagem para HIV foi elevada (89,6%), porém, grande parte das gestantes não recebeu aconselhamento, o que não contribui para redução da transmissão do HIV entre os parceiros sexuais. Além disso, o fato de, entre as não testadas, a maioria não ter realizado o exame porque o médico não o solicitou indica a necessidade de capacitar melhor os profissionais de saúde que realizam o pré-natal.