Acidentes de trabalho com material biológico na equipe de enfermagem de Hospital Escola Público
Iara Aparecida de Oliveira Sêcco, Paulo Roberto Gutierrez
Data da defesa: 05/07/2002
Notificações de acidentes de trabalho (AT) são instrumentos de vigilância epidemiológica e avaliação da situação de saúde do trabalhador, dos riscos ocupacionais e dos processos de trabalho em que esses estão inseridos, possibilitando implementação de estratégias de promoção à sua saúde. Este estudo descritivo, sob o referencial teórico da Epidemiologia, objetivou analisar os acidentes de trabalho com material biológico (ATMB) notificados entre trabalhadores de enfermagem do Hospital Universitário Regional do Norte do Paraná, no período de 1995 a 2000, segundo as variáveis ligadas à pessoa, tempo e espaço, caracterizar esses acidentes em relação aos AT de outra natureza ocorridos no mesmo período do estudo, estimar indicadores de risco (coeficiente de risco – CR e risco relativo - RR) para as variáveis estudadas, estudar relações entre as cargas de trabalho presentes nos processos de trabalho e a ocorrência dos acidentes; também, avaliar o impacto das estratégias educativas desenvolvidas na Instituição e a implantação do Programa de ATMB ocorridos no segundo triênio do estudo. A coleta de dados foi realizada através das Comunicações de Acidentes de Trabalho do ano de 1995 a 2000, Notificações de Acidentes de Trabalho com Material Biológico de 1998 a 2000, documentos estes obtidos no Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho, Unidade de Pronto Socorro e 17º. Regional de Saúde. Para a tabulação e análise estatística foi utilizado o Programa Epi-Info e a Planilha Eletrônica Excel. Constatou-se que, dos 421 acidentes notificados, 53,4% (225) referiram-se a ATMB; os acidentes envolvendo materiais biológicos apresentaram o maior risco para os profissionais de enfermagem em todos os anos do estudo, com CR médio anual de 5,9 acidentes para cada 100 trabalhadores, e RR médio anual de 1,2 em relação aos AT de outra natureza. Embora a freqüência de ATMB entre as mulheres tenha sido de 85,8% (193), superior às ocorrências entre os homens em todos os anos, o CR para o ano 2000 mostrou valores semelhantes para ambos os sexos, sendo de 8,1 para o feminino e 8,8 para o masculino. A faixa etária com maior número de ocorrências foi a de 30 a 40 anos incompletos, com 47,1% (106) dos casos; entretanto, para o ano 2000, o risco esteve inversamente proporcional à idade dos trabalhadores, com maior valor entre aqueles de 20 a menos de 30 anos, igual a 15,1. Os auxiliares de enfermagem foram acometidos por 90,2% (203) dos ATMB notificados e o maior CR médio anual, igual a 6,8. A parte do corpo mais atingida e com maior risco para os acidentes foram as mãos, apresentando freqüência de 82,8% dos casos e CR médio anual de 4,9. As perfurações representaram o total de 70,7% (159) dos ATMB e mostraram CR médio anual de 4,2. Os acidentes estiveram associadas, principalmente, às tarefas de punções venosas, manuseio de materiais contaminados e administração de medicamentos. Em 11,6% (26) dos ATMB houve exposição ocupacional a pacientes soropositivos para HIV. O setor com maior número de ocorrências foi o Pronto Socorro (23,1%), apresentando CR médio anual de 13,8. Ainda, 73,3% (165) dos ATMB deram-se no período diurno, especialmente nas segundas e quintas-feiras. Verificou-se aumento do número de notificações após a implantação do PATMB, que passou de 4,3 para 7 notificações ao mês, sinalizando o seu impacto positivo para a equipe, estando esse resultado, possivelmente, associado às demais estratégias educativas desenvolvidas. Constatou-se a necessidade de manutenção de ações de educação para os profissionais de enfermagem, bem como revisão dos processos de trabalho a que esses estão expostos, a partir dos riscos e cargas de trabalho identificadas, promovendo a prevenção de doenças ocupacionais graves como a AIDS e Hepatite B. Também, da necessidade de orientação à equipe quanto à legislação vigente, com vistas a melhorar o fluxo das notificações para a maior segurança do trabalhador, conferindo-lhe o amparo legal necessário.
Atuação profissional de motoboys e fatores associados à ocorrência de acidentes de trânsito em Londrina-PR
Daniela Wosiack da Silva, Darli Antonio Soares, Selma Maffei de Andrade
Data da defesa: 28/07/2006
Nos últimos anos, no Brasil, tem sido observada utilização crescente dos serviços de entrega de mercadorias por motoboys, os quais são susceptíveis à ocorrência de acidentes de trânsito devido à sua grande exposição nas vias públicas e à necessidade de realizarem o maior número possível de entregas em curto intervalo de tempo. Há poucos estudos que abordam os riscos de acidentes a que está exposta esta categoria profissional. Este estudo teve por objetivo analisar o perfil de motoboys, sua atuação profissional e fatores associados com a ocorrência de acidentes de trânsito durante o trabalho no município de Londrina. Trata-se de um estudo transversal, tendo como unidade de análise motoboys que atuam em Londrina. A delimitação da amostra deu-se após a realização de um estudo exploratório, por consultas telefônicas buscando-se definir o número de motoboys atuantes nos sete principais tipos de empresas que os empregam (restaurantes, farmácias, papelarias/copiadoras, empresas de tintas, gás, água e entregas). A partir desse levantamento, visando garantir a proporcionalidade, as empresas foram ordenadas por tipo e número de motoboys, sendo realizada amostragem sistemática de aproximadamente 50%. A coleta de dados ocorreu de setembro a novembro de 2005, utilizando um questionário auto-aplicável, desenvolvido após diversas etapas visando seu aprimoramento. Com a finalidade de reduzir perdas, foram realizadas até cinco visitas à mesma empresa nos três períodos do dia. A análise dos dados foi feita por meio de análises descritivas, bivariadas e regressão logística. Foram entrevistados 377 motoboys (perda de 4% em relação aos amostrados). Cerca de 75% dos motoboys apresentava tempo de atuação profissional superior a dois anos. A maioria (68%) atuava em apenas um tipo de empresa, havendo predomínio de restaurantes (48%). Em cerca de 65% dos casos, a remuneração estava relacionada à quantidade de entregas feitas. Constatou-se que 36% dos motoboys alternavam turnos de trabalho e que 42% referiram ter trabalhado mais do que dez horas por dia na última semana. Cento e quarenta e sete motoboys (39%; intervalo de confiança de 95% [IC95%]: 34,1-44,1%) relataram ter sofrido acidentes de trânsito nos doze meses anteriores à realização da pesquisa, e 121 (32,1%; IC95%: 27,5-37,1%) durante o exercício profissional. Foram relatados, no total, 257 episódios de acidentes de trânsito, o que equivale a uma taxa de 68,17 acidentes por 100 motoboys. Na análise multivariada, os fatores independentemente associados, de forma direta, ao relato de ocorrência de acidentes de trânsito durante o trabalho foram: a idade dos motoboys, sendo maior a taxa de acidentes na faixa etária de 18 a 24 anos (Razão de Chances [OR]=1,74), a adoção de velocidades acima de 80 Km/h nas avenidas do município (OR=1,64) e a alternância de turnos de trabalho (OR=1,77). Os resultados indicam alta incidência de acidentes de trânsito no período analisado. A maior parte dos acidentes ocorreu durante o trabalho, comprovando a maior exposição dos motoboys aos acidentes de trânsito devido a características inerentes à profissão, sendo necessárias estratégias e políticas específicas para a redução de acidentes envolvendo estes profissionais.
Acidentes de trabalho com material biológico em equipe de enfermagem de Unidades de Pronto Atendimento: ocorrência, subnotificação e medidas preventivas
Cinthia Marina do Nascimento Domingos, Selma Maffei de Andrade, Alberto Durán González
Data da defesa: 23/07/2014
Os riscos ambientais a que o trabalhador de saúde se expõe são diversos, tais como: riscos químicos, físicos, ergonômicos e biológicos. O risco biológico é um dos que mais contribuem para a insalubridade. Após acidente com material biológico, o trabalhador pode desenvolver várias doenças, como aids e hepatites B (HBV) e C. Esta pesquisa objetivou analisar a ocorrência de acidentes com material biológico e sua notificação entre membros da equipe de enfermagem de Unidades de Pronto Atendimento da rede pública de Londrina, Paraná. Trata-se de um estudo transversal. Os dados foram coletados entre abril e junho de 2013 por meio de um formulário com questões relacionadas às características sociodemográficas, do trabalho e do acidente com material biológico. Para o processamento e tabulação dos dados foram utilizados os programas Excel, Epi Info versão 3.5.4 e Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 19.0. Foram entrevistados 224 trabalhadores. Em relação ao esquema vacinal contra hepatite B, 1,3% (n=3) responderam que não eram vacinados e 1,8% (n=4) declararam ter tomado somente uma ou duas doses. A realização do exame Anti-Hbs, que avalia a imunidade contra HBV, foi referida por 149 (67,4%) dos entrevistados. A prevalência de acidentes com material biológico nos últimos 12 meses foi de 9,4% (n=21). Os procedimentos invasivos (retirada de acesso venoso, manipulação de instrumentais cirúrgicos, medicação intramuscular e subcutânea e HGT) foram os mais referidos como procedimento executado durante o acidente pelos entrevistados (61,9%), seguidos pelo descarte de materiais (19%). Acidentes percutâneos causados por agulhas de injeção e cateteres periféricos/centrais foram os mais frequentes (76,1%). A prevalência de subnotificação de acidente de trabalho com material biológico entre a equipe de enfermagem foi de 9,5%. Os resultados fornecem informações importantes para a implementação de ações preventivas, como revisão dos processos de trabalho, vigilância em relação à imunização contra hepatite B e capacitação sobre normas de biossegurança.