Teses e Dissertações
Palavra-chave: Acesso a serviços de saúde
Avaliação de acessibilidade aos serviços de atenção primária e longitudinal do cuidado entre adultos
Bárbara Radigonda, Luiz Cordoni Junior, Regina Kazue Tanno de Souza
Data da defesa: 17/07/2017
A atenção primária em saúde (APS) deve ser o contato preferencial dos usuários, a
principal porta de entrada e o centro de comunicação com toda a rede de atenção. A
acessibilidade e a longitudinalidade estão entre os atributos essenciais da APS e
influenciam na efetividade do cuidado e satisfação do usuário. Avaliações produzidas a
partir de análises do cotidiano detectam carências e contribuem para o aperfeiçoamento
da APS. O presente estudo tem como objetivo analisar e avaliar a acessibilidade aos
serviços de atenção primária e a longitudinalidade do cuidado em grupo populacional de
adultos. Trata-se de um estudo transversal composto por adultos de 40 anos ou mais,
participantes de estudo de base populacional – VIGICARDIO - realizado no município
de Cambé – Paraná, em 2011. Em 2015, foi realizado o segundo contato com a
população entrevistada no baseline para verificar as alterações ocorridas no perfil de
risco cardiovascular. Para avaliação do presente estudo, utilizaram-se questões
propostas no PCATooL-Brasil para usuários adultos sendo construída uma matriz de
indicadores e calculado o escore individual, escore do indicador e índice composto das
dimensões de análise – acessibilidade organizacional e longitudinalidade. Os resultados
foram julgados de acordo com os valores obtidos: 2,0-1,80 (Excelente); 1,79-1,40
(Satisfatório); 1,39-1,00 (Regular); <1,00 (Crítico). Na análise descritiva e de
associação foram incluídas variáveis sociodemográficas, econômica, uso de
medicamento, hipertensão arterial e diabetes autorreferidas. As análises foram
realizadas por meio da regressão de Poisson com ajuste de variância robusta e nível de
significância de 5%. Foram entrevistados 885 adultos, entre os 1180 participantes do
baseline. Entre os 92,5% dos indivíduos que mencionaram ter um serviço de referência,
a Unidade Básica de Saúde (UBS) foi o serviço mais citado para o primeiro contato para
um problema de saúde não urgente. A acessibilidade organizacional à UBS mostrou-se
inferior à dos demais serviços analisados – especializados do SUS e
convênio/particular. A maioria dos indicadores de acessibilidade à UBS apresentou
resultados considerados críticos e a obtenção de aconselhamento pelo telefone foi o pior
indicador da dimensão. A proporção dos que conseguem atendimento pelo telefone foi
significativamente mais elevada entre as mulheres (p=0,001) e a facilidade para marcar
consulta de revisão mais elevada entre os homens (p=0,03). Ter vínculo com um médico
e considerá-lo referência para o acompanhamento da saúde, foi citado por 55,2% dos
entrevistados, sendo o médico da UBS o mais referido. A maioria dos indicadores de
relação interpessoal apresentou resultados satisfatórios ou excelentes. Telefonar e falar
com o médico foi o pior indicador dessa dimensão com resultado crítico nos serviços
públicos. Após análise ajustada, nenhum fator permaneceu associado à
longitudinalidade do cuidado. A pesquisa revelou vínculo entre a população atendida e
o profissional médico, no entanto há problemas na acessibilidade organizacional que
apontam para necessidade de estratégias que aprimorem esses atributos visando a
acessibilidade e longitudinalidade do cuidado e, consequentemente, a orientação dos
serviços para o fortalecimento da APS.
Acesso a medicamentos para tratamento de fatores de risco cardiovasculares
Airton José Petris, Regina Kazue Tanno de Souza
Data da defesa: 29/01/2014
INTRODUÇÃO: O acesso a medicamentos para tratamento da hipertensão arterial, diabetes
e dislipidemias é um aspecto relevante do controle das doenças cardiovasculares.
OBJETIVO: Analisar a prevalência e a utilização de medicamentos para tratamento da
hipertensão arterial, diabetes e dislipidemias. MATERIAIS E MÉTODOS: Estudo
epidemiológico de base populacional com delineamento transversal em indivíduos com idade
igual ou superior a 40 anos, residentes na área urbana do município de Cambé/PR. Foram
realizadas entrevistas para preenchimento de Formulário Estruturado sobre utilização de
medicamentos, aferição de pressão arterial (PA) e coleta de sangue para exames laboratoriais.
RESULTADOS: Foram entrevistados 1180 indivíduos, dos quais 1162 tiveram PA aferidas e
967 realizaram exames laboratoriais. A prevalência estimada de hipertensão arterial foi de
56,4%, a de diabetes 13,6% e a de dislipidemias 69,2%. As prevalências de tratamento
medicamentoso entre as pessoas com hipertensão arterial, diabetes e dislipidemias foram,
respectivamente, 62,0% 59,1%, e 16,1%. Entre os indivíduos com hipertensão arterial que se
tratavam com medicamentos, 39,5% apresentaram PA classificadas como ótima, normal ou
limítrofe; entre os indivíduos com diabetes que utilizavam medicamentos antidiabéticos,
35,9% tinham valores de glicemia de jejum (GJ) compatíveis com as categorias GJ normal e
GJ alterada, e entre os indivíduos com dislipidemias que faziam uso de hipolipemiantes
22,2% apresentaram valores de Colesterol total <200mg/dl e/ou LDL-C <160 mg/dl e/ou
Triglicérides <150mg/dl e/ou HDL-C homens ≥40mg/dl e mulheres ≥50mg/dl. Os fármacos
anti-hipertensivos mais utilizados foram hidroclorotiazida, enalapril, captopril, atenolol,
anlodipino e losartana, sendo suas principais fontes de obtenção os serviços próprios do SUS
(56,0%) e as farmácias e drogarias privadas, mediante pagamento direto pelo usuário (32,0%).
Os fármacos antidiabéticos mais utilizados foram os antidiabéticos orais metformina e
glibenclamida e a insulina NPH, obtidos principalmente nos estabelecimentos vinculados ao
SUS (68,8%) e por aquisição com custeio próprio em farmácias e drogarias privadas (21,6%).
Os fármacos hipolipemiantes mais utilizados foram sinvastatina (81,5%) e bezafibrato
(6,5%), obtidos principalmente por pagamento direto em farmácias e drogarias privadas
(52,2%) e serviços próprios do SUS (33,6%). CONCLUSÃO: O tratamento medicamentoso
da hipertensão arterial mostrou-se superior ao de outras regiões do Brasil, enquanto o da
diabetes é similar. As unidades próprias do SUS eram os principais locais de aquisição de
medicamentos para o tratamento da hipertensão e diabetes, o que sugere que as políticas
públicas de Assistência Farmacêutica em Cambé/PR proporcionam boas condições de
acessibilidade aos mesmos. Para as dislipidemias, entretanto, o alcance das políticas ainda é
limitado. O baixo nível de controle da hipertensão, diabetes e dislipidemias pode indicar que o
acesso aos medicamentos circunscreve-se ao domínio restrito. É recomendado que o
planejamento de ações de atendimento integral às pessoas com hipertensão arterial, diabetes e
dislipidemias baseie-se nos conceitos linha de cuidados e redes matriciais de atenção à saúde.