Teses e Dissertações
Palavra-chave: Acesso à saúde
Acesso aos serviços de atenção primária à saúde pelos imigrantes bengaleses sob a ótica dos trabalhadores de saúde
Karly Garcia Delamuta, Fernanda de Freitas Mendonça
Data da defesa: 28/03/2018
Em meio ao cenário de intenso movimento migratório mundial, foi observada no
município de Rolândia no Paraná, presença constante de imigrantes de Bangladesh
nos serviços de saúde. Bangladesh é um país ao sul da Ásia, populoso, com baixo
índice de desenvolvimento humano e que 90% de sua população é formada por
muçulmanos. Em 2017, o Brasil se manteve como maior produtor e exportador
mundial de frango halal, ou seja, produzido conforme os princípios do Islã. Neste
contexto, o estado do Paraná destaca-se como o maior produtor de carne de frango
do Brasil. Assim, Rolândia conta com dois grandes frigoríficos de frango, portanto,
uma região atraente para este imigrante ao configurar potencial campo de trabalho.
Com uma população estimada de 700 pessoas, os imigrantes bengaleses em
Rolândia demandam direitos sociais. Assim, o objetivo deste trabalho é compreender
como acontece o acesso desta população à atenção primária à saúde em Rolândia.
Esta pesquisa utiliza uma abordagem qualitativa de caráter exploratório e descritivo e
foi realizada com trabalhadores da unidade básica de saúde localizada na região com
maior concentração de bengaleses. Para a coleta de dados, a princípio, foi realizada
observação participante da rotina de trabalho desta unidade durante 1 mês, entre
março e abril de 2017. Em seguida, entre abril e julho de 2017, foram entrevistados
13 trabalhadores que estão vinculados a este serviço há mais de dois anos. Os
entrevistados revelaram que a diferença cultural interfere nos encontros que envolvem
trabalhador de saúde e imigrantes bengaleses e evidenciaram, dentre as barreiras
culturais, o idioma como principal fator dificultador desta relação. Esta condição
desperta nos trabalhadores sentimentos e posturas diversos, alguns se sentem
preparados e outros despreparados para o atendimento desta população. Desta
forma, situações de discriminação se evidenciaram, ainda que alguns trabalhadores
não tenham essa clareza e afirmaram que os imigrantes são bem atendidos. De modo
geral, os participantes relatam que no início da migração era mais difícil a troca de
informações, mas que vivenciaram, com o passar do tempo, melhora na relação dos
bengaleses com a atenção primária à saúde, principalmente porque os imigrantes
passaram a compreender melhor o funcionamento do serviço. Assim, pode-se concluir
que esta relação entre trabalhador e imigrante, bem como a forma de organização do
serviço de saúde interferem diretamente no caminho percorrido pelo imigrante dentro
da atenção primária. Espera-se que este trabalho possa auxiliar na compreensão da
complexidade dos diversos aspectos que envolvem a relação entre os imigrantes
bengaleses e os trabalhadores da atenção primária, bem como ampliar o acesso desta
população.