Teses e Dissertações
Palavra-chave: Acesso a Medicamentos
Não adesão ao tratamento medicamentoso contínuo e fatores associados: estudo de base populacional
Fellipe Assan Remondi, Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 26/04/2012
Este trabalho investiga os fatores associados a não adesão à terapia
medicamentosa contínua, entre eles a complexidade da farmacoterapia, em
indivíduos de 40 anos e mais de idade. Foi realizado um inquérito transversal de
base populacional em Cambé/PR. A adesão à terapia foi avaliada pela escala de 4
itens de Morisky, Green e Levine e a complexidade pelo Índice de Complexidade da
Farmacoterapia. Analisaram-se também variáveis sociodemográficas, de condições
de saúde, de utilização dos serviços de saúde e do uso de medicamentos. Após
análise bruta, foram construídos modelos multivariados de regressão linear
generalizada de Poisson com estimação robusta da variância para descrever a
associação entre as variáveis e a não adesão. Foram entrevistados 1180 indivíduos,
dos quais 78% utilizaram medicamentos nos 15 dias anteriores a entrevista e em
55% registrou-se o uso contínuo. Foram analisados 639 indivíduos, com
predominância do sexo feminino, idade entre 40 e 59 anos, baixa escolaridade. A
cobertura da Estratégia de Saúde da Família foi de 57,6% e 14,5% dos
entrevistados relataram ter tido descontinuidade no acesso aos medicamentos. A
resposta mais frequente dentre as perguntas realizadas para mensurar a não
adesão foi a referente aos esquecimentos (45,9%). A prevalência de não adesão foi
de 63,5%. A complexidade terapêutica teve valor médio de 8,1 pontos, e adotou-se o
percentil 80 para definição dos casos de maior complexidade. Após análise ajustada,
permaneceram associados a não adesão (p<0,05): não ser acompanhado pelo
agente comunitário de saúde, ter tido descontinuidade no acesso aos medicamentos
e a elevada frequência de utilização dos medicamentos ao longo do dia. Os
resultados indicam uma alta prevalência da não adesão com possíveis impactos
negativos para os indivíduos e para a sociedade. A partir destes dados, se fazem
necessárias estratégias que visem potencializar o trabalho das equipes de saúde da
família, a garantia do acesso gratuito e contínuo aos medicamentos e a simplificação
do número de doses diárias para minimização deste problema de saúde pública.