Teses e Dissertações
Palavra-chave: Absenteísmo
Condições de trabalho, cargas de trabalho e absenteísmo em professores da rede pública do Paraná
Natália Paludeto Guerreiro, Elisabete de Fátima Polo de Almeida Nunes, Alberto Durán González
Data da defesa: 28/03/2014
Cada vez mais é necessário aprofundamento e compreensão da dinâmica entre
trabalho e saúde, e na profissão docente não é diferente. Apesar de ser considerado
trabalho intelectual, ele demanda uma série de exigências físicas e psíquicas que
somadas às condições de trabalho desfavoráveis, podem desencadear o
adoecimento e ter como consequência o absenteísmo. Este estudo teve como
objetivo analisar condições de trabalho, cargas de trabalho e absenteísmo em
professores. Trata-se de um estudo observacional do tipo transversal quantitativo e
integrou um projeto chamado “Saúde, Estilo de Vida e Trabalho de Professores da
Rede Pública do Paraná” PRÓ-MESTRE. A população de estudo foi constituída por
1061 professores do ensino fundamental e/ou ensino médio das 20 maiores escolas
da rede estadual de ensino da cidade de Londrina - PR, sendo entrevistados 978
professores. A coleta de dados foi realizada entre agosto de 2012 e julho de 2013
por estudantes de graduação, mestrado e doutorado envolvidos no projeto,
utilizando um formulário de entrevista e um questionário. A maioria dos professores
entrevistados era do sexo feminino (68,5%), viviam com companheiros (60%), com
média de idade de 41,5 anos (DP 10) e possuíam pós-graduação nível
especialização (73,1%). Quanto às características profissionais, 68,7% eram
estatutários e 31,3% não estatutários, 42,9% trabalhavam em até dois locais de
trabalho, 64,2% lecionavam em pelo menos dois turnos e 41,7% atuavam tanto no
ensino fundamental quanto no ensino médio. Mais de 80% dos professores
relataram bom relacionamento com os superiores, professores e alunos. Aspectos
como remuneração (62,8%), quantidade de alunos por sala (68,4%), manutenção e
conservação de equipamentos (50,8%), infraestrutura para preparo de atividades
(52,5%) e infraestrutura predial (51,5%) foram relatados como negativos
(ruim/regular). Em relação às cargas de trabalho, a exposição ao ruído dentro da
sala de aula (61,5%), o tempo que permanece em pé (52,7%), as condições para
escrever no quadro de giz (42,6%), o ritmo e a intensidade do trabalho (50,3%), o
número de tarefas realizadas e a atenção e responsabilidades exigidas (51,4%),
assim como o tempo disponível para preparar as atividades (60,9%), afeta muito sua
saúde e condições de trabalho. O absenteísmo foi referido por 51,9% dos
entrevistados, e os principais motivos de afastamento foram: problemas respiratórios
(20,7%), problemas osteomusculares (13,8%) e transtornos mentais (10,8%). Estes
fatores sinalizaram sobre as condições de trabalho e saúde dos professores da rede
Estadual do Paraná, podendo servir como subsídio para o desenvolvimento de
políticas públicas que visem melhorias, modificando não só o cenário em que estão
inseridos, como também, valorizando seu papel e sua importância perante a
sociedade.
Satisfação no trabalho e absenteísmo entre professores da rede estadual de ensino básico de Londrina
Adrieli de Fátima Massaro Levorato, Selma Maffei de Andrade, Edmarlon Girotto
Data da defesa: 29/06/2016
Devido às reformas educacionais e intensificação do trabalho, professores têm
enfrentado inúmeros obstáculos na profissão docente. Assim, muitos experimentam
insatisfação no trabalho, com prejuízo à sua saúde física e mental, o que pode
contribuir para o absenteísmo. Nesse sentido, este estudo objetivou analisar a
relação entre satisfação no trabalho e absenteísmo em professores da educação
básica. Trata-se de estudo epidemiológico do tipo transversal, com população de
estudo composta por professores das 20 escolas da Rede Estadual de Ensino de
Londrina-PR com maior número de docentes. A coleta de dados ocorreu entre
agosto de 2012 a junho de 2013, por entrevista e preenchimento de um questionário
pelos professores. A satisfação no trabalho foi avaliada por meio da escala
Occupational Stress Indicator, utilizando o percentil 25 como ponto de corte para
definição de menor satisfação. O absenteísmo foi considerado presente quando o
professor referiu ter faltado ao trabalho por problema de saúde nos 12 meses
anteriores à entrevista. Foram realizadas análises descritivas e por regressão de
Poisson, com cálculo de razão de prevalência (RP) e intervalo de confiança (IC) de
95%. Participaram deste estudo 899 professores, com idade média de 42 anos e a
maior parte composta por mulheres (68,3%). Os componentes com menores níveis
de satisfação foram salário (46,9%), volume de trabalho (29,6%) e oportunidades
para atingir aspirações e ambições (21,5%). Os componentes da escala de
satisfação no trabalho mais bem avaliados foram: conteúdo do trabalho (58,4%) e
relacionamentos (58,1%). Metade dos professores (50,4%) referiu absenteísmo por
problema de saúde, com duração principalmente entre 1 e 3 dias (37,5%). Os
principais motivos de falta ao trabalho foram doenças respiratórias (22,3%),
problemas osteomusculares (14,1%) e transtornos mentais (11,0%). Após análise
ajustada, o absenteísmo associou-se com a menor satisfação no trabalho (RP=1,21;
IC=1,05-1,39), independentemente das variáveis sexo, idade, tempo de profissão,
carga horária de trabalho, percepção quanto ao equilíbrio entre a vida profissional e
pessoal, dor crônica, doença crônica, capacidade física e mental para o trabalho e
qualidade do sono. Também se apresentaram associadas ao absenteísmo a idade
superior a 40 anos (RP=1,19; IC=1,01-1,39) e presença de doença crônica
(RP=1,65; IC=1,27-2,15). Os resultados mostram associação entre absenteísmo e
menor satisfação no trabalho no exercício da profissão docente, independentemente
de outras variáveis. Desta forma, tornam-se necessárias medidas para melhorar a
satisfação no trabalho docente, como a melhoria das condições e redução da carga
de trabalho.