LEGS e Alma Preta Jornalismo realizam estudo sobre as diversas facetas da segurança privada na cidade de São Paulo

O estudo, que inspirou uma série de reportagens, foi elaborado em conjunto pelo LEGS – Laboratório de Estudos sobre Governança da Segurança, vinculado ao Departamento de Ciências Sociais e ao Programa de Pós-graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), juntamente da Alma Preta Jornalismo – Agência de notícias e comunicação especializada na temática étnico-racial no Brasil.
Com o objetivo de compreender a organização e funcionamento da segurança privada na cidade de São Paulo, o estudo investigou suas práticas, relações e dinâmicas de vitimização, destacando a segmentação racial nos dados. A análise buscou evidenciar como esses profissionais atuam e como suas ações impactam diferentes grupos sociais, explorando tanto os casos em que se configuram como algozes quanto aqueles em que também são vitimizados, refletindo as tensões e desigualdades presentes nas abordagens de segurança.
O relatório examina as violações cometidas por seguranças privados na cidade de São Paulo entre outubro de 2021 e outubro de 2022, com base em dados da Secretaria de Segurança Pública. No período analisado, foram registradas 118 ocorrências envolvendo seguranças como autores ou vítimas de infrações penais, totalizando 173 infrações, sendo lesão corporal (32%) a mais comum.
As ocorrências concentram-se em espaços coletivos, como transporte público e comércio, refletindo tensões ligadas à repressão de atividades informais e interações interpessoais. Destaca-se o alto número de casos em transporte coletivo, onde os seguranças têm funções repressivas, como coibir o comércio informal, o que frequentemente resulta em abusos. Outras infrações incluem ameaças, injúrias e calúnias.
O estudo aponta que os seguranças não apenas vitimizam, mas também são vitimados, refletindo limitações de poder legal e preparo profissional. Apesar de uma redução de 38% nas ocorrências ao longo do período, o relatório enfatiza a necessidade de maior regulamentação, formação profissional e visibilidade das práticas de segurança privada. Essa abordagem visa prevenir abusos e melhorar o controle sobre as atividades desses profissionais, promovendo maior respeito aos direitos humanos.
A série de reportagens abordou:
- Lesão corporal é o crime mais cometido por seguranças privados em São Paulo
- O furto do flanelinha: uma crônica da segurança (privada) no Brasil
- Mercado popular em SP acumula processos por agressão cometida por seguranças contra negros
- Empresa de segurança em SP tem armas roubadas com apoio de vigilante
Parabenizamos o LEGS e a Alma Preta Jornalismo por trazer visibilidade a este tema de tanta relevância, quando discutimos e buscamos compreender não só as forças estatais de uso legítimo da força, mas também de seus diversos atores e respectivos papéis na manutenção de estruturas de opressão e repressão.
O relatório elaborado por esta parceria pode ser acessado na íntegra aqui.