Os sentidos atribuídos ao corpo e ao cabelo de mulheres negras : relações entre estética e politização
Eduardo Baroni Borghi, Maria Nilza da Silva
Data da defesa: 26/04/2018
Os cabelos crespos e cacheados são constantemente associados a estigmas de inferioridade ou considerados feios pelos padrões estéticos de beleza. Os estereótipos construídos historicamente em relação a eles, ainda se faz presente no imaginário da sociedade brasileira. Essas noções em torno do corpo e do cabelo da população negra foram difundidas pelas correntes eugênicas e racistas e incorporadas por grande parte dos intelectuais brasileiros no século XIX. Contudo, uma parcela da população negra sempre criou estratégias para inverter o significado simbólico atribuído historicamente ao seu cabelo, com o objetivo de lhe ressignificar e exaltar a estética negra manipulando-o. O objetivo deste trabalho é compreender os sentidos atribuídos ao cabelo das mulheres negras, em virtude de da sua manipulação, que nos remete ao processo de construção identitária da população negra brasileira. Para isso, delimitamos como sujeitos de nossa pesquisa, mulheres negras que atualmente não utilizam técnicas de alisamento dos cabelos e realizamos entrevistas com base em sua trajetória de vida visando analisar como se dá a relação dessas mulheres com o seu corpo e cabelo. Devemos considerar não só a tensa relação entre políticas de identidade e mercado para compreendermos os sentidos atribuídos ao cabelo das mulheres negras. Pretendemos entender também como o cabelo continua sendo um ícone identitário, por delimitar o sujeito na classificação racial, mas também a relação conflituosa no campo da identidade, entre o sujeito, o cabelo e as formas de discriminação racial em relação ao cabelo das mulheres negras.