Teses e Dissertações
Palavra-chave: Bactérias promotoras de crescimento de plantas. Fungo micorrízico arbuscular. Coinoculação. Agricultura orgânica. Solanum lycoper
. Inoculação e coinoculação de isolados bacterianos e fungo micorrízico arbuscular em tomateiros
Antonio José Radi, Maurício Ursi Ventura
Data da defesa: 28/05/2021
A evolução crescente na produção de commodities agropecuárias, vem
impulsionando a também ascendente demanda brasileira por fertilizantes químicos
sintéticos. Este fato mostra-se relevante e, ao mesmo tempo, preocupante por ao
menos dois aspectos fundamentais: os impactos ambientais ocasionados
principalmente pela contaminação de cursos d’água superficiais e subterrâneos e os
impactos econômicos pela elevação dos custos de produção e crônica dependência
nacional de matérias primas importadas. Os trabalhos tiveram como objetivo avaliar o
desempenho agronômico e os aspectos físicos e químicos de plantas e frutos de
tomateiros submetidos à inoculação e à co-inoculação de isolados bacterianos
potencialmente promotores do crescimento de plantas e um fungo micorrízico
arbuscular. O primeiro estudo foi dividido em duas etapas: na primeira quatro
genótipos de tomateiros foram inoculados com cinco isolados bacterianos
provenientes do Departamento de Bioquímica e Biotecnologia da Universidade
Estadual de Londrina. Foram avaliadas a massa seca da parte aérea (MSPA) e a
massa seca da raiz (MSR) das mudas de tomateiro em casa de vegetação. Os
resultados demonstraram que não ocorreu interação entre os genótipos e os isolados.
Os isolados Stenotrophomonas sp. (1S) e Enterobacter sp.(19S) incrementaram a
MSPA das mudas em 24,32% e 18,91% e a MSR em 27,27% e 18,18%
respectivamente. Na segunda etapa, conduzida em estufa, as sementes de tomateiro
– cv. BRS-Nagai – foram inoculadas e coinoculadas com os isolados
Stenotrophomonas sp. e Enterobacter sp. e o fungo micorrízico arbuscular (FMA)
Rhizophagus clarus, proveniente do Departamento de Ecologia Microbiana da
Universidade Estadual de Londrina. Ao longo do período de formação das mudas,
foram avaliados a taxa de emergência (TE), o tempo médio de emergência (TME), o
índice de velocidade de emergência (IVE), a MSPA, MSR e variáveis relacionadas ao
diâmetro, comprimento, número e área superficial de raízes. Não ocorreu interação
entre os isolados bacterianos e o FMA e não houve influência dos tratamentos na TE,
TME e IVE. As mudas semeadas em substratos micorrizados apresentaram
incremento de 29,13% em MSPA, 18,56% em MSR, maior diâmetro médio e maior
número total de raízes. Parte das mudas obtidas foram transplantadas em vasos, em
estufa, para uma segunda etapa de avaliação contemplando variáveis de
produtividade, ocasião em que foram avaliadas a altura de plantas (AP), distância
entre cachos, teores de proteína e das enzimas catalase, peroxidase e fenilalanina
amônia-liase (FAL), SPAD, massa seca de raiz (MSR), percentual de colonização
micorrízica (%CM), massa fresca de frutos por planta (MFFPP), massa fresca média
de frutos (MFMF), comprimento e largura de frutos, teores de sólidos solúveis (SS) e
acidez titulável (AT) de frutos. Não houve interação ou efeito dos tratamentos para as
variáveis AP, MSR, %CM, MFFPP, MFMF, AT e FAL e SPAD. Nos tratamentos que
não receberam isolados bacterianos, a micorrização provocou redução de 17,46% e
15,15% na distância entre o 1º e 2º cachos e entre o 2º e 3º cachos respectivamente.
Nos tratamentos que não receberam micorrização, o isolado Enterobacter sp. reduziu
em 22,53% a distância entre o 1º e o 2º cacho. Não ocorreu interação entre os
tratamentos para os teores de proteína e enzimas. Tratamentos micorrizados
apresentaram teor de proteína 19,95% menor e teores de catalase e peroxidase
49,28% e 57,48% maiores, respectivamente. Teores de sólidos solúveis foram
ligeiramente maiores em tratamentos que não receberam a micorrização. No terceiro
trabalho as mudas originárias do primeiro experimento foram transplantadas e
conduzidas à campo. Foram avaliadas altura de plantas (AP), distância entre cachos,
massa fresca de frutos por planta (MFFPP), massa fresca média de frutos (MFMF),
comprimento e largura de frutos, teores de sólidos solúveis (SS), acidez titulável (AT),
colorimetria e perda de massa de frutos pós-colheita, atividade antioxidante (DPPH e
FRAP) e compostos fenólicos totais. Não ocorreu interação ou efeito dos tratamentos
para AP, distância entre cachos, largura de frutos e teores de SS. Tratamento
micorrizado e coinoculado com Stenotrophomonas sp. e Enterobacter sp. resultou em
incremento de 14,51% na produção de frutos. Ocorreu interação entre os tratamentos
para as variáveis comprimento de frutos e AT. Os tratamentos inoculados com
Stenotrophomonas sp. apresentaram comprimento de frutos 8,3% maior na ausência
de micorrização. Em relação à variável AT, para os tratamentos que receberam
micorrização, as coinoculações de Enterobacter sp. e Enterobacter sp. e
Stenotrophomonas sp. originaram frutos de menor acidez. Na ausência de
micorrização, menor acidez em frutos foi constatada para a testemunha e para o
tratamento que recebeu Stenotrophomonas sp. Na ausência dos isolados bacterianos,
tratamentos micorrizados resultaram em frutos com maior acidez que tratamentos sem
micorriza. Frutos oriundos de plantas micorrizadas apresentaram menor atividade
antioxidante (DPPH, FRAP e FENOL). No que se refere às variáveis pós-colheita, a
coinoculação de Stenotrophomonas sp. e Enterobacter sp. apresentou menor perda
de massa de frutos no período estudado tanto em plantas micorrizadas como em
plantas não micorrizadas. Frutos oriundos de plantas inoculadas com R. clarus
apresentaram maior uniformidade na variação de coloração ao longo do processo de
amadurecimento