Variabilidade pluviométrica e produção agrícola na mesorregião centro ocidental paranaense
Francileidi Piva Borsato, Deise Fabiana Ely
Data da defesa: 20/09/2013
Esta pesquisa tem como objetivo relacionar os elementos do clima com a produtividade, e analisar a variabilidade espacial e temporal da precipitação pluviométrica, sendo este um dos elementos fundamental na atividade agrícola, mesmo aquela que emprega tecnologia de ponta. Períodos de estiagens ou de excesso de chuva em determinadas fases dos cultivares podem refletir na produtividade, porém se a queda for registrada em todos os municípios é porque o fenômeno a ser investigado é na escala regional ou global, tais como a manifestação do El Niño e La Niña, oscilação Sul, causadores de anomalias climáticas. A região Sul está inserida nas regiões de alterações por ocasião da manifestação do fenômeno. O relevo da área também pode influenciar na espacialização das chuvas e causar queda na produtividade. Nesse caso, ela fica restrita a uma área dentro da região. As chuvas e sua distribuição espacial na Mesorregião foram estudadas para a série histórica 1976 a 2011 sendo realizada a comparação desta com a série da produtividade agrícola. Foram analisados dados de 14 postos pluviométricos da Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental - SUDERHSA, da Agência Nacional de Águas – ANA, e os dados da estação meteorológica de Campo Mourão do Instituto Nacional de Meteorologia – INMET, dados de produção agrícola da Secretaria da Agricultura e Abastecimento, e Departamento de Economia Rural (SEAB/DERAL). Foram escolhidos os anos-padrão por meio de metodologia especifica e os dados foram investigados por meio da elaboração de climogramas, histogramas e painéis têmporo-espacial, a fim de verificar a variabilidade das precipitações na área de estudo. As análises mostram que a variabilidade das precipitações na área de estudo tem estreita relação com os episódios dos fenômenos El Niño e La Niña, como por exemplo, o ano de 1983, ano considerado chuvoso para todos os postos pluviométricos e na estação meteorológica e com a ocorrência de El Niño forte. Nas comparações para verificar os reflexos na produtividade do trigo, da soja, do milho e do feijão em relação às precipitações pluviométricas, determinou-se em razão das deficiências hídricas encontradas em meses de novembro a fevereiro ocorreram consequências de perdas nos cultivares de milho e soja, sendo que são os meses em que esses grãos se encontram nas principais fases de desenvolvimento que são o florescimento e enchimento dos grãos.
Balanço hídrico climatológico das bacias hidrográficas do Ribeirão Jacutinga e rio Taquara (PR)
Rei Kuboyama, Maurício Moreira dos Santos
Data da defesa: 28/03/2022
O presente trabalho teve como objetivo principal conhecer as variáveis hidrológicas e determinar o balanço hídrico climatológico das bacias hidrográficas do ribeirão Jacutinga (BHRJ) e do rio Taquara (BHRT). O extrato do balanço hídrico foi feito para a média da série histórica de 1980 a 2020 e em anos de anomalias positivas (2015 e 2016) e negativas (2020) de precipitação. O cálculo foi feito pelo método de Thornthwaite e Mather, automatizado por Rolim e Sentelhas. Também foram realizadas análises de variáveis fluviométricas e meteorológicas para compressão do contexto hidrológico e climático dominante nas bacias. Essas bacias são localizadas na região norte paranaense, estão cerca de 20 km de proximidade e são afluentes do rio Tibagi. A primeira é relevante para o abastecimento de água do município de Ibiporã (PR), com muitos afluentes que percorrem a área urbanizada da cidade de Londrina (PR). A segunda tem grande importância para a produção agropecuária, visto que o uso e ocupação na área é quase inteiramente rural. Foram utilizados dados de precipitação e temperatura diários e mensais de 1980 a 2020 de estações do Instituto Nacional de Meteorologia – INMET e Instituto Água e Terra – IAT. O climograma da área de estudo revela que o período chuvoso vai de dezembro a fevereiro e o período seco vai de junho a agosto. O balanço hídrico médio na BHRJ demonstra ter excedente hídrico em quase todos os meses, com valores menores em março, abril e julho e maiores em dezembro a fevereiro. Em agosto ocorre retirada hídrica de 1,35 mm do solo. Na BHRT o excedente hídrico é presente em todos os meses, com valores maiores em janeiro, fevereiro e maio e valores menores em março, abril e agosto. Meses chuvosos não necessariamente são os que registram maior excedente hídrico por causa da evapotranspiração do solo e aqueles que registram baixo excedente ou retirada hídrica devem receber irrigação adequada para que não haja perdas na agricultura. Em julho de 2015 e janeiro de 2016, influenciado pela forte ocorrência do fenômeno El Niño, houve eventos extremos de precipitação que atingiu a região norte paranaense. O período chuvoso em 2015 nas duas bacias esteve abaixo da média e inesperadamente julho foi um dos meses com maior volume de excedente hídrico. Em janeiro de 2016 o evento extremo foi mais intenso que no ano anterior, com excedente hídrico concentrado em janeiro e fevereiro e pouco expressivo no segundo semestre. O ano de 2020 foi atipicamente seco, nas duas bacias as chuvas estiveram abaixo da média anual e o mês de agosto, acabou sendo o mês que teve maior volume de excedente, contrariando as expectativas da média. Com os resultados do balanço hídrico médio, retratando a dinâmica da entrada e saída de água, épocas de deficiência e excedente hídrico, é possível subsidiar as tomadas de decisões no planejamento agrícola regional, como no manejo de irrigação.
Monitoramento climático aplicado à hidrossedimentologia em megaparcelas na região geográfica intermediária de Londrina (PR)
Estevão Conceição Gomes Junior, Deise Fabiana Ely
Data da defesa: 17/05/2021
Tiveram início nos anos 2000 os estudos voltados para a abordagem hidrossedimentológica em megaparcelas. Sendo assim, pesquisas direcionadas ao monitoramento climático podem contribuir para a interpretação e entendimento da dinâmica dos sedimentos no solo frente às diferentes intensidades pluviométricas e, consequentemente, no contingenciamento de focos erosivos, bem como na potencialidade agrícola da terra. Desta forma, a presente pesquisa tem por objetivo investigar e caracterizar a dinâmica climática regional de municípios localizados na Região Geográfica Intermediária de Londrina por meio de diferentes metodologias de monitoramento e descrever a influência da precipitação pluviométrica diária, mensal e anual na erosão dos solos dispostos em megaparcelas. Para tanto, foram monitorados dois locus de estudo em escala regional e local: a Região Geográfica Intermediária de Londrina e duas megaparcelas localizadas na Fazenda Santa Cândida (Cambé/PR), com diferentes técnicas empregadas à análise da variabilidade climática. Foram utilizados os dados diários, mensais e anuais da precipitação pluviométrica de 13 estações meteorológicas dispostas na supracitada região e foram aplicados os seguintes indicadores de monitoramento climático: Standardized Precipitation Index (SPI), técnica dos percentis (99%, 95% e 90%), testes de tendência de Mann Kendall e Curvatura de Sen e índices climáticos de precipitação (ETCCDMI/WMO). Os resultados indicaram que a Região Geográfica Intermediária de Londrina apresenta duas estações do ano bem definidas, tendo como base o ano hidrológico: a chuvosa entre outubro e março e outra com redução das chuvas entre abril e setembro. O mês de agosto destaca-se como o mais seco, com 50mm durante a média histórica e janeiro como o mais úmido com 228mm no mesmo cenário. A aplicação do SPI-3 indicou a primavera e o verão do ano de 1996/1997 e 2015/2016 entre os mais úmidos de toda série histórica (1987-2018) e a primavera e o outono do ano de 1999/2000 entre os mais secos de toda a série; o verão e o inverno do ano de 1987/1988 destacam-se entre os mais secos. Com a técnica dos percentis observou-se que chuvas acima de 43mm/dia são consideradas extremas para o percentil 90%. Dentre os municípios que compõem a região, Cambé apresentou as maiores variabilidades pluviométricas relacionadas ao aumento nos dias consecutivos secos, na precipitação nos dias chuvosos, no número de dias com precipitação acima de 20 e 25mm, nos eventos extremos de precipitação e na intensidade das chuvas. Sob uma ótica sazonal, o outono apresentou tendência negativa (redução das chuvas) para todos os cenários em que houve significância estatística superior ao nível de confiança de 90%. Em relação às análises hidrossedimentológicas foi verificada uma preponderância da atuação dos sistemas frontais, frentes estacionárias e cavados na gênese dos eventos de precipitações analisados. Foi constatado que eventos superiores a 14,1mm precipitados em duas horas e/ou com intensidades ? 12 mm/h são capazes de causar erosões nas megaparcelas em ambos os tratamentos (com e sem terraços), ainda que a megaparcela sem terraços tenha apresentado duas vezes mais perda de sedimentos em comparação com a megaparcela com terraços.
Dinâmica das chuvas no Paraná: da análise rítmica à espacial
Fabiana Bezerra Mangili, Deise Fabiana Ely
Data da defesa: 16/04/2021
O objetivo da presente investigação é propor uma metodologia que auxilie o reconhecimento dos mecanismos produtores de tempo associados aos controles geográficos das chuvas no estado do Paraná, subsidiada em técnicas de representação e análise espacial. Os procedimentos metodológicos foram aplicados a partir das etapas constituintes da análise rítmica e posteriormente incluído a averiguação espacial. Foram utilizados dados diários de postos pluviométricos e de estações meteorológicas instalados pelo estado, nos quais foram aplicados métodos estatísticos para determinação de anos representativos (1998 – extremamente chuvoso; 2005 – habitual; 2006 – extremamente seco) para as etapas de detalhamento atmosférico. Os resultados obtidos constituíram uma proposta de classificação espacial dos domínios de sistemas geográficos e atmosféricos produtores de chuva. A averiguação realizada indica uma representação do fenômeno climático a partir da sua dinâmica atmosférica é mais expressiva quando realizada de maneira mensal (ou sazonal – como sugestão) e ampara os processos analíticos das informações climáticas. Dessa maneira, foi possível apontar algumas constatações: como o maior deslocamento da umidade provinda da região norte do país em episódios de ENOS, de origem EP, que impulsiona essa dinâmica em anos extremamente chuvosos – provocando aumento das chuvas principalmente na primavera e verão. O recuo desse fluxo de umidade nortista repercute na diminuição de acumulados de chuvas, tanto pela falta desse transporte como pela influência no deslocamento e passagens de sistemas frontais sobre o estado do Paraná – principalmente nos meses de inverno e outono. Além desses apontamentos, destaca-se como principal responsável pelas chuvas na área de estudo os sistemas frontais, com contribuição de áreas baixa pressão continental e transporte de umidade originada dos corpos oceânicos.