Teses e Dissertações
Palavra-chave: Intelecto
ANIMALIDADE HUMANA NA CRÍTICA AO ANTROPOCENTRISMO EM FRIEDRICH NIETZSCHE
MATHEUS BECARI DIAS, José Fernandes Weber
Data da defesa: 25/01/2024
Esta dissertação pretende investigar a problemática da animalidade humana
enquanto elemento central na crítica de Friedrich Nietzsche ao antropocentrismo,
conforme delineado em seus escritos do primeiro e segundo período de sua obra. A
pesquisa parte da hipótese de que a questão da animalidade humana não apenas
se apresenta como pano de fundo de algumas das grandes críticas de Nietzsche à
verdade, à moral e à metafísica, mas também se configura como uma ferramenta
teórica essencial para questionar as bases do antropocentrismo predominante na
tradição filosófica. O primeiro capítulo dedica-se à análise da caracterização da
animalidade humana nos textos do jovem Nietzsche (1870-1876), examinando o
embate estabelecido pelo filósofo com a tradição filosófica preponderante no
Ocidente desde Sócrates. Esta tradição constituiu os alicerces do antropocentrismo
a partir do estabelecimento da dualidade entre instinto e razão, mundo material e
imaterial, ser humano e animal, assim como a superioridade atribuída ao intelecto
sobre outros elementos da existência. Ao rejeitar o dualismo arraigado ao
pensamento Ocidental, a crítica de Nietzsche se desdobra em uma crítica ao
antropocentrismo, oferecendo uma visão alternativa da existência, onde a
humanidade é concebida não como algo separado e superior, mas como parte
integrante da animalidade. No segundo capítulo, a pesquisa avança para o período
intermediário (1876-1882), examinando a evolução da compreensão nietzscheana
sobre a natureza humana. A análise de aforismos selecionados destaca a relevância
da animalidade na argumentação do filósofo, elucidando os aspectos conceituais
incorporados à sua visão do ser humano e a articulação de sua contrariedade ao
antropocentrismo. As variações na abordagem da animalidade nos dois primeiros
períodos do pensamento de Nietzsche evidenciam a ligação intrínseca dessa
temática com a resistência filosófica do autor ao antropocentrismo e sua defesa de
uma interpretação da humanidade que a concebe como inseparável de seus
impulsos instintivos e animalescos.