O conceito de Ideia em Schopenhauer
CAMILA BEREHULKA DE ALMEIDA, José Fernandes Weber
Data da defesa: 29/02/2024
O conceito de Ideia em Schopenhauer costuma ser um conceito bastante criticado por estudiosos do filósofo, considerado como um erro, ou ainda um argumento ad-hoc. Tendo em vista que esse conceito é originariamente da filosofia de Platão, acreditam que o mesmo não teria lugar em uma filosofia imanente. O presente trabalho pretende defender que, na verdade, o conceito de Ideias de Platão sofreu constantes alterações com o passar dos séculos, sendo considerado posteriormente como um conceito pertencente às artes e à vida interior do artista e tais alterações, ainda que não sejam claramente mencionadas por Schopenhauer, foram decisivas para a sua apropriação do mesmo, configurando um papel importante em sua metafísica do Belo, bem como na metafísica da Ética. Além disso, analisamos as críticas desferidas contra esse uso schopenhaueriano das Ideias platônicas, as quais, por ignorarem essa alteração de significado, incluíram na filosofia de Schopenhauer conclusões que não fazem parte do pensamento do filósofo, sendo inclusive contraditórias ao que preconiza o pensamento do filósofo de O Mundo como Vontade e como Representação. Expomos que Schopenhauer operou uma subversão do conceito de Ideias em sua significação, que não apenas se refere à Arte e ao Artista (Gênio), mas que em sua filosofia possui um caráter profundamente imanente e ligado à Vontade como coisa-em-si. Por fim, apresentamos, a título de exemplo, a poesia de Augusto dos Anjos como uma receptora do conceito de Ideia.
Wittgenstein e Danto: divergências e confluências sobre o tema da arte
Marco Aurélio Gobatto da Silva, Mirian Donat
Data da defesa: 10/03/2023
A presente tese aborda as filosofias de Ludwig Wittgenstein e Arthur Danto com foco no tema da arte. Discorre sobre a influência de Wittgenstein no âmbito da filosofia analítica da arte, principalmente em sua vertente antiessencialista. Nesse sentido, a tese apresenta as reflexões dos autores Paul Ziff, Morris Weitz e William Kennick destacando o posicionamento comum entre eles sobre a impossibilidade de se definir o conceito arte mediante propriedades necessárias e suficientes. A filosofia da arte de Danto é discutida aqui inicialmente em seu aspecto de oposição ao antiessencialismo de orientação wittgensteiniana. O escopo é apresentar o essencialismo dantiano e como ele buscou responder tanto os problemas que a própria produção artística contemporânea teria lançado no terreno teórico/filosófico quanto a influência de Wittgenstein na filosofia analítica da arte. Para Danto, o pensamento de Wittgenstein não era capaz de justificar uma resposta convincente sobre as razões pelas quais dois objetos aparentemente idênticos seriam ontologicamente distintos. Por outro lado, a tese pretende mostrar que se numa ontologia da arte a filosofia dantiana é demasiadamente contrária à de Wittgenstein, no caso de se considerar uma epistemologia da arte as duas perspectivas se aproximam de forma significativa. Ver algo transfigurado em arte - tal como defende Danto - apresenta paralelos com a noção wittgensteiniana de ver-como. Logo, defende-se aqui a existência de um diálogo entre as filosofias de Wittgenstein e Danto que transborda a discussão acerca da definição do conceito arte.