Teses e Dissertações
Palavra-chave: Ação. Hannah Arendt. Liberdade. Política. Vontade.
A ARTICULAÇÃO ENTRE A LIBERDADE DA AÇÃO E A LIBERDADE DA VONTADE EM HANNAH ARENDT
ALINE MONTEIRO DE SOUZA, Profa. Dra. Maria Cristina Müller
Data da defesa: 20/04/2022
O presente estudo apresenta como tema a ideia de liberdade nas atividades da ação
e do querer em Hannah Arendt (1906–1975). Objetiva-se compreender a articulação
entre a liberdade da ação e a liberdade da vontade, tendo por propulsão a
indagação de como os seres humanos iniciam uma série de coisas no mundo.
Arendt propõe uma reflexão acerca da condição humana e a subdivide em duas
dimensões distintas, porém conexas – dimensão ativa e dimensão contemplativa.
Desta reflexão surge a concepção de que a atividade da ação pertence ao modo de
vida ativo, enquanto a atividade do querer pertence ao modo de vida interior, de
modo que tais atividades realizam-se em esferas distintas. Entretanto, a ação e o
querer compartilham características similares – espontaneidade e natalidade. A
partir da afirmação de Arendt de que a liberdade só se efetiva como realidade
tangível no mundo público, pretende-se entender qual a liberdade pertinente a cada
atividade e quais implicações podem ser depreendidas da relação entre a liberdade
da ação e a liberdade da vontade. A ação é responsável pela manifestação da
liberdade política como espontaneidade no mundo comum, ao passo que o querer
lida com a liberdade de possibilidades. Pode-se supor a existência de uma certa
ligação entre a liberdade da ação e a liberdade interior. Da pesquisa bibliográfica
baseada em procedimentos como leitura, análise, compreensão e reconstrução
teórica dos textos de Hannah Arendt e de seus comentadores, infere-se que há de
fato uma ligação entre as liberdades, na medida em que a liberdade da vontade
impele a ação por meio da escolha de como se aparecerá no mundo e como
portadora da potência da liberdade, enquanto a liberdade da ação só se torna
realidade no mundo público. Nesse sentido, a relação entre a liberdade da vontade e
a liberdade da ação não constituem uma conexão de cunho causal e determinado,
mas sim de forma contingente.