Emprego e salários de trabalhadores formais e informais no Brasil por nível de escolaridade : uma análise de decomposiçao estrutural para o período 1990-2008
Marcela Vieira Rodrigues da Cunha, Rossana Lott Rodrigues
Data da defesa: 12/03/2012
Este estudo buscou identificar as causas das variações do emprego e dos salários de trabalhadores formais e informais brasileiros, por nível de escolaridade, no período 1990- 2008, por meio da análise de decomposição estrutural da variação do emprego e dos salários em efeito intensidade, efeito tecnologia, efeito estrutura da demanda final e efeito variação da demanda final. Para isto, foram utilizadas as matrizes de insumo-produto e as PNADs para os anos em tela. Os resultados encontrados mostraram aumento da informalidade no período logo após a intensificação da abertura comercial, assim como sua posterior reversão no período recente. Houve alteração no perfil da demanda por mão de obra, com viés para a qualificação, justificada, principalmente, pela redução no uso do fator trabalho pouco qualificado e aumento no uso do trabalho qualificado, dada pela relação emprego/produção. A decomposição estrutural dos salários permitiu verificar a baixa remuneração dos trabalhadores inseridos no segmento informal e o prêmio salarial por qualificação. O crescimento econômico se mostrou o principal fator para a geração de empregos e ampliação da massa salarial no período.
É a Selic um evento? : Uma análise dos retornos anormais do setor bancário entre 2009 e 2018
Matheus Henrique Zanetti, Joanna Georgios Alexopoulos
Data da defesa: 24/06/2019
Esta dissertação tem o objetivo de investigar o setor bancário brasileiro a partir de seus maiores representantes, bancos privados (Itaú, Unibanco e Bradesco) e público (Banco do Brasil), através de uma relação causa-efeito entre divulgação da taxa básica de juros (Selic) da economia e a reação nos preços das ações de tais empresas, para o período de 2009 a 2018. O recorte temporal contempla momentos de fortes oscilações da economia internacional, em um primeiro momento, e posteriormente, oscilações internas na economia. Para a análise, foi utilizado modelo econométrico conhecido como Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) nos dados que foram convertidos em retornos diários dos preços das ações e no índice Ibovespa, a fim de verificar a existência de retornos anormais acumulados (CAR) para o setor bancário nos dias subsequentes a divulgação da taxa Selic. Os resultados foram expressos para os dias após a divulgação da taxa e os testes de significância de hipóteses para comprovação do retorno anormal, o qual se mostrou significante em dias específicos para cada um dos bancos no acumulado total e para quando a Selic só aumentou ou só diminuiu. Para o Banco Itaú foi constatado efeito acumulado um dia após a divulgação tanto para uma queda na Selic quanto para todos os eventos analisados. Para o Banco Bradesco, houve retornos anormais no dia da divulgação quando a Selic aumentou e em todos eventos e um dia após quando a Selic só diminuiu. Já o Banco do Brasil, obteve retornos anormais um dia antes da divulgação quando a Selic caiu e em todos os eventos.
Distribuição de riqueza e restrição de crédito em um modelo bissetorial
Claudia Perdigão, Renato Nozaki Sugahara
Data da defesa: 06/06/2017
A desigualdade de riqueza é identificada com um dos fatores de importância sobre a dinâmica econômica, com sua relevância potencializada pela observação de imperfeições de mercado. Considerando tal relação, o presente trabalho de dissertação avaliou a influência da associação entre desigualdade de riqueza e restrição de crédito sobre a dinâmica econômica, sendo considerada uma estrutura bissetorial em que um setor responde pela produção de bens básicos e o outro pela produção de bens industrializados. O modelo permitiu constatar a significância da concentração de riqueza e da participação de cada classe social sobre a determinação do equilíbrio de curto e longo prazo, destacando que a elevada concentração de riqueza associada a baixa participação da classe média conduz a economia a uma configura de curto prazo com capital total abaixo do montante potencial, assim como o produto per capital. Por outro lado, o salário resultante da interação entre oferta e demanda por trabalho alcança seu valor mais alto, o que favorece os agentes pertencente a classe média e elevada a desigualdade entre os trabalhadores qualificados e não qualificados. Por meio das simulações computacionais constatou-se que uma economia, cuja configuração inicial exibe elevada concentração de riqueza, pode apresentar trajetória cíclica, oscilando ao redor do estado estacionário.
Distribuição de renda e o crescimento econômico : uma investigação sobre os mecanismos de transmissão indireta da desigualdade para crescimento econômico no Brasil
André Luís Mendes Leocádio, Carlos Roberto Ferreira
Data da defesa: 21/05/2019
O presente trabalho buscou investigar como a desigualdade de renda afeta as taxas de crescimento econômico no Brasil, e quão intensamente ocorre essa passagem, a partir dos mecanismos de transmissão indireta. Revisou-se detalhadamente a literatura sobre a desigualdade da renda no Brasil e como ocorreu sua evolução. E utilizou a estimação em dados em painel por MQO Agrupado, Efeitos Fixos, Efeitos Aleatórios e Difference-GMM, além do estudo sobre a relação não linear existentes entre as variáveis desigualdade e crescimento econômico. Os resultados obtidos estão em conformidade com a literatura revisada e suas hipóteses, apresentando a existência de um efeito negativo entre a desigualdade de renda e o crescimento econômico em uma relação linear, como também mantendo o efeito negativo com a inclusão de uma variável interação para captar a relação não linear entre a desigualdade de renda e o crescimento econômico. Os mecanismos indiretos de transmissão da desigualdade se apresentaram significativos, reforçando a influência sobre o crescimento econômico. Conclui-se que a desigualdade de renda pode influenciar o crescimento econômico por meio dos mecanismos indicados pela imperfeição no mercado de crédito, agitação social e economia política.
Distribuição de renda e ciclicidade de indicadores sociais : uma análise através da decomposição do índice de GINI e análise de variância a partir de métodos em conjuntos para o Brasil e suas regiões
Thiago Henrique Leite, Carlos Roberto Ferreira
Data da defesa: 13/03/2020
O objetivo deste trabalho é avaliar o comportamento da distribuição do rendimento domiciliar per capita no Brasil e em suas cinco regiões de 2001 à 2015, e entender a relação dos principais indicadores sociais com os ciclos econômicos. Os objetivos complementares são: apresentar a recente literatura sobre a desigualdade de renda e da relação dos ciclos de negócios com indicadores sociais; expor as principais diferenças da distribuição de renda entre todas as regiões do Brasil; analisar a participação percentual, a razão de concentração e o grau de progressividade das parcelas do rendimento domiciliar per capita no Brasil e suas cinco regiões e analisar a influência do componente cíclico na variação total dos principais indicadores sociais. Utilizou-se a metodologia da decomposição do Índice de Gini e da análise de variância a partir de métodos em conjuntos. Foram utilizadas como base de dados os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), e os dados provenientes da (PNUD), (CEDLAC), (SEDLAS) e do Banco Mundial. Como resultado foi observado a queda do Índice de Gini durante todo o período em estudo, mas 2014 foi marcado como um ponto de inflexão que interrompeu uma tendência contínua de queda, observou-se heterogeneidade entre as cinco regiões, sendo que, o Norte apresenta a pior distribuição de renda e o Sul a melhor. Os indicadores sociais foram amplamente cíclicos no Brasil e em suas cinco regiões, sendo que o IDH foi o indicador menos cíclico e a taxa de pobreza moderada foi o indicador de maior relação com o ciclo econômico, nas cinco regiões do Brasil a ciclicidade dos indicadores sociais foram bastante homogêneas, com exceção à região Nordeste onde a ciclicidade do Índice de Gini foi maior que a da taxa de desocupação, indicando alta volatilidade da distribuição de renda em tal região.
Dispêndios com bebidas alcoólicas : uma análise a partir de arranjos familiares brasileiros
Layane de Castro Pedro, Sérgio Carlos de Carvalho
Data da defesa: 29/06/2017
A presente dissertação tem por objetivo estudar o impacto dos dispêndios com álcool no orçamento das famílias brasileiras, considerando os diferentes arranjos familiares a partir dos dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009, disponibilizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Utilizou-se o modelo de regressão censurada Tobit com correção de erros robustos. Para efeitos de comparação, estimou-se o modelo Mínimos Quadrados Ordinários (MQO). Foi possível inferir que as famílias biparentais, cuja pessoa de referência é do sexo masculino, estão mais susceptíveis a gastar com o álcool. Sendo que as famílias monoparentais femininas apresentam gastos inferiores a todos os arranjos familiares. O dispêndio com bebidas alcoólicas apresentou relação positiva com a escolaridade da pessoa de referência, o contrário ocorre para idade: cada ano a mais na idade da pessoa de referência implica em uma redução de pouco mais de 2,1% nos dispêndios com bebidas alcóolicas. Também se observou que, quando o chefe de família se declarou branco, os dispêndios são menores. A presença de ao menos um filho menor de dez anos também implica em menores gastos com o álcool. Em relação ao meio em que as famílias residem, às áreas urbanas gastam, em média, 33,4% a mais do que as famílias residentes no meio rural. Quanto às grandes regiões brasileiras, o maior dispêndio foi registrado no Norte, seguido de Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Nas famílias em que a pessoa de referência se autodeclarou participante da religião evangélica, os dispêndios são menores se comparados às demais religiões investigadas. A renda per capita familiar mostrou-se um fator relevante aos gastos com álcool, constatando-se que, para cada 1% de aumento na renda per capita, as despesas com esse bem aumentariam em 0,75%.
Discriminação salarial de gênero e alocação por setor econômico dos trabalhadores no primeiro emprego, reemprego e remanescentes : regiões sul e nordeste do Brasil
Magno Rogério Gomes, Solange de Cássia Inforzato de Souza
Data da defesa: 09/03/2016
A presente dissertação tem por objetivo analisar a discriminação salarial de gênero e a probabilidade de inserção setorial no primeiro emprego, reemprego e remanescentes no mercado de trabalho formal e privado nas regiões Sul e Nordeste do Brasil. Para isso, a base de dados utilizada foi a RAIS - Relação Anual de Informações Sociais - do Ministério do Trabalho e Emprego do ano de 2013. Aplicou-se o modelo logit multinomial para encontrar as chances de inserção nos setores, e a decomposição de Oaxaca-Blinder para calcular as diferenças e a discriminação salariais. Os resultados encontrados para as duas regiões evidenciam maiores chances de absorção do trabalho feminino nos setores de Comércio e Serviços, e do trabalho masculino nos setores Agrícola e Indústria. Nestes dois últimos setores, as mulheres sofrem discriminação na contratação, uma vez que apresentam as mesmas características masculinas e a absorção de mão de obra dos setores é masculina, promovendo a segregação ocupacional. Indivíduos com maior grau de escolaridade (nível superior) têm maior probabilidade de engajarem no setor de Serviços, em que a remuneração média é maior. As chances de inserção dos indivíduos com baixa instrução foram mais elevadas na indústria, especialmente na indústria nordestina, mostrando a pior situação das indústrias do Nordeste comparativamente às do Sul no que se refere ao capital humano. Para ambas as regiões estudadas, há discriminação de rendimentos contra as mulheres, mesmo no setor de Serviços em que a absorção ocupacional das mulheres é maior. Nos setores da Agricultura e Indústria as mulheres são discriminadas duplamente, tanto na inserção ocupacional quanto nos rendimentos, e a situação se agrava no setor industrial. O setor do Comércio apresentou as menores diferenças de rendimentos entre homens e mulheres e também a menor discriminação contra indivíduos do sexo feminino. A maior discriminação de gênero está na classe dos trabalhadores Remanescentes, sugerindo que a mulher é mais discriminada dentro da empresa. Entre as regiões, o Nordeste apresentou menor discriminação salarial contra as mulheres, sendo menor entre os indivíduos de cor de pele parda ou negra comparativamente à região Sul. Os resultados reforçam as hipóteses de que há discriminação salarial contra a mulher nas duas regiões, e se agrava em setores onde as mulheres já são discriminadas na inserção ocupacional, que as diferenças e a discriminação são maiores quando a mulher já está inserida no emprego (Remanescentes), e que a discriminação de gênero (contra a mulher) é menor para regiões menos desenvolvidas economicamente.
Dióxido de carbono equivalente incorporado no comércio internacional
Raoni Felipe de Almeida André, Irene Domenes Zapparoli
Data da defesa: 20/02/2019
O objetivo consiste em estimar os efeitos da estrutura produtiva dos países sobre o comércio internacional em emissão de dióxido de carbono equivalente (CO2eq). Para isso foi utilizado a matriz Insumo-Produto ampliada para coeficientes ambientais, agregando-a em 36 países para o ano de 2012. Os valores da produção interregional da matriz foram extraídas do World Input-Output Database (WIOD) e a quantidade de emissão de CO2eq da Organistion For Economic Co-operation and Development (OECD.stat). EUA, China, Japão, Alemanha e França representam 52% da produção mundial e soma-se a eles a Rússia e o Brasil, juntos emitem mais de 76% do CO2eq mundial. A Rússia e a China destacaram-se por serem os países com maior volume de emissão por unidade monetária, com respectivamente 1,39 e 1,25 mil toneladas de CO2eq por um milhão de dólares, e pela quantidade de emissões atmosféricas exportadas, em torno de 805 e 497 toneladas, além disso, também são os principais no encadeamento de insumos intensivos em poluentes, demandando 3,2 e 2,9 e ofertando 4,9 e 3,9 vezes a mais que a média.
Diferenciais de salário na indústria brasileira por sexo, cor e intensidade tecnológica
Flavio Kaue Fiuza-Moura, Katy Maia
Data da defesa: 27/02/2015
A presente dissertação tem por objetivo mensurar as diferenças salariais, por gênero, cor e intensidade tecnológica, na indústria brasileira, no ano de 2012, em cada segmento tecnológico, bem como medir o “efeito tecnologia” sobre os salários. As bases de dados utilizadas foram PIA 2011, PINTEC 2011 e PNAD 2012. Aplicou-se o procedimento de Heckman para correção de viés de seleção amostral, equações de Mincer para determinação de salários e decomposição de Oaxaca-Blinder para calcular os diferenciais de salários. No entanto, o procedimento de Heckman interferiu na significância dos resultados (vide apêndice). Os principais resultados, sem a correção de viés de seleção amostral, indicam esforço da indústria nacional no sentido de se adaptar à estrutura de investimentos setoriais em P&D, porém ainda apresentou baixa especialização tecnológica intersetorial e baixo investimento em progresso técnico. Foram encontrados retornos salariais positivos para escolaridade, experiência, regiões urbanas e para grupos ocupacionais de liderança, crescentes com o investimento da firma em tecnologia. Observou-se retorno positivo para cor de pele branca e sexo masculino, porém decrescentes em segmentos mais intensivos em tecnologia. A decomposição de Oaxaca-Blinder mostrou elevado grau de discriminação salarial, principalmente em relação às mulheres não brancas. Tal discriminação apresentou menor magnitude conforme foram observados segmentos mais intensivos em tecnologia. O “efeito tecnologia sobre os salários” também se mostrou positivo e crescente conforme observados os setores com maior concentração em investimento em P&D.
Diferenciais de rendimento do trabalho feminino nos setores econômicos da região Sul do Brasil
Rita de Cássia Garcia Margonato, Solange de Cássia Inforzato de Souza
Data da defesa: 16/12/2011
Este estudo analisa a formação e os diferenciais de rendimentos das mulheres nos setores de atividade econômica da Região Sul do Brasil, no período de 2002, 2005 e 2009, a partir dos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Para tanto, o procedimento metodológico consiste em estimar as equações de participação no mercado de trabalho e de salários através de um modelo probit, corrigido pelo Modelo de Seleção de Heckman (1979), a partir das quais realiza-se a mensuração do diferencial de rendimento das mulheres nos setores de comércio, indústria e serviços domésticos, comparativamente ao rendimento das mulheres no setor de serviços por meio de uma adaptação da Decomposição de Oaxaca-Blinder (1973) feita por Jann (2008). Os resultados obtidos indicam que a variável cor não branca teve uma relação negativa quanto à seleção para o mercado de trabalho e a educação formal apresentou impacto positivo na inserção para o trabalho. O lambda (ou inverso da razão de Mills) foi significativo para todos os setores, um indicativo de que a inclusão dessa variável originada pelo Modelo de Seleção de Heckman é necessária para corrigir o viés de seleção amostral. Quanto à equação de rendimento, escolaridade e a categoria de trabalho formal, tenderam a interferir positivamente no rendimento feminino nos setores de comércio, indústria e serviços, enquanto a cor não branca indicou menores rendimentos, exceto no setor de serviços domésticos. Evidenciou-se a hipótese de que a segmentação setorial ocorre no mercado de trabalho feminino da Região Sul do Brasil, pois pode-se explicá-la não apenas pelos atributos pessoais (produtivos ou não) e pela categoria de emprego, mas também pelas especificidades dos setores (efeito setor) na determinação dos diferenciais observados mercado de trabalho feminino da Região Sul. Em média, o efeito setor explicou 30% do diferencial salarial observado na indústria, 24% no comércio, e 34% no setor de serviços domésticos, quando comparado ao rendimento obtido no setor de serviços, em vantagem salarial.