Política fiscal e monetária : dois ensaios sobre o desemprego
Elianara Gomes dos Santos, Márcia Regina Gabardo da Camara
Data da defesa: 06/08/2018
Este estudo objetiva analisar o custo imediato da inflação, o desemprego, sob duas abordagens macroeconômicas: política monetária e política fiscal. O estudo é composto por dois ensaios. No primeiro ensaio o desemprego foi analisado sob a perspectiva da Curva de Phillips aumentada pelas expectativas. Para tanto utilizou-se um modelo VAR, cujo objetivo principal era verificar a relação de Phillips para os cinco países latino-americanos que adotaram o regime de metas de inflação - Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru. Diante da estabilização dos índices inflacionários, constatou-se que o comportamento do desemprego nesses países, nem sempre pode ser explicado como sendo o custo imediato da inflação. Para os casos brasileiro e colombiano, no período de 2005-1016 a relação de Phillips foi encontrada e é estatisticamente significativa. Para o caso chileno, a relação inversa entre inflação e desemprego não foi verificada e foi estatisticamente insignificante. Nos casos mexicano e peruano, a relação foi inversa, mas insignificante estatisticamente. O segundo ensaio traz uma abordagem de interação entre política fiscal e desemprego através de um modelo dinâmico estocástico de equilíbrio geral (DSGE) que versa, sobretudo, analisar efeitos de políticas fiscais trabalhistas sobre o desemprego. O modelo permite fazer considerações acerca dos mercados de trabalho formal e informal, avaliar o prêmio à qualificação no Brasil e corrobora a ideia de que o mercado de trabalho formal brasileiro é muito mais explicado pela sua própria rigidez do que pela dinâmica econômica. O modelo teórico foi calibrado para a economia brasileira e utilizando uma análise de equilíbrio parcial, os resultados mostraram o trade off entre investimento em capital e educação, lazer e oferta de trabalho no setor formal e informal das famílias.
Pobreza no nordeste do Brasil : um estudo multidimensional
Nadja Simone Menezes Nery de Oliveira, Solange de Cássia Inforzato de Souza
Data da defesa: 25/07/2014
O presente estudo tem por objetivo analisar as evidências da pobreza nordestina brasileira sob a perspectiva multidimensional para os anos de 2003 e 2012, a partir da metodologia adaptada de Barros, Carvalho e Franco (2003) para o cálculo do Índice de Desenvolvimento das Famílias (IDF) tendo por base os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) relativos aos anos de 2003 e 2012. Os resultados revelaram uma sensível diminuição na pobreza multidimensional do Nordeste, cujo indicador sintético de pobreza multidimensional para o período de nove anos, melhorou em 5 pontos percentuais enquanto o mesmo indicador para o Brasil sofreu melhora de 4 pontos percentuais no mesmo intervalo de tempo. Também se observou uma redução na distância do indicador de pobreza multidimensional nacional 0,78 (2012) frente à média nordestina 0,73 (2012), o que significou uma diferença de 5 p.p., essa distância entre os mesmos indicadores era de 6 p.p. no ano de 2003. Outro resultado importante indicou que a taxa de variação da pobreza na região Nordeste em 2012 foi reduzida em 7,35%, ou seja, a média da redução da pobreza nordestina foi de 1,94 pontos percentuais acima da taxa de variação de pobreza no Brasil que, por sua vez, foi reduzida em 5,41% no ano de 2012, quando comparada ao ano de 2003. No que se refere aos resultados para as dimensões do IDF, constatou-se que nos anos de 2003 e 2012 os piores indicadores da pobreza nordestina se concentraram nas dimensões de acesso ao conhecimento e acesso ao trabalho. A dimensão acesso ao conhecimento decresceu em 2,94% no ano de 2012 com relação ao ano de 2003; os índices dos componentes analfabetismo e escolaridade foram os que mais contribuíram com o baixo valor dessa dimensão. A dimensão acesso ao trabalho obteve o segundo menor desempenho com um pequeno aumento de 3,64% no mesmo período; para essa dimensão, o índice do componente remuneração foi o principal responsável pelo baixo desempenho da dimensão tendo reduzido 2 p.p. no período. Comparadas ao Brasil, todas as dimensões da pobreza foram problemáticas para o Nordeste e tiveram seus índices inferiores em relação aos índices das dimensões obtidos pelo Brasil para os dois anos, 2003 e 2012. As dimensões mais significativas para o Nordeste foram as relativas ao desenvolvimento infantil, às condições habitacionais e ao consumo de bens duráveis. Em termos estaduais, Piauí, Pernambuco e Alagoas obtiveram os maiores progressos dos indicadores multidimensionais de pobreza quando confrontados à média nordestina do ano de 2012, com relação ao ano de 2003, enquanto os Estados de Sergipe e do Maranhão apresentaram menores graus de desenvolvimento familiar no período de tempo analisado.
PIB do agronegócio e sua relação com os indicadores de desenvolvimento : uma visão mundial para os anos de 1995 e 2015
Lucas Trindade Borges, Umberto Antônio Sesso Filho
Data da defesa: 01/07/2019
O objetivo do estudo foi estimar o Produto Interno Bruto do Agronegócio para 63 países e Outros Países. A partir desses dados relacionar a participação percentual do agronegócio no PIB total do país com dois índices de desenvolvimento: IDH e PIB per capita, comparar a evolução dos países em análise num período de 20 anos e classificá-los em 4 grupos de acordo com o grau de industrialização. A metodologia utilizada foi matriz insumo-produto e foram usados dados da OCDE para os anos de 1995 e 2015. Para relacionar a participação percentual do agronegócio e os índices foi utilizada regressão linear. Como resultado, foi possível constatar a relação entre a participação percentual do agronegócio no PIB total e os índices de desenvolvimento. Para o ano de 1995 o aumento de 1% no IDH causou uma redução de 2,22% na participação do agronegócio, enquanto que o aumento de 1000 dólares no PIB per capita refletiu em uma redução de 0,57% na participação do agronegócio. Para o ano de 2015 o aumento de 1% do IDH causou a redução de 3,94% da participação do agronegócio e o aumento de 1000 dólares causou uma redução de 0,37% na participação do agronegócio. As regressões foram validadas por meio do Teste F, p-valor e Teste Koenker-Basset. Além disso, foi possível classificar os países em 4 classes, de acordo com o nível de industrialização dos mesmos.
Os impactos da expansão da agroindústria canavieira no Brasil e seus diferenciais regionais para os anos de 2005 a 2013
Lina Tiemi Sanada, Carlos Eduardo Caldarelli
Data da defesa: 27/02/2018
O objetivo do presente estudo é analisar as diferenças regionais entre a região Centro-Sul e o Nordeste do Brasil no que se refere aos aspectos relacionados à expansão canavieira, assim como comparar suas influências para a caracterização do setor nacional. Para esta análise foi utilizado o modelo de dados em painel, especificamente o de efeitos fixos. Os resultados demonstraram que para o Centro-Sul, a presença de usinas, a área plantada de cana e o valor adicionado agrícola impactam positivamente sobre o PIB per capita do município, enquanto que para o Nordeste apenas a participação agrícola e o valor adicionado agrícola impactam positivamente no PIB per capita municipal. A partir da análise dos resultados pode-se inferir que o capital gerado pela agroindústria canavieira na região Nordeste possui alcance limitado no que se refere aos efeitos sobre produto dessa região.
Os impactos da demanda e da tecnologia sobre o crescimento econômico brasileiro entre os anos de 2000 e 2009 : uma análise multissetorial
Elcio Cordeiro da Silva, Umberto Antônio Sesso Filho
Data da defesa: 24/02/2014
O objetivo deste trabalho foi mensurar as contribuições da demanda final, da tecnologia e interação entre as mesmas, para o processo de crescimento econômico brasileiro entre os anos 2000 e 2009. Para tanto, foram utilizadas as Matrizes de Insumo-Produto do Brasil estimadas pelo Núcleo de Economia Regional e Urbana da Universidade de São Paulo (NEREUS). As fontes de crescimento econômico foram decompostas em contribuições de mudanças na demanda final, de mudanças na tecnologia e interação entre as mesmas. O efeito demanda final foi decomposto em efeitos das mudanças na demanda do próprio setor e dos demais setores e foram mensuradas os impactos de cada componente da demanda final. Esses efeitos foram mensurados para 56 setores da economia brasileira. Os principais resultados mostram que o efeito das mudanças da demanda final contribuiu positivamente para o crescimento da economia, responsável por 143% do crescimento líquido. No entanto, os efeitos das mudanças da tecnologia e interação contribuíram de maneira a reduzir o crescimento no período, (15%) e (28%), respectivamente. Outro aspecto importante, foi a constatação de evidências de desindustrialização no país, pois no período em análise, observou-se que o crescimento líquido dos setores agropecuária e serviços foram superiores ao da indústria.
O impacto do aumento da jornada escolar sobre o IDEB dos anos finais do ensino fundamental das escolas públicas brasileiras
Benjamin Cesar Alves Ximenes, Carlos Roberto Ferreira
Data da defesa: 12/08/2016
Este trabalho se propõe a analisar o impacto da presença do Programa Mais Educação (PME) nas escolas públicas que ofertam os anos finais do ensino fundamental, a partir dos microdados do Censo Escolar para o Brasil e suas macrorregiões, nos anos de 2007 a 2013. Dessa forma, comparam-se os resultados escolares desses dois tipos de escola e avaliou-se o PME, que amplia a jornada escolar, focando-se os efeitos sobre o IDEB das escolas públicas referente aos anos finais do ensino fundamental para o Brasil e suas macrorregiões. Com esse intuito, foram realizados testes de diferenças de médias e uma análise a partir do modelo de diferenças em diferenças, com ajuste de poligonal. Os resultados mostraram que as escolas públicas brasileiras que participaram do PME apresentaram um efeito positivo de 5% no IDEB dos anos finais do ensino fundamental. O programa teve melhorias nacionalmente, mas apresentou disparidades entre as regiões. As regiões Norte, Sudeste e Centro-Oeste também apresentaram impacto positivo no IDEB e as regiões Norte e Sul apresentaram efeito nulo do programa sobre o IDEB dos anos finais do ensino fundamental. Apesar das disparidades, o programa foi importante para as macrorregiões brasileiras: o IDEB das escolas públicas da região Nordeste teve melhoria independentemente da implementação do programa. A partir dos resultados pode-se constatar a importância do PME para a melhoria do ensino público brasileiro.
O impacto das políticas públicas antitabagistas na probabilidade de consumir tabaco no Brasil
Denize Mirian da Silva, José Adrian Pintos Payeras
Data da defesa: 18/05/2015
O tabagismo pode ser considerado uma das principais causas de problemas respiratórios e de outras doenças que causam a morte de milhões de pessoas todos os anos no mundo. Em virtude disso, desde o final da década 1990, diferentes estados brasileiros têm adotado políticas antitabagistas e várias leis federais também foram criadas para diminuir o consumo de tabaco. Esforços para conter o consumo de tabaco são considerados importantes para o governo, porque eles são negativamente relacionados com despesas futuras com tratamentos de saúde. Com base nisso, o principal objetivo deste trabalho foi o de analisar como as políticas antitabagistas e variáveis sociodemográficas estão relacionadas aos gastos com tabaco dos indivíduos no Brasil. Foram utilizados dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) para estimar a probabilidade de um indivíduo ter dispêndio com produtos do tabaco. As probabilidades foram calculadas por meio de regressões logit para diferentes anos (1995-1996, 2002-2003 e 2008-2009). Os principais resultados apontam que o indivíduo mais propenso a consumir tabaco é do sexo masculino, com idade entre 45 e 65 anos, morador de áreas rurais, que cursou até o ensino fundamental, não-branco, sem religião, com renda per capita de até dois salários mínimos e residente no Sul e Sudeste do Brasil. Foi constatada também, uma correlação negativa entre renda per capita e gastos com tabaco. Além disso, foi observado que mulheres grávidas tendem a gastar menos com tabaco devido à preocupação com a saúde do bebê. Ademais, os indivíduos que residem em domicílio onde há a presença de um casal, também são menos propensos a ter dispêndio com tabaco. Ao contrário das expectativas iniciais, nem todas as políticas antitabagistas nacionais atingiram o seu objetivo na redução do consumo de tabaco. Concluiu-se que esforços futuros para conter o consumo de tabaco devem focar o aumento de impostos, além de políticas nacionais e locais.
O emprego brasileiro por nível de qualificação da mão-de-obra, de 2000 a 2005 : uma análise sobre os efeitos do consumo, do comércio internacional e da mudança tecnológica
Juliana Marís Dias, Katy Maia
Data da defesa: 20/12/2010
O presente estudo investiga os efeitos do comércio internacional, do consumo e da mudança tecnológica na geração de emprego para o Brasil de forma geral e setorial, por nível de qualificação da força de trabalho, de 2000 a 2005. Para tanto, utiliza a metodologia desenvolvida por Maia (2001) e os dados das Matrizes de Insumo-Produto de 2000 e 2005, bem como os dados sobre escolaridade provenientes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio de 1999 e 2001 como proxy para o ano 2000, e 2005. Considerou-se como mão-de-obra menos qualificada aquela com até oito anos de estudo, semi qualificada com de nove a onze anos de estudo e qualificada com mais de onze anos de escolaridade. Os principais resultados obtidos são: i) demanda por maior qualificação da mão-de-obra, dado o favorecimento do trabalho semi qualificado e qualificado; ii) validade do teorema H-O para o comércio internacional e da hipótese SET para a mudança tecnológica; iii) substitutibilidade entre tecnologia e trabalho menos qualificado; iv) perfil agroexportador brasileiro intensivo em mão-de-obra com pouca qualificação; v) geração de emprego industrial em virtude da mudança tecnológica; e vi) melhora qualitativa do setor terciário da economia.
O efeito pass-through da taxa de câmbio para os índices de inflação no Brasil
Nathália Caroline Faria, Carlos Eduardo Caldarelli
Data da defesa: 03/02/2017
Este trabalho teve como objetivo analisar teórica e empiricamente o repasse das oscilações cambiais para os níveis de preços no Brasil pela análise da avaliação do pass-through. O período estabelecido foi de 2000 a 2016, contendo como parâmetros no período de taxa de câmbio flexível. Primeiramente revisa-se uma literatura teórica referente ao pass-through, como também os fatores que o influenciam. O pass-through foi estimado em duas abordagens distintas, através de um OLS, em que os parâmetros são precisos no tempo, e por meio de um modelo com parâmetros variáveis no tempo, pelo Filtro de Kalman. Os resultados permitem verificar uma queda do repasse com a adoção do regime de câmbio flutuante, um repasse cambial menor após apreciações do que após depreciações em que as reações do IGP-DI e do IGP-OG são mais frequentes e receptivas aos choques da taxa de câmbio que o IPCA e IPC.
O desemprego no Brasil de 2012 a 2017 : uma abordagem estrutural
Geissiele Gonçalves Pereira, Katy Maia
Data da defesa: 27/04/2018
Esta dissertação tem como objetivo analisar a estrutura do desemprego no Brasil de 2012 a 2016/2017. Especificamente, busca-se examinar os indicadores do mercado de trabalho segundo as características dos trabalhadores desempregados, tais como: anos de estudo, faixa etária, gênero, posição na família e regiões brasileiras em que residem; bem como mensurar o excesso proporcional de desemprego dos grupos selecionados em relação ao seu nível médio mínimo, ou seja, o índice mismatch. Para tanto, utiliza-se a PNADC, do IBGE, com periodicidade trimestral, de 2012 até o primeiro trimestre de 2017. Os procedimentos metodológicos adotados consistiram em estimar a equação dos determinantes da composição do desemprego, segundo Corseuil, Reis e Urani (1996). Em adição, calculou-se os índices mismatch, para cada uma das características selecionadas de acordo com Layard, Nickell e Jackman (2009) e Wood (1995). Os principais resultados indicaram que, nos anos de 2012 a 2016/2017, houve aumento das taxas de desemprego em todos os grupos selecionados. No entanto, os trabalhadores mais atingidos pelo desemprego foram aqueles com ensino médio incompleto; os jovens; as mulheres; os filhos e os trabalhadores do Nordeste. Além disso, verificou-se considerável discrepância nas taxas de desemprego destes grupos em relação às dos demais. Desse modo, confirmou-se que houve intensificação do desemprego estrutural no Brasil, no período investigado.