O espaço geográfico representado em filmes de animação: contribuições para o ensino de geografia nos anos finais do ensino fundamental
André Fernandes Oliveira, Eloiza Cristiane Torres
Data da defesa: 17/04/2023
Nos últimos anos, o debate acerca de metodologias e linguagens capazes de atualizar o ensino de Geografia ganhou relevância devido à necessidade de ensinar de forma lúdica e mais próxima ao estudante. Dentre os inúmeros recursos tecnológicos e audiovisuais disponíveis, o cinema se apresenta como um dos instrumentos com grande potencial, tendo em vista sua capacidade de reter a atenção dos estudantes e possuir enredos compatíveis com o estudo pertinentes à Geografia e outras áreas do conhecimento. Partindo desses pressupostos, a problemática da pesquisa se constrói: é possível dinamizar as aulas de Geografia e assim torná-las interessantes e prazerosas para os estudantes por meio do uso da linguagem cinematográfica, mais especificamente de longas-metragens de animação? O objetivo da pesquisa é analisar o potencial didático dos filmes comerciais de animação no que se refere à compreensão do principal objeto de estudo da Geografia, o espaço geográfico e desenvolver propostas de caráter interdisciplinar capazes de auxiliar professores a utilizarem a linguagem fílmica em suas aulas. As atividades e análises se deram a partir do projeto “Animaestudos, a magia do cinema nos conecta”, desenvolvido no Colégio Marista de Londrina, com turmas dos Anos Finais do Ensino Fundamental no ano de 2019. Nesse sentido, a pesquisa possui abordagem qualitativa, que permite uma visão ampla do fenômeno que está sendo estudado. No intuito de compreender possíveis abordagens entre filmes de animação e ensino de Geografia foi realizado um levantamento bibliográfico e uma curadoria, que definiu quais títulos seriam analisados. A partir disso, professores de outras áreas do conhecimento foram convidados a contribuir com a elaboração e aplicação das atividades propostas. Posteriormente, selecionamos dois títulos trabalhados junto aos estudantes para analisar a eficácia do projeto e verificar os resultados alcançados.
É proibido proibir: liberdade e ser no mundo na docência em geografia
Débora Jurado Ramos, Jeani Delgado Paschoal Moura
Data da defesa: 07/03/2023
Delineamos a presente tese a partir de um texto afetivo que propõe ser uma leitura silenciosa e empática, problematizando o debate em torno de temas sobre a liberdade e o ensino de Geografia. Para tanto, tomamos o conceito de liberdade da filosofia existencialista sartreana, empregando-a na compreensão do ser educador e educando, discutindo questões como objetificação, autonomia, revolta, ideologia, projeto, profissionalização e, de maneira menos efetiva a decolonialidade. O objetivo é identificar a liberdade a partir de seu conceito existencialista, no dia a dia docente, tanto sua efetivação na profissionalização quanto suas contribuições para o ensino de Geografia. A temática nos parece sensível à atualidade, sobretudo a respeito da reflexão sobre o isolamento social, a falta de fraternidade e as tentativas de controle dos sistemas de ensino nacional, que a todo tempo desqualifica o profissional educador. Assim, tomando o ensino como um meio de comunicação e um dos instrumentos de controle e manutenção do status-quo, e analisando os indivíduos que dele participam como seres-para-si, buscamos uma outra forma de diálogo e compreensão, pautada na ciência, mas também na arte e na subjetividade. Por isso, optamos por uma escrita que não a comumente utilizada na ciência geográfica. Para nós, pareceu que o debate acerca da questão da liberdade e sua relação com a geografia só poderia ser realizado a partir da liberdade da escrita, trazendo a esta tese aspectos da subjetividade humana manifestados em diferentes produções científicas e artísticas. Portanto, caro leitor, você será direcionado lentamente ao centro do debate sem apressamento, trilhando um caminho que fora pensado para oportunizar a reflexão e a subjetividade a partir da filosofia, da pedagogia e da ciência geográfica. Tendo em vista nosso objetivo, realizamos coletas de dados em diferentes formatos: entrevistas em grupo e individualizadas; encontros propositais ou acidentais e observação silenciosa do ambiente escolar, para apreender como professores de Geografia entendem a liberdade e a aplicam em suas aulas. Também lancei mão da minha experiência enquanto professora da rede pública de ensino em escola bilíngue Português/Libras, tendo em vista que nesta narrativa de fenômeno, a vivência de professora se confunde com a de pesquisadora e tal fusão faz parte do método de pesquisa utilizado, a fenomenologia. E o que podemos concluir? Que apesar de não haver total concordância entre a essência de liberdade atribuída por profissionais da educação entrevistados com o conceito sartreano, ainda assim há diversas confluências e que, ao final, a liberdade se efetiva a cada movimento docente em busca de uma revolução em pequena escala, aquela que ocorre ordinariamente em sala de aula, na busca constante por fazer em cinquenta minutos um momento de aprendizado autônomo, crítico e transcendente. Foi também em minhas vivências como educadora que encontrei a tal liberdade que procurava, percebendo que sou efetivamente livre em minha prática docente e, para além disso, havia algo nesta tese e na minha atuação que me guiam a novos caminhos, agora decoloniais. Também me parece caro ressaltar as problemáticas da efetivação da liberdade por subterfúgios e fissuras do sistema e não como um processo regido por uma política pública, gerando grande perda nos sentidos de formação dos indivíduos. Por esse motivo, não propomos soluções, generalizações e modelos, tal qual nos sugeriu a ciência produzida pelos nossos colonizadores, mas um caminho de diálogo e construção coletiva, em busca de um ensino de geografia libertador, autônomo, criativo, emancipatório e decolonial.
Narrativas de um ensino de geografia afetivo e ativo (EGAA): Experiências em comunicação não violenta (Cnv) em sala de aula
Pedro Henrique Silveira Brum, Jeani Delgado Paschoal Moura
Data da defesa: 13/12/2022
O presente trabalho busca problematizar a construção da educação neoliberal como promotora de representações dos afetos de medo e da competição entre os estudantes da educação básica ao longo do percurso de 2016 até 2022, com ênfase no trabalho desenvolvido nas escolas Benedita Rosa Rezende em Londrina – PR, nos anos de 2018 e 2019 e o Colégio Estadual Cívico Militar Vinicius de Moraes, Maringá – PR no ano de 2022. Parto do pressuposto que a narrativa neoliberal é responsável por promover uma psicologia moral disciplinadora que estabelece relações de competição e de distanciamento da possibilidade de encontro de uns para com os outros. O modelo forma-empresa, estimulado pela economia neoliberal, em especial no Paraná com a onda privatista do atual governo, está transformando a educação em ferramentas de gerenciamento de si mesmo em que as capacidades de socialização estão sendo substituídas por critérios passíveis de monetização e aumento de performance. Em outras palavras, podemos estar entrando em uma era em que as questões relacionadas à cidadania e civilidade estão sendo substituídas pelo processo mais alienante da troca comercial. As habilidades sociais estão sendo monetizadas e encaradas como passivos a serem trocados no mercado. Nesse sentido, há um conteúdo inconsciente que se apresenta nas salas de aula que podem ser direcionados como elementos necessários para dar vazão a esses processos de socialização humana. Por vezes entendidos como violentos, os processos de constituição das individualidades não precisam, necessariamente, serem tratados como alteridades que não possam ser trabalhados em sala de aula. Diante disso, apresento a experiência de seis anos em que foram utilizadas técnicas e metodologias baseadas na comunicação não violenta e metodologias ativas, em que os conteúdos curriculares da geografia para o ensino básico foram trabalhados de forma mais proveitosa por parte dos estudantes. A problemática se insere na concepção de violência, os altos índices de indisciplina em sala de aula e a falta de interesse por parte dos estudantes. Busquei ferramentas e encontrei bom resultados voltados a um ensino de geografia ativo e afetivo. Dentre esses resultados, o respeito à alteridade e a não compartimentação de posturas vistas como de incivilidades, indisciplinas e até mesmo violentas, podem ser apenas ajustes da dinâmica inconsciente de simbolização do sujeito adolescente em que pouca ou nenhuma oportunidade pode expressar suas inquietações em sala de aula.
A abordagem teórico-metodológica da cidade e do planejamento urbano na geografia escolar
Francisco Manoel de Carvalho, Ideni Terezinha Antonello
Data da defesa: 09/12/2022
Dentro da realidade social vivenciada, com grande presença do individualismo e da segregação social, é fundamental a discussão e a proposta de instrumentos que possibilitem a justiça social. Dito isto, com vistas à garantia de uma cidade mais justa, destaca-se a importância da abordagem do tema, em sala de aula, por meio de práticas pedagógicas inovadoras, como ferramenta possibilitadora da aprendizagem significativa e fomentar estratégias de repensar o espaço urbano. Assim sendo, a presente pesquisa teve por objetivo, analisar as relações entre a cidade, o planejamento urbano e educação escolar, no âmbito do ensino da Geografia, a partir de experiências concretas vivenciadas no cotidiano de professores e alunos. Para tanto, foi realizada revisão bibliográfica sobre a temática investigada, bem como, trabalho de campo com aplicação de questionário a alunos e professores de Geografia do Ensino Médio das escolas estaduais do município de Siqueira Campos, Paraná, 2020. Inicialmente foi apresentada a discussão sobre conceitos fundamentais para a abordagem da temática da pesquisa. Na sequência, apresenta-se a discussão sobre o ensino da Geografia e suas potencialidades para o desenvolvimento da consciência participativa nos estudantes. Por fim, é apresenta uma proposta de plano de aula, pautado nas práticas pedagógicas inovadoras; a análise dos documentos orientadores do currículo da rede estadual paranaense, análise de obras didáticas, bem como a percepção de alunos e professores sobre a abordagem do tema espaço urbano em sala de aula. Concluindo-se que, o ensino da Geografia pautado nas práticas de ensino inovadoras, nesta pesquisa com enfoque nas metodologias ativas de ensino e aprendizagem, é visto como instrumento incentivador e possibilitador da criticidade dos discentes, na qual eles serão motivados a analisar, refletir e expor seus pensamentos sobre uma determinada realidade. Destaca-se ainda, a abordagem da cidade e do planejamento urbano no ensino formal, como elementos que visam a formação de um cidadão consciente das demandas do espaço que vive, podendo deliberar sobre esse espaço de forma ativa e democrática.
Escola como ponta de lança : experiências geográficas e modos-de-ser dasein-aprendiz
Larissa Alves de Oliveira, Jeani Delgado Paschoal Moura
Data da defesa: 31/05/2022
Esta tese se apropria da analítica existencial de orientação fenomenológica de Martin Heidegger a respeito do homem e de sua relação com o mundo, para a compreensão da experiência geográfica escolar como desvelar dos modo-de-ser dasein-aprendiz. O filósofo apresenta uma concepção do ser humano como ser-no-mundo, buscando superar os tradicionais dualismos entre corpo-mente, sujeito-objeto e teoria-prática. Como tese, entende-se que, se a experiência geográfica fenomenológica conduzir nossa compreensão acerca da escola como ponta de lança, para usar uma expressão hedeggeriana, várias limitações relacionadas ao sentido desta poderão ser superadas. A problemática da pesquisa busca responder: qual o sentido de ser da escola? Que modos de manifestação dos fenômenos humanos aparecem no contexto escolar? Como os modos-de-ser professor e estudante são desvelados nas experiências escolares? Pelos escritos de Heidegger sobre a concepção de ser-no-mundo, busca-se refletir a escola enquanto ente e coexistente do ser que se desvela por meio da experiência geográfica, dando sentido ao que se encontra nos diferentes contextos e nas diferentes práticas em que se desvelam seus existenciais. Para além da forma cartesiana de fazer ciência, Heidegger entendia que era preciso deixar falar os próprios fenômenos ou a experiência que aparece como fenômeno. Desse modo, o objetivo central deste estudo foi compreender as experiências que preconizam o sentido de ser da escola. Como metodologia de pesquisa foi criado um grupo focal por meio de roda de conversa virtual com professores, bem como observações de aulas e conversas com estudantes da rede estadual de ensino, Londrina–PR, de forma remota. Como resultados, abriram-se caminhos para o entendimento da escola com base nas experiências escolares daqueles que habitam este lugar, demonstrando sua geograficidade por meio da relação visceral de professores e estudantes com a instituição. É possível destacar que com os modos-de-ser professor e estudante colaborou-se com a reflexão de um Dasein-aprendiz, que converge da própria experiência escolar. Por fim, acredita-se que esta pesquisa poderá contribuir nos caminhos de aproximação entre a Filosofia de Heidegger e a Educação Geográfica.
A escola como lugar e o ensino de geografia para os imigrantes bolivianos em São Paulo
Cristiano Manoel Alves, Jeani Delgado Paschoal Moura
Data da defesa: 19/12/2019
Esta pesquisa tem como objetivo discutir concepções acerca da construção do lugar no ensino de Geografia para os imigrantes bolivianos, instalados no bairro do Brás, município de São Paulo, SP. Esse bairro paulistano representa um polo para os bolivianos que são atraídos pela oportunidade de trabalho e renda nas indústrias de tecido e nas lojas do ramo varejista como forma de garantir o sustento de suas famílias. Com a chegada desses imigrantes ocorre uma reconfiguração do bairro dando-lhe novas características. As escolas localizadas na região são afetadas por essa dinâmica, tendo que reorganizar as suas atividades cotidianas em função desta nova realidade, a exemplo da Escola Eduardo Prado, objeto desta investigação, onde mais da metade dos estudantes são imigrantes bolivianos ou seus descendentes diretos. A metodologia de pesquisa, fundamentada na fenomenologia geográfica, é do tipo qualitativa, contou com a investigação empírica e documental partindo de observações e entrevistas não dirigidas, semiestruturadas dando ao entrevistado a oportunidade de relatar as suas experiências e vivências. Os resultados mostram as principais dificuldades enfrentadas pelos bolivianos e apontam para a necessidade de reflexão sobre o papel da escola pública como mediadora no processo de adaptação desses estudantes no lugar. Conclui-se que a Geografia como ciência dos lugares, juntamente com as demais disciplinas curriculares, pode contribuir para que a escola seja significativa ajudando os estudantes a reconstruírem o seu lugar no mundo.