Espaços abandonados – Londrina
Raíssa Galvão Bessa, Ideni Terezinha Antonello
Data da defesa: 01/03/2023
Toda edificação traz consigo uma história. Muitas vezes são destacados os traços arquitetônicos que revelam uma estética e/ou época, mas há mais para além disso: os espaços são memórias de pessoas, famílias, comércio local, comunidades e até mesmo representam políticas públicas, seja da esfera municipal, estadual ou federal. Os espaços abandonados foram cemitérios vivos da história por anos, frequentemente indo ao chão para o moderno acontecer. Diante dessa realidade é que se propõe a presente pesquisa. Ver a cidade e seus espaços abandonados a fim de compreendê-los tendo como objetivo valorizar a memória e a história local. Utilizou-se o método regressivo-progressivo de Henri Lefebvre, no qual foi realizada a coleta dos documentos locais partindo do presente para perceber o passado e assim permitir olhar o futuro numa visão descolonizadora do município. Culminando no método Brecht de Fredric Jameson, que visa entrelaçar a arte e a ciência de forma crítica, política e de pesquisa-ação. Além dos métodos citados, usou-se o referencial teórico de autores como: Jan Gehl e Jane Jacobs que defendem um urbano humanista, François Ascher e Henri Lefebvre que abordam o espaço como produção de uma cidade capitalista, e outros que dialogam com o espaço urbano, sua memória e história. Assim adentrou-se em um universo para além da academia, escrevendo um projeto na lei de cultura municipal, aprovando-o, resultando em um curta-metragem, URBEX espaços abandonados Londrina, que foi exibido durante três dias de forma online, alcançando mais de 1.200 visualizações e posteriormente exibido no 24º Festival Kinoarte de Cinema, de modo presencial. Foram realizadas treze entrevistas, sendo três diálogos abertos com pessoas que se destacaram nas temáticas: sonora, cultural e de transformação de um espaço abandonado local; e dez organizadas em dois grupos focais de indivíduos: os que viram ao curta-metragem e os do entorno dos espaços abandonados. Verificou-se que as pessoas que assistiram ao material em audiovisual possuíam uma análise prévia, uma visão crítica e sensível ao assunto, relacionando memórias pessoais com os espaços da cidade; já as do entorno tinham uma abordagem prática e capitalista sobre o abandono urbano. Percebeu-se que o objetivo foi alcançado quando houve um trabalho de sensibilização por meio da arte. Uma das formas dos espaços abandonados significarem para história local é existir pesquisa-ação gerando consciência e possibilitando um movimento popular de resistência da memória coletiva.
A presença do circuito superior da economia urbana nas cidades pequenas: uma análise das cidades de Centenário do Sul, Jaguapitã e Porecatu-PR
Thiago Henrique de Abreu Sanatana, Sérgio Aparecido Nabarro
Data da defesa: 29/07/2022
As pesquisas relacionadas às cidades pequenas contribuíram muito para a compreensão dos circuitos da economia urbana contemporânea. No entanto, é preciso ainda aprofundar os meandros dos circuitos da economia urbana inseridos na dinâmica da malha urbana brasileira, composta majoritariamente por cidades pequenas. Visando esta investigação, a presente pesquisa se propõe a discutir os dois circuitos da economia urbana, com ênfase no circuito superior, nas cidades pequenas de Centenário do Sul, Jaguapitã e Porecatu, no Estado do Paraná. Com o intuito de compreender a atual realidade da qual as se encontram, é necessária a utilização de registros históricos que remontam as origens destas, além de outras passagens importantes como ciclos econômicos e marcos temporais que foram explorados ao longo do trabalho, na qual, por meio do uso de dados econômicos e a descrição do seu aparato urbano, pode se ter a noção do impacto desses circuitos nas localidades supracitadas, não deixando de lado as considerações acerca das diferenças de conceituação entre cidade local e cidade pequena, que por meio da teoria dos circuitos podem ser melhor compreendidas as suas singularidades.
Contribuições da geografia para além do visível : o significado do conceito de cidade para as pessoas com deficiência visual de Londrina (PR)
Karoline Oliveira Santos, Eloiza Cristiane Torres
Data da defesa: 14/01/2021
Este trabalho apresenta o significado e as percepções socioespaciais das pessoas com deficiência visual (cegueira, baixa visão e surdocegueira) na cidade de Londrina (PR). A questão norteadora da pesquisa foi: “Qual o significado do conceito de cidade para as pessoas com deficiência visual de Londrina”, ou seja, o objetivo geral consiste em compreender: quais são as percepções socioespaciais e significados atribuídos ao espaço urbano. Especificamente buscou-se: discutir teoricamente sobre a educação especial, inclusão, ensino de Geografia, deficiência visual, acessibilidade e mobilidade, justiça espacial e o direito à cidade; caracterizar quais são as representações socioespaciais que as pessoas com deficiência visual possuem; explicitar as principais dificuldades de deslocamento e mobilidade na cidade de Londrina (PR) segundo os relatos de vivência das pessoas com deficiência visual que residem ou realizam atividades em Londrina (PR); identificar e refletir sobre as principais práticas didático-pedagógicas voltadas para atender os educandos com deficiência visual nas aulas de geografia, buscando destacar o potencial de contribuição das mesmas para a formação e efetivo exercício da cidadania na cidade das pessoas com deficiência visual. Para alcançar tais objetivos e responder à questão norteadora, foram realizadas oito entrevistas semiestruturadas contendo 32 questões com pessoas com deficiência visual. Os resultados da análise apontam a grande potencialidade e contribuição das discussões sobre a cidade no ensino de Geografia, tendo em vista que as pessoas com deficiência visual vivenciam este lugar de diferentes formas, de acordo com o cotidiano, com as atividades que realizam, e com o papel que ocupam, ou seja, constroem representações geográficas cotidianamente, utilizando-se de outros sentidos. A pesquisa evidenciou que as definições e significados sobre a cidade são diversificados, além disso, indicou que a cidade de Londrina (PR) necessita de muitos avanços no que diz respeito a inclusão das pessoas com deficiência visual. Todos os participantes da pesquisa destacaram elementos que não contribuem para a mobilidade autônoma, acessibilidade e direito à cidade (ausência de pisos táteis, rampas, calçadas em péssimas condições, entre outros). Tais elementos devem ser levados em consideração, uma vez que todas as pessoas devem ter os direitos respeitados. Nesse sentido, a sociedade deve adquirir um posicionamento reflexivo levando em consideração as especificidades dos indivíduos, principalmente no que diz respeito a inclusão das pessoas com deficiência.