Segmentação ocupacional e discriminação de gênero do mercado de trabalho : uma análise para o Brasil e os estados do Paraná e Bahia

Dissertação de mestrado

Visualizar PDF

Resumo

Esta dissertação tem por objetivo analisar os efeitos da segmentação ocupacional sobre os rendimentos, bem como a discriminação de gênero intra-ocupacional no Brasil e nos estados do Paraná e da Bahia. A partir dos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2015, estimou-se as equações mincerianas com a correção do viés de seleção amostral e efetuou-se a decomposição salarial de Oaxaca-Blinder para os grupos ocupacionais e para o gênero. Os grupos foram denominados em (1) Dirigentes e Profissionais das Ciências e das Artes (PCAs); (2) Técnicos de nível médio; e (3) Trabalhadores dos serviços e da produção. Os resultados encontrados comprovam o hiato salarial entre as ocupações exposto na literatura sobre o tema, bem como a presença da segmentação ocupacional no mercado de trabalho brasileiro, paranaense e baiano, o que dá significado para as características e especificidades dos postos de trabalho na identificação das fontes das diferenças salariais, sustentadas pela teoria da segmentação do mercado de trabalho. Por meio do reagrupamento das ocupações, constatou-se que o grupo ocupacional 3 encontra-se em situação salarial mais desvantajosa quando comparada aos outros grupos estudados. As diferenças salariais predominantes, bem como o maior impacto da segmentação nos salários localizam-se entre os grupos extremos de competência, Dirigentes e PCAs (grupo 1) e Trabalhadores dos serviços e da produção (grupo 3) para os três recortes regionais da pesquisa, ou seja, entre as ocupações associadas à definição de normas e procedimentos, e entre as ligadas à operacionalização das atividades de trabalho. Neste caso, a particularidade do posto de trabalho foi mais relevante para explicar a desigualdade dos salários. A segmentação é menor entre os Dirigentes e PCAs (grupo 1) e Técnicos de nível médio (grupo 2), nos casos do Brasil e da Bahia; e entre os Técnicos de nível médio e Trabalhadores dos serviços e da produção (grupo 3) no Paraná. Nesta comparação, o perfil do posto de trabalho é menos relevante do que os outros atributos do trabalhador para a diferença de salários interocupacional. Quanto à discriminação de gênero intra-ocupacional, há um padrão para o Brasil, Paraná e Bahia: o maior percentual se concentra nos Dirigentes e PCAs, o que mostra que o grupo ocupacional mais qualificado e com maiores salários é o mais discriminador, destacando-se a Bahia com maior percentual entre os estados. O grupo ocupacional 3, que reúne os Trabalhadores dos serviços e da produção tem a menor discriminação salarial contra a mulher, embora o Paraná seja o estado que menos discrimina.