Evolução das interligações produtivas do Brasil nas cadeias globais de valor de 1995 a 2009

Dissertação de mestrado

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Resumo

O objetivo do estudo foi mensurar e identificar a evolução das relações intersetoriais e inter-regionais do Brasil nas Cadeias Globais de Valor para os anos de 1995, 2000, 2005 e 2009. Para atingir os objetivos utilizou-se o sistema de insumo produto inter-regional, com base nos dados do World Input-Output Database – WIOD e foram calculados os geradores e multiplicadores de produção, emprego e valor adicionado, bem como os transbordamentos referentes a cada setor produtivo. Os resultados mostraram que no período estudado os setores que apresentaram o maior efeito transbordamento de produção e valor adicionado foram: (14) Eletrônicos e Equipamentos ópticos (8) Refino de Petróleo e Combustível Nuclear, (15) Equipamentos de Transporte e (10) Borracha e Plástico. No entanto, verificou-se entre 1995 a 2009 a queda da participação do NAFTA e da Zona do Euro na inter-relação produtiva com o Brasil e o aumento da integração de produção com a China, RIIAT e o Resto do Mundo, principalmente nos anos 2000. Tal movimento indicou o processo de fragmentação da produção brasileira em bases globais, principalmente dos setores de produtos manufaturados. Os setores de serviços apresentaram menor transbordamento no fluxo comercial internacional, sendo os seus multiplicadores de produção e valor adicionado em sua maioria de origem doméstica. Os setores mais importantes na geração de emprego externo foram (4) Têxteis, (14) Eletrônicos e Equipamentos ópticos e (15) Equipamentos de Transporte, em grande maioria gerada na China e RIIAT. O transbordamento médio dos setores brasileiros sentido exterior aumentou de 1995 a 2009 para a produção, emprego e valor adicionado saltando de 6,6% para 8,9% para o primeiro, 2,2% para 3,4% no emprego e 6,7 para 8,6% no valor adicionado. Os resultados para os multiplicadores do Tipo I de produção, emprego e valor adicionado mostraram que os maiores multiplicadores direto e indireto foram coincidentes, ou seja, os setores com maiores capacidades de multiplicar produção, também resultaram em maiores retornos de emprego e valor adicionado dentro e fora do Brasil. Contudo, para o do ano de 2009, destacou-se a redução da participação brasileira nas Cadeias Globais de Valor ante ao crescimento observado entre 1995 a 2005. Podem ser considerados a crise financeira americana de 2008 que logo se propagou para todo o sistema econômico internacional e a política anticíclica do governo brasileiro de conteúdo local. A economia do país demonstra estar se especializando em produção de bens intermediários menos intensivos em tecnologia e apresenta correlação com a maior participação de bens intermediários importados, sobretudo em setores mais intensivos em tecnologia, como Equipamento de Transporte, Químico e Equipamentos Elétricos e Ópticos demonstrando o perfil da estrutura produtiva brasileira nas cadeias globais de valor.