Segmentação ocupacional e discriminação de gênero do mercado de trabalho : uma análise para o Brasil e os estados do Paraná e Bahia
Gabriela Gomes Mantovani, Solange de Cássia Inforzato de Souza
Data da defesa: 02/03/2018
Esta dissertação tem por objetivo analisar os efeitos da segmentação ocupacional sobre os rendimentos, bem como a discriminação de gênero intra-ocupacional no Brasil e nos estados do Paraná e da Bahia. A partir dos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2015, estimou-se as equações mincerianas com a correção do viés de seleção amostral e efetuou-se a decomposição salarial de Oaxaca-Blinder para os grupos ocupacionais e para o gênero. Os grupos foram denominados em (1) Dirigentes e Profissionais das Ciências e das Artes (PCAs); (2) Técnicos de nível médio; e (3) Trabalhadores dos serviços e da produção. Os resultados encontrados comprovam o hiato salarial entre as ocupações exposto na literatura sobre o tema, bem como a presença da segmentação ocupacional no mercado de trabalho brasileiro, paranaense e baiano, o que dá significado para as características e especificidades dos postos de trabalho na identificação das fontes das diferenças salariais, sustentadas pela teoria da segmentação do mercado de trabalho. Por meio do reagrupamento das ocupações, constatou-se que o grupo ocupacional 3 encontra-se em situação salarial mais desvantajosa quando comparada aos outros grupos estudados. As diferenças salariais predominantes, bem como o maior impacto da segmentação nos salários localizam-se entre os grupos extremos de competência, Dirigentes e PCAs (grupo 1) e Trabalhadores dos serviços e da produção (grupo 3) para os três recortes regionais da pesquisa, ou seja, entre as ocupações associadas à definição de normas e procedimentos, e entre as ligadas à operacionalização das atividades de trabalho. Neste caso, a particularidade do posto de trabalho foi mais relevante para explicar a desigualdade dos salários. A segmentação é menor entre os Dirigentes e PCAs (grupo 1) e Técnicos de nível médio (grupo 2), nos casos do Brasil e da Bahia; e entre os Técnicos de nível médio e Trabalhadores dos serviços e da produção (grupo 3) no Paraná. Nesta comparação, o perfil do posto de trabalho é menos relevante do que os outros atributos do trabalhador para a diferença de salários interocupacional. Quanto à discriminação de gênero intra-ocupacional, há um padrão para o Brasil, Paraná e Bahia: o maior percentual se concentra nos Dirigentes e PCAs, o que mostra que o grupo ocupacional mais qualificado e com maiores salários é o mais discriminador, destacando-se a Bahia com maior percentual entre os estados. O grupo ocupacional 3, que reúne os Trabalhadores dos serviços e da produção tem a menor discriminação salarial contra a mulher, embora o Paraná seja o estado que menos discrimina.
Discriminação salarial de gênero e alocação por setor econômico dos trabalhadores no primeiro emprego, reemprego e remanescentes : regiões sul e nordeste do Brasil
Magno Rogério Gomes, Solange de Cássia Inforzato de Souza
Data da defesa: 09/03/2016
A presente dissertação tem por objetivo analisar a discriminação salarial de gênero e a probabilidade de inserção setorial no primeiro emprego, reemprego e remanescentes no mercado de trabalho formal e privado nas regiões Sul e Nordeste do Brasil. Para isso, a base de dados utilizada foi a RAIS - Relação Anual de Informações Sociais - do Ministério do Trabalho e Emprego do ano de 2013. Aplicou-se o modelo logit multinomial para encontrar as chances de inserção nos setores, e a decomposição de Oaxaca-Blinder para calcular as diferenças e a discriminação salariais. Os resultados encontrados para as duas regiões evidenciam maiores chances de absorção do trabalho feminino nos setores de Comércio e Serviços, e do trabalho masculino nos setores Agrícola e Indústria. Nestes dois últimos setores, as mulheres sofrem discriminação na contratação, uma vez que apresentam as mesmas características masculinas e a absorção de mão de obra dos setores é masculina, promovendo a segregação ocupacional. Indivíduos com maior grau de escolaridade (nível superior) têm maior probabilidade de engajarem no setor de Serviços, em que a remuneração média é maior. As chances de inserção dos indivíduos com baixa instrução foram mais elevadas na indústria, especialmente na indústria nordestina, mostrando a pior situação das indústrias do Nordeste comparativamente às do Sul no que se refere ao capital humano. Para ambas as regiões estudadas, há discriminação de rendimentos contra as mulheres, mesmo no setor de Serviços em que a absorção ocupacional das mulheres é maior. Nos setores da Agricultura e Indústria as mulheres são discriminadas duplamente, tanto na inserção ocupacional quanto nos rendimentos, e a situação se agrava no setor industrial. O setor do Comércio apresentou as menores diferenças de rendimentos entre homens e mulheres e também a menor discriminação contra indivíduos do sexo feminino. A maior discriminação de gênero está na classe dos trabalhadores Remanescentes, sugerindo que a mulher é mais discriminada dentro da empresa. Entre as regiões, o Nordeste apresentou menor discriminação salarial contra as mulheres, sendo menor entre os indivíduos de cor de pele parda ou negra comparativamente à região Sul. Os resultados reforçam as hipóteses de que há discriminação salarial contra a mulher nas duas regiões, e se agrava em setores onde as mulheres já são discriminadas na inserção ocupacional, que as diferenças e a discriminação são maiores quando a mulher já está inserida no emprego (Remanescentes), e que a discriminação de gênero (contra a mulher) é menor para regiões menos desenvolvidas economicamente.