Taxação sobre herança intergeracionais : uma contribuição ao modelo microfundamentado de crescimento e distribuição pós-keynesiano: o caso de mercados de capital imperfeito
Devanir Rogel, Renato Nozaki Sugahara
Data da defesa: 10/05/2022
Crescimento equilibrado e distribuição de renda são questões centrais para a macroeconomia. Trabalhos pioneiros estabeleceram quais seriam as condições de existência desse equilíbrio e determinaram o que ficou conhecido como “fio de Navalha”, o que levou a um debate entre duas escolas de pensamento econômico: A Neoclássica e a Escola de Cambridge. Segue-se aqui esta escola e os pensadores que propuseram uma estrutura microeconômica para responder essa teoria de acumulação e distribuição. Assim, este trabalho tem por objetivo dar uma contribuição teórica ao modelo microfundamentado de crescimento e distribuição de renda pós-keynesiano intergeracional com ciclo de vida e herança, identificando as condições para que ambas as classes (capitalista e trabalhador) mantenham um estoque de capital intergeracional positivo. Para cumprir este objetivo, fez-se uma revisão da teoria pós-keynesiana e, a partir do modelo desenvolvido por Sugahara et al. (2016), determina-se as condições de existência de ambas as classes considerando a hipótese de existência de uma única taxa de motivo herança e duas taxas de juros de equilíbrio (economia com mercado de capital imperfeito). Os resultados mostram que as taxas de juros apresentam variação positiva em relação à tributação, que um aumento da tributação eleva a participação da classe trabalhadora no estoque de capital total e a tributação afeta a distribuição de riqueza entre as classes pois aumenta a participação da classe trabalhadora no estoque de capital total da economia. Já valor da taxa de motivo herança mostra que ambas as classes podem ter uma disposição normal ou fraca de deixar ativos para seus filhos para existirem em equilíbrio, sob diferentes taxas de juros, e que, o esforço dos capitalistas passa a ser menor, uma vez que esta classe estará recebendo uma remuneração maior sobre seu capital em relação a classe dos trabalhadores, obtendo assim uma “vantagem no ciclo de vida”. Ainda, um determinado grau de imperfeição de mercado é necessário para a existência a longo prazo das duas classes.
O papel do investimento no crescimento econômico
Vanessa Guazzelli Sampaio, Joanna Georgios Alexopoulos
Data da defesa: 28/02/2020
Este trabalho teve como objetivo estudar como o agente representativo de uma economia, ao tomar a decisão de investimento em cada setor, afeta o crescimento de longo prazo da economia. Para isso, foi desenvolvida uma extenção do modelo neoclássico de crescimento com dois setores, o agrícola e o não agrícola e uma pequena economia aberta. Para encontrar o equilíbrio competitivo foi utilizado o Problema do Planejador Social. Os resultados analíticos encontrados indicam que a escolha do setor para investir possui comportamentos semelhantes ao alterar os valores da participação do capital em cada setor e a dotação de terra dos países. Nesse sentido, houve uma tendência de aumento de capital em cada setor. Em relação à terra, os países com maiores dotações tendem a alocar mais volume de capital investido nos dois setores. A diferença entre a quantidade de capital em cada setor, no entanto, é muito pequena. Além disso, ao alterar os parâmetros do modelo no estado estacionário, o investimento não passa por mudanças que podem ser consideradas significativas.
PIB do agronegócio e sua relação com os indicadores de desenvolvimento : uma visão mundial para os anos de 1995 e 2015
Lucas Trindade Borges, Umberto Antônio Sesso Filho
Data da defesa: 01/07/2019
O objetivo do estudo foi estimar o Produto Interno Bruto do Agronegócio para 63 países e Outros Países. A partir desses dados relacionar a participação percentual do agronegócio no PIB total do país com dois índices de desenvolvimento: IDH e PIB per capita, comparar a evolução dos países em análise num período de 20 anos e classificá-los em 4 grupos de acordo com o grau de industrialização. A metodologia utilizada foi matriz insumo-produto e foram usados dados da OCDE para os anos de 1995 e 2015. Para relacionar a participação percentual do agronegócio e os índices foi utilizada regressão linear. Como resultado, foi possível constatar a relação entre a participação percentual do agronegócio no PIB total e os índices de desenvolvimento. Para o ano de 1995 o aumento de 1% no IDH causou uma redução de 2,22% na participação do agronegócio, enquanto que o aumento de 1000 dólares no PIB per capita refletiu em uma redução de 0,57% na participação do agronegócio. Para o ano de 2015 o aumento de 1% do IDH causou a redução de 3,94% da participação do agronegócio e o aumento de 1000 dólares causou uma redução de 0,37% na participação do agronegócio. As regressões foram validadas por meio do Teste F, p-valor e Teste Koenker-Basset. Além disso, foi possível classificar os países em 4 classes, de acordo com o nível de industrialização dos mesmos.
Mercado de petróleo no Brasil e crescimento econômico
Alexandre Salvador Werri, Irene Domenes Zapparoli
Data da defesa: 23/10/2019
O objetivo foi analisar o mercado do petróleo na economia brasileira associado ao crescimento econômico. Para a metodologia utilizou-se Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) considerando o preço mundial do petróleo no período de 1951-2016. O Brasil, encontra nos combustíveis derivados de petróleo, pela importação, oportunidade para ampliar sua matriz energética, na década de 1950. A expansão de infraestrutura, siderurgia, refinarias e distribuição de energia se deu com o financiamento de dólares americanos. A década de 1970 foi marcada pela implementação da política de diversificação da matriz energética com incentivo à produção de etanol e construção de usinas hidráulicas. Para obtenção dos resultados foram utilizados dados do IPEADATA, ANP, BP Statistics. Na análise o aumento de uma unidade de Produção de petróleo ocasiona uma subtração do PIB em -0,651(mil/dólares), pois a produção era voltada para os segmentos de midstream e downstream, adquiria o produto bruto para refino ou importavam combustíveis. Para variável importação de petróleo, o PIB é reduzido em -0,472 (mil/dólares), visto a importância econômica das divisas estrangeiras para o país neste período, problemas cambiais e inflacionários. O Consumo de petróleo, foi a principal fonte de energia da matriz energética mundial, para o Brasil, cada variação em unidade de consumo (mil/barril) é estimado acréscimo de 1,011(mil/dólares). A média anual do preço do barril também foi significativa, sugerindo variação de 284,449 (mil/dólares) por unidade monetária de dólar. Em relação a diversificação da matriz energética o petróleo e o gás natural ampliaram a sua participação na produção de energia primária, passando de 38% para 56%, em 2016. As fontes de energia não renováveis são ainda majoritárias na matriz energética, sinalizando a necessidade de buscar substitutos aos recursos não renováveis. A energia é decisiva na capacidade das nações em gerar riquezas, quanto mais diversificada for a matriz energética, mais sólido é o processo de desenvolvimento.
Identificação dos setores-chave para o crescimento econômico e social do município de Curitiba
Everson Kapusniak, Umberto Antônio Sesso Filho
Data da defesa: 17/02/2020
O objetivo desta pesquisa é estimar a matriz de insumo-produto inter-regional Curitiba - Restante do Paraná para o ano de 2013, a fim de identificar quais são os setores-chave para seu desenvolvimento econômico e social. Para tanto, a metodologia é baseada na abordagem do método do Quociente Locacional, e na estimativa da matriz nacional desenvolvida com base em dados preliminares das contas nacionais. A base de dados tem como referência a matriz insumo-produto nacional de 2013, obtida no site do Núcleo de Economia Regional e Urbana da Universidade de São Paulo (NEREUS), e os dados de emprego e massa salarial, por sua vez, são da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). A aplicação da metodologia resultou em uma matriz inter-regional composta por 56 setores. Os resultados obtidos para os multiplicadores simples de produção mostraram que os maiores valores referem-se em sua maioria ao setores relacionados a indústria, como (5) Extração de minerais metálicos e (7) Indústria de bebidas, enquanto que, no caso dos multiplicadores simples de emprego, os maiores valores são relacionados em sua maioria aos setores de serviços, destacando-se a (52) Educação privada e (49) Outras atividades administrativas e serviços complementares. Em ambos os casos, os menores transbordamentos foram identificados para os setores de serviços. Os resultados obtidos mostraram ainda, de acordo com os indicadores de Rasmussen-Hirschman, a existência de onze setores-chave na economia curitibana, com destaque para os setores de (28) Energia elétrica, gás natural e outras utilidades, (30) Construção, (32) Comércio por atacado e a varejo, exceto veículos automotores, e (43) Intermediação financeira, seguros e previdência complementar, por apresentarem um volume de produção significativo dentro do município.
Distribuição de riqueza e restrição de crédito em um modelo bissetorial
Claudia Perdigão, Renato Nozaki Sugahara
Data da defesa: 06/06/2017
A desigualdade de riqueza é identificada com um dos fatores de importância sobre a dinâmica econômica, com sua relevância potencializada pela observação de imperfeições de mercado. Considerando tal relação, o presente trabalho de dissertação avaliou a influência da associação entre desigualdade de riqueza e restrição de crédito sobre a dinâmica econômica, sendo considerada uma estrutura bissetorial em que um setor responde pela produção de bens básicos e o outro pela produção de bens industrializados. O modelo permitiu constatar a significância da concentração de riqueza e da participação de cada classe social sobre a determinação do equilíbrio de curto e longo prazo, destacando que a elevada concentração de riqueza associada a baixa participação da classe média conduz a economia a uma configura de curto prazo com capital total abaixo do montante potencial, assim como o produto per capital. Por outro lado, o salário resultante da interação entre oferta e demanda por trabalho alcança seu valor mais alto, o que favorece os agentes pertencente a classe média e elevada a desigualdade entre os trabalhadores qualificados e não qualificados. Por meio das simulações computacionais constatou-se que uma economia, cuja configuração inicial exibe elevada concentração de riqueza, pode apresentar trajetória cíclica, oscilando ao redor do estado estacionário.
Distribuição de renda e o crescimento econômico : uma investigação sobre os mecanismos de transmissão indireta da desigualdade para crescimento econômico no Brasil
André Luís Mendes Leocádio, Carlos Roberto Ferreira
Data da defesa: 21/05/2019
O presente trabalho buscou investigar como a desigualdade de renda afeta as taxas de crescimento econômico no Brasil, e quão intensamente ocorre essa passagem, a partir dos mecanismos de transmissão indireta. Revisou-se detalhadamente a literatura sobre a desigualdade da renda no Brasil e como ocorreu sua evolução. E utilizou a estimação em dados em painel por MQO Agrupado, Efeitos Fixos, Efeitos Aleatórios e Difference-GMM, além do estudo sobre a relação não linear existentes entre as variáveis desigualdade e crescimento econômico. Os resultados obtidos estão em conformidade com a literatura revisada e suas hipóteses, apresentando a existência de um efeito negativo entre a desigualdade de renda e o crescimento econômico em uma relação linear, como também mantendo o efeito negativo com a inclusão de uma variável interação para captar a relação não linear entre a desigualdade de renda e o crescimento econômico. Os mecanismos indiretos de transmissão da desigualdade se apresentaram significativos, reforçando a influência sobre o crescimento econômico. Conclui-se que a desigualdade de renda pode influenciar o crescimento econômico por meio dos mecanismos indicados pela imperfeição no mercado de crédito, agitação social e economia política.
Desenvolvimento humano, complexidade e liberdade econômica no período 2005-2015
Adilson Venicios Casula, Márcia Regina Gabardo da Camara
Data da defesa: 27/07/2018
O objetivo da pesquisa é analisar as relações entre liberdade econômica, complexidade econômica e desenvolvimento humano entre 2000 e 2015, para 186 países classificados por seu nível de renda. Procura-se verificar como tais fatores contribuem para o crescimento econômico sustentável, a partir de uma ampla revisão da literatura teórica e empírica. O estudo se desenvolve pela análise de estimações econométricas e da análise de componentes principais. Os resultados das estimações apontaram que embora a maior parte dos sub índices da liberdade econômica tenham uma relação positiva com o IDH, os gastos do governo, a liberdade de trabalho e liberdade monetária mostraram resultados inversos. A variável de maior influência no IDH foi a complexidade econômica. A análise de componente principal confirmou a relação direta entre o nível de renda e a complexidade econômica, mas mostrou que as estruturas da liberdade econômica não seguem o mesmo padrão. Conclui-se, portanto, que embora as teorias que embasam o crescimento econômico tenham efeito positivo no desenvolvimento humano, essas devem ser analisadas pontualmente. Muitas das vezes, as melhorias obtidas no IDH são verificadas apenas pelo distanciamento entre as economias e pelo impedimento dos países mais pobres de alcançarem o crescimento econômico, em outros casos, os esforços para o crescimento pioram diretamente a qualidade de vida da população.
A generalizing Kaldor neo-Pasinetti model with political orientation and considering an open economy
João Gabriel de Araujo Oliveira, Renato Nozaki Sugahara
Data da defesa: 27/06/2019
A presente dissertação trata das atividades governamentais e do mercado financeiro no modelo Kaldor neo-Pasinetti. No começo, para consolidar o conhecimento do leitor com respeito ao tema é apresentado uma linha histórica com respeito as atividades governamentais nesta teoria de crescimento econômico de longo-prazo. É muito claro que no passado, todas as extensões deste modelo consideraram esta classe exógena em ambos os casos, política fiscal e monetária, entretanto, a natureza essencial da “Equação de Cambridge” é mantida. O modelo de Kaldor (1966) de crescimento e distribuição de renda não considerou governo no seu artigo, mas introduziu a ideia de mercado financeiro. Para gerar uma nova extensão, Charles (2007) publicou um artigo sobre as implicações negativas na distribuição de renda quando o governo expande o consumo em favor das famílias por meio de políticas orientadas. Assim, ele comete alguns erros matemáticos, que são corrigidos na sessão 2 deste trabalho. Depois disso, é mostrado aqui, quais são as implicações de políticas econômicas orientadas na distribuição de renda para ambas as classes (firmas e trabalhadores). Deste modo, é formulada uma nova extensão provando que as escolhas políticas, para ambos os casos, com e sem economia aberta, não afetam a natureza essencial do resultado da dinâmica de equilíbrio Kaldor neo-Pasinetti e da “Equação de Cambridge”. Conexões com a teoria neo-Kaleckiana ou pós-Kaleckiana (wage-leg and export-led growth) são estabelecidas. Em seguida, é aplicado o Teorema de Olech que garante o equilíbrio estável em ambos os casos.
A dinâmica produtiva dos APL’S do “corredor da moda”: uma análise do período de 1995 a 2010
Talita Cristiane Martins, Katy Maia
Data da defesa: 02/07/2012
O objetivo desta dissertação foi analisar a dinâmica produtiva dos APL’s do “Corredor da Moda” e suas implicações ao crescimento econômico do setor e das regiões norte e noroeste do Paraná. A metodologia utilizada no presente estudo teve por base o levantamento de informações primárias e secundárias. A pesquisa foi realizada em duas etapas. A primeira refere-se à caracterização do setor efetuada por meio da análise dos dados secundários obtidos a partir do Banco de Dados do Estado, disponível no site do IPARDES, da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e do Sistema FIRJAN. A segunda etapa do estudo refere-se à pesquisa de campo em empresas dos principais municípios dos APL’s de Confecções da região norte e noroeste do Paraná, além de entrevistas aplicadas em instituições de apoio. Os resultados mostraram que os municípios que apresentaram maiores inter-relações empresariais e institucionais também obtiveram maior crescimento do setor, o que evidencia a contribuição do setor de confecções para o crescimento econômico da região norte e noroeste do Paraná, confirmando uma característica relevante para qualquer arranjo produtivo local, que é a existência de um alto grau de cooperação e confiança entre as empresas e as instituições que o integram.