Discriminação salarial de gênero e alocação por setor econômico dos trabalhadores no primeiro emprego, reemprego e remanescentes : regiões sul e nordeste do Brasil

Dissertação de mestrado

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Resumo

A presente dissertação tem por objetivo analisar a discriminação salarial de gênero e a probabilidade de inserção setorial no primeiro emprego, reemprego e remanescentes no mercado de trabalho formal e privado nas regiões Sul e Nordeste do Brasil. Para isso, a base de dados utilizada foi a RAIS - Relação Anual de Informações Sociais - do Ministério do Trabalho e Emprego do ano de 2013. Aplicou-se o modelo logit multinomial para encontrar as chances de inserção nos setores, e a decomposição de Oaxaca-Blinder para calcular as diferenças e a discriminação salariais. Os resultados encontrados para as duas regiões evidenciam maiores chances de absorção do trabalho feminino nos setores de Comércio e Serviços, e do trabalho masculino nos setores Agrícola e Indústria. Nestes dois últimos setores, as mulheres sofrem discriminação na contratação, uma vez que apresentam as mesmas características masculinas e a absorção de mão de obra dos setores é masculina, promovendo a segregação ocupacional. Indivíduos com maior grau de escolaridade (nível superior) têm maior probabilidade de engajarem no setor de Serviços, em que a remuneração média é maior. As chances de inserção dos indivíduos com baixa instrução foram mais elevadas na indústria, especialmente na indústria nordestina, mostrando a pior situação das indústrias do Nordeste comparativamente às do Sul no que se refere ao capital humano. Para ambas as regiões estudadas, há discriminação de rendimentos contra as mulheres, mesmo no setor de Serviços em que a absorção ocupacional das mulheres é maior. Nos setores da Agricultura e Indústria as mulheres são discriminadas duplamente, tanto na inserção ocupacional quanto nos rendimentos, e a situação se agrava no setor industrial. O setor do Comércio apresentou as menores diferenças de rendimentos entre homens e mulheres e também a menor discriminação contra indivíduos do sexo feminino. A maior discriminação de gênero está na classe dos trabalhadores Remanescentes, sugerindo que a mulher é mais discriminada dentro da empresa. Entre as regiões, o Nordeste apresentou menor discriminação salarial contra as mulheres, sendo menor entre os indivíduos de cor de pele parda ou negra comparativamente à região Sul. Os resultados reforçam as hipóteses de que há discriminação salarial contra a mulher nas duas regiões, e se agrava em setores onde as mulheres já são discriminadas na inserção ocupacional, que as diferenças e a discriminação são maiores quando a mulher já está inserida no emprego (Remanescentes), e que a discriminação de gênero (contra a mulher) é menor para regiões menos desenvolvidas economicamente.