Decomposição estrutural da variação do emprego e dos salários no Brasil entre 1990-2007

Dissertação de mestrado

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Resumo

Este trabalho tem como objetivo principal quantificar e analisar as principais fontes de variação do emprego e dos salários no período de 1990 e 2007 no Brasil através da teoria insumo-produto. Assim, para atingir este objetivo, utiliza-se neste trabalho a metodologia de decomposição estrutural da variação do emprego e dos salários para uma economia aberta. No período de 1990 a 2007, o país passou por transformações importantes, tais como a intensificação da abertura comercial e estabilização da moeda, impactando o mercado de trabalho através de alterações tecnológicas e de demanda agregada. Os principais resultados sinalizam que a maior parte da variação final do emprego e dos salários são explicadas através das variações do volume da demanda final que representaram uma variação total de 34.340,3 milhares de ocupações e uma variação na massa de salários de R$ 293.153,4 milhões. Este resultado demonstra a importância do conceito de demanda efetiva para determinação do emprego e dos salários. O período de 2000-2007 foi quando o efeito da variação do volume da demanda final mais impactou o emprego e os salários, representando uma variação no emprego de 19.258,8 milhares de ocupações e uma variação nos salários de R$ 166.885,9 milhões. A variação do volume do consumo das famílias foi o fator explicativo mais forte no efeito da variação do volume da demanda final representando uma variação no emprego de 17.538,1 milhares de ocupações e uma variação nos salário de R$ 116.619,9 milhões entre 1990 e 2007. Considerando a literatura sobre o período no Brasil, este fato está relacionado à quase estagnação da economia brasileira na década de 1990 decorrente da abertura comercial e da implantação do Plano Real. Outro fator que se mostrou importante na explicação da variação do emprego e dos salários foi o efeito intensidade, representando uma variação de -11.180,0 milhares de ocupações e uma variação na massa de salários de R$ -111.009,3 milhões. O período de de 1990-1995 foi o período que mais impactou o emprego, representando uma variação de -6.105,5 milhares de empregos. Para os salários o efeito intensidade impactou fortemente o período de 1990-2000, representando uma variação de R$ -106.997,6 milhões. O efeito intensidade demonstra o aumento da produtividade do fator trabalho que ocorreu na década de 1990 na economia brasileira. Além disso, o efeito intensidade se mostrou negativo em praticamente todos os anos do período de análise, demonstrando a existência da tendência da queda da demanda setorial por emprego por unidade de produção. Considerando a literatura sobre o período no Brasil, verifica-se que o grande aumento da produtividade do fator trabalho está relacionado às alterações provocadas pela restruturação da produção que ocorreu no país.