Pobreza no nordeste do Brasil : um estudo multidimensional
Nadja Simone Menezes Nery de Oliveira, Solange de Cássia Inforzato de Souza
Data da defesa: 25/07/2014
O presente estudo tem por objetivo analisar as evidências da pobreza nordestina brasileira sob a perspectiva multidimensional para os anos de 2003 e 2012, a partir da metodologia adaptada de Barros, Carvalho e Franco (2003) para o cálculo do Índice de Desenvolvimento das Famílias (IDF) tendo por base os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) relativos aos anos de 2003 e 2012. Os resultados revelaram uma sensível diminuição na pobreza multidimensional do Nordeste, cujo indicador sintético de pobreza multidimensional para o período de nove anos, melhorou em 5 pontos percentuais enquanto o mesmo indicador para o Brasil sofreu melhora de 4 pontos percentuais no mesmo intervalo de tempo. Também se observou uma redução na distância do indicador de pobreza multidimensional nacional 0,78 (2012) frente à média nordestina 0,73 (2012), o que significou uma diferença de 5 p.p., essa distância entre os mesmos indicadores era de 6 p.p. no ano de 2003. Outro resultado importante indicou que a taxa de variação da pobreza na região Nordeste em 2012 foi reduzida em 7,35%, ou seja, a média da redução da pobreza nordestina foi de 1,94 pontos percentuais acima da taxa de variação de pobreza no Brasil que, por sua vez, foi reduzida em 5,41% no ano de 2012, quando comparada ao ano de 2003. No que se refere aos resultados para as dimensões do IDF, constatou-se que nos anos de 2003 e 2012 os piores indicadores da pobreza nordestina se concentraram nas dimensões de acesso ao conhecimento e acesso ao trabalho. A dimensão acesso ao conhecimento decresceu em 2,94% no ano de 2012 com relação ao ano de 2003; os índices dos componentes analfabetismo e escolaridade foram os que mais contribuíram com o baixo valor dessa dimensão. A dimensão acesso ao trabalho obteve o segundo menor desempenho com um pequeno aumento de 3,64% no mesmo período; para essa dimensão, o índice do componente remuneração foi o principal responsável pelo baixo desempenho da dimensão tendo reduzido 2 p.p. no período. Comparadas ao Brasil, todas as dimensões da pobreza foram problemáticas para o Nordeste e tiveram seus índices inferiores em relação aos índices das dimensões obtidos pelo Brasil para os dois anos, 2003 e 2012. As dimensões mais significativas para o Nordeste foram as relativas ao desenvolvimento infantil, às condições habitacionais e ao consumo de bens duráveis. Em termos estaduais, Piauí, Pernambuco e Alagoas obtiveram os maiores progressos dos indicadores multidimensionais de pobreza quando confrontados à média nordestina do ano de 2012, com relação ao ano de 2003, enquanto os Estados de Sergipe e do Maranhão apresentaram menores graus de desenvolvimento familiar no período de tempo analisado.