Azospirillum brasilense estirpes CNPSo 2083 (=Ab-V5) e CNPSo 2084 (=Ab-V6): Promoção do crescimento de plantas e avaliação da compatibilidade com agrotóxicos utilizados no tratamento de sementes de milho (Zea mays L.).

Tese de doutorado


Resumo

A humanidade discute a preservação ambiental, que é um desafio frente ao desenvolvimento há pelo menos um século. Nas últimas décadas o setor agrícola tem buscado criar novas práticas que aliam sustentabilidade ambiental com altos índices de produtividade e de qualidade dos alimentos. Os inoculantes são um exemplo de bioinsumo de aplicação agrícola que reúnem essas características, garantindo produtividade elevada com redução no uso de fertilizantes químicos, altamente poluentes. O Brasil tem se destacado no uso de inoculantes em diversas culturas, como a soja, o feijão e o milho. Por décadas, os inoculantes usados no país eram à base de rizóbios para leguminosas mas, há pouco mais de uma década, entraram e ganharam mercado inoculantes com as estirpes Ab-V5 (=CNPSo 2083) e Ab-V6 (=CNPSo 2084) da bactéria promotora do crescimento de plantas (BPCP) Azospirillum brasilense. Contudo, ainda há poucos estudos sobre esses inoculantes. Para garantir um bom desempenho do inoculante é necessário que as células estejam viáveis e em uma concentração elevada. Diante disso, pesquisadores e produtores têm questionado se o tratamento de sementes com agrotóxicos, prática comum e, na maioria dos casos, indispensável para a proteção contra pragas e doenças, poderia interferir nos resultados da inoculação. Os objetivos deste trabalho foram descrever aspectos importantes referentes à tecnologia da inoculação e avaliar os impactos que o tratamento de sementes com agrotóxicos pode causar às células de A. brasilense e, consequentemente, na sua contribuição à agricultura. O primeiro trabalho, uma revisão, descreve o cenário mundial de uso de inoculantes nas mais diversas culturas, os microrganismos utilizados e técnicas de inoculação. Na segunda revisão foram discutidos os principais estudos realizados no Brasil, a situação comercial atual e as expectativas sobre o uso das estirpes Ab-V5 e Ab-V6 como inoculantes nas diversas culturas. O terceiro trabalho constou no desenvolvimento de uma nova metodologia para verificar a recuperação de células viáveis de A. brasilense em sementes de milho inoculadas, imprescindível para a avaliação dos efeitos do tratamento de sementes com agrotóxicos. No quarto trabalho, a nova metodologia foi aplicada e foram descritos os efeitos que o uso de agrotóxicos pode desencadear no desenvolvimento inicial e na morfologia das raízes de milho inoculado ou não com A. brasilense. No quinto trabalho foram revisados e discutidos trabalhos relatando níveis de compatibilidade ou incompatibilidade entre inoculantes e agrotóxicos (fungicidas, inseticidas e herbicidas). Os resultados obtidos evidenciaram a relevância crescente que os inoculantes microbianos vêm adquirindo na agricultura nacional e internacional, e o impacto positivo que, em uma década de uso, as estirpes Ab-V5 e Ab-V6 promoveram tanto em leguminosas, como em gramíneas. Contudo, os resultados indicam também que agrotóxicos utilizados no tratamento de sementes representam uma ameaça aos benefícios que podem ser obtidos pela inoculação com Azospirillum, afetando negativamente desde a sobrevivência das células, ao desenvolvimento radicular e rendimento das culturas. Em cada um dos cinco estudos são sugeridas pesquisas futuras e estratégias para incrementar a contribuição dos inoculantes na agricultura brasileira.